Preocupações globais com o clima na Terra
É inegável que, apesar das críticas que recebe mundo afora, o Brasil tem implementado medidas que apontam para a sustentabilidade ambiental, como o plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta, o manejo integrado de pragas, os programas de microbacias, a produção e uso de bioinsumos, entre outros, em contraste com as práticas dos anos 60 a 80, período durante o qual se privilegiou o aumento da produção, via expansão da área, com pouca preocupação com a dimensão ambiental.
Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja
Produzir alimentos, sem comprometer os recursos naturais provedores da
sobrevivência das gerações futuras, é mandatório. Os consumidores mundo
afora o exigem. Os eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes
no Planeta Terra por causa do excessivo aquecimento da atmosfera,
indicam a importância que precisa ser atribuída ao ambiente terrestre,
sinalizando que no futuro, a geopolítica enfatizará a dimensão ambiental
em suas relações multilaterais. Até o momento, levando-se em conta o
faturamento, um quinto das principais empresas globais, em 15 dos
principais setores da economia, estão comprometidas em reduzir as
emissões dos gases de efeito estufa (GEE) pela metade, ainda nesta
década.
O pacto celebrado recentemente por mais de 200 países na COP26 (Glasgow, Escócia), confirma o compromisso dessas nações de reduzir em 1,5ºC a temperatura da superfície terrestre, acelerando a implementação dos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris, em 2015. Para que tal redução ocorra, a COP26 encorajou os participantes a acelerarem a transição de uso de combustíveis fósseis para fontes de energia que emitem quantidades menores de CO2, o gás que mais promove o aquecimento da atmosfera; não devido ao seu poder de contaminação atmosférica por unidade de produto, mas pela grande quantidade emitida.
O Brasil assumiu quatro compromissos na COP26: 1º) corte de 50% na emissão de CO2 até 2030; 2º) economia carbono zero até 2050; 3º) zero desmatamento ilegal até 2030; e 4º) redução de 30% na emissão de metano, até 2030. O metano é um gás produzido principalmente no rúmen dos bovinos, mas também na decomposição da matéria orgânica em pântanos e lixões, entre outros. É o segundo gás que mais promove o aquecimento da atmosfera. Só não é pior do que o CO2, porque este é produzido em muito maior quantidade. Apenas para ilustrar, 1 kg de metano causa 86 vezes mais efeito estufa do que 1 kg de CO2.
É inegável que, apesar das críticas que recebe mundo afora, o Brasil tem implementado medidas que apontam para a sustentabilidade ambiental, como o plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta, o manejo integrado de pragas, os programas de microbacias, a produção e uso de bioinsumos, entre outros, em contraste com as práticas dos anos 60 a 80, período durante o qual se privilegiou o aumento da produção, via expansão da área, com pouca preocupação com a dimensão ambiental.
À raiz dos eventos climáticos devastadores (Petrópolis-RJ e Franco da Rocha-SP, por exemplo), governos e integrantes de organizações da sociedade civil aportaram em Glasgow, Escócia, determinados a exigir dos governos, ainda nesta década, a redução drástica das emissões de GEE. Muito se fez, ou está sendo feito, para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera via promoção de mudanças na matriz energética global – excessivamente dependente do uso de combustíveis fósseis – para fontes renováveis de energia (hidroeletricidade, energia solar e eólica, assim como biocombustíveis).
Em 2010, a eletricidade proveniente de fontes eólicas e solares no mundo era de apenas 1,7%, evoluindo para os atuais quase 10%. Cresceu, mas não está sendo suficiente para evitar que o Planeta ultrapasse o limite de 1,5°C de aquecimento estabelecido no Acordo de Paris, em 2015. Para evitar a violação desse limite, as emissões precisam ser reduzidas pela metade até 2030 e atingir o zero líquido por volta de 2050. Chega de blábláblá. A Terra está a exigir mais compromisso da sociedade para sustentar-se, um compromisso que precisa ser levado a sério por todos.
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