Aprenda como lidar com animais peçonhentos no campo e viva em paz com a Natureza
Cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas, formigas e marimbondos são exemplos de animais peçonhentos, que são responsáveis por causar inúmeros acidentes, tanto nas cidades quanto nas áreas rurais. É importante salientar que eles atacam quando se sentem ameaçados. Na verdade, são inúmeros os animais peçonhentos, ou seja, que possuem veneno. Eles costumam atacar mais no verão.
Segundo a professora Rebeca Rocha, explica como evitar o ataque desses bichos. “Equipamentos de proteção, para quem mora na área rural, são indispensáveis como forma de proteger as pessoas quando lidam com a agricultura, na região rural”, diz.
Ela lembra que os animais peçonhentos possuem alto potencial de envenenamento, podendo ser letais e muitas vezes sem tempo hábil para o socorro. As espécies que mais causam acidentes são as serpentes, escorpiões e aranhas.
Animais peçonhentos não precisam ser mortos
É importante lembrar que não é porque são peçonhentos que podem matar. Na verdade, há que se preservar predadores de algumas espécies, mesmo sendo peçonhentos. É o caso, por exemplo, do quati, gambá, mão pelada, gavião e até mesmo a cobra muçurana, predadora natural das serpentes. Os escorpiões possuem como predadores as corujas, pássaros, sapos, galinhas e gaviões, entre outros. Entretanto, isto tudo quando a vida humana não está em perigo.
As cobras, animais peçonhentos e perigosos, aparecem frequentemente nos canaviais por terem neste tipo de plantação o ambiente ideal para se abrigarem e se alimentarem. De lá, frequentemente se alastram pelas áreas rurais, invadindo casas e sítios e algumas vezes causando acidentes. O biólogo Giuseppe Puorto, do Instituto Butantan, explica porque as cobras estão aparecendo mais nas zonas rurais, especialmente onde há plantações de cana-de-açúcar. “As áreas de matas naturais estão sendo devastadas. Os animais silvestres, inclusive as cobras, estão perdendo as suas áreas naturais e têm que procurar outros locais para viver, se esconder e comer. E a plantação de cana é um local que consegue abrigar essa fauna”, diz.
Os cuidados que o produtor deve ter com os animais peçonhentos devem ser ainda maiores em julho, período de acasalamento e reprodução das cobras. Os animais peçonhentos gostam de ambientes quentes e úmidos e são encontradas em matas fechadas, trilhas, próximo a residências com lixo acumulado, onde proliferam os ratos, dentro das casas, onde entram para se aquecer e procurar alimento, e se tornam agressivas durante a poda do cajueiro, que acontece nessa época do ano.
Controle de pragas com biodenfensivos é a forma de ter lavoura saudável
Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros. Os escorpiões vivem em pilhas de madeira, cercas, embaixo de pedras, cupinzeiros e quintais. São bichos que ficam escondidos durante o dia e saem à noite para se alimentar de insetos, como grilos e baratas.
A aranha marrom esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação.
Bastante agressiva, a aranha armadeira abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias, e entre folhas de bananeira. Pode se alojar em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos e material de construção. A viúva-negra é encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins.
O risco de acidente pode ser reduzido tomando-se as medidas gerais para prevenção: usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; não acumular entulhos e materiais de construção; limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros; evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.
Evite matar cobras, pois mesmo sendo animais peçonhentos têm função no meio ambiente
Matar cobras é crime ambiental e a recomendação é chamar os bombeiros. É importante saber que todo ser vivo faz parte de uma enorme cadeia dentro de um ecossistema. Assim como outros animais, esses répteis são predadores e ao mesmo tempo presas. Se por um lado se alimentam e controlam a população de roedores, anfíbios e lagartos, por outro lado alimentam corujas, gaviões, garças e pequenos mamíferos.
Quando predam roedores acabam por controlar o tamanho da população de roedores, por exemplo, evitando que seu grande número possa dizimar colheitas de milho ou arroz. Imagine que a simples matança de serpentes pode influenciar indiretamente na produção agrícola da sua região, fazendo que a safra seja comprometida e os preços aumentem.
Com a morte das serpentes, os gaviões, as corujas e outros animais, vão diminuir sua população pela escassez de alimento, também aumentando desta forma o número de roedores.
Além do controle de pragas, o veneno das serpentes tem uma importância enorme no tratamento de várias doenças. A partir do veneno já foram isoladas substâncias que hoje não usadas pela indústria farmacêutica na produção de remédios contra a pressão alta (hipertensão), diabetes e na fabricação de colas cirúrgicas.
Além disso, muitos venenos têm sido estudados visando a descoberta de substâncias que venham a ajudar no combate a vários tipos de câncer e outras doenças.
A maior parte das cobras no Brasil não têm veneno e, por isso, a picada não é perigosa para a saúde, no entanto, em qualquer caso é sempre importante ir ao hospital para informar as características da cobra e confirmar e identificar se realmente era venenosa ou não.
Abelhas também são animais peçonhentos, e têm atacado em série, ultimamente
As abelhas são consideradas peçonhentas por possuir um ferrão na região posterior do corpo que serve para inocular o veneno. Sua ferroada pode causar reações alérgicas, cuja gravidade depende da sensibilidade do indivíduo, local e número de picadas, sendo aconselhável procurar atendimento médico em caso de acidentes. Jamais se deve retirar o ferrão com pinça e sim realizar uma raspagem no local até retirar todo o veneno. Evidente que o ideal é ir ao pronto atendimento, mas na impossibilidade, a raspagem é a melhor a fazer. “Em ataque de enxame, se a pessoa for alérgica, ou atacada por muitas abelhas, pode ocorrer a síndrome do envenenamento com as múltiplas picadas, que podem levar à morte, com o fechamento da glote”, explica a professora Rebeca Rocha.
Medidas preventivas
Não se pode prever a chegada de um enxame e/ ou estabelecimento de uma colmeia num local, porém, existem algumas orientações importantes a fim de evitar acidentes. O Sebrae preparou uma cartilha com informações de autores renomados, como Espíndola et al. (2002), que descrevem algumas regras de segurança que devem ser seguidas tanto por quem maneja com abelhas, como os apicultores com colmeias produtivas, mas também o público em geral, a fim de evitar a ocorrência de acidentes e diminuir a agressividade das abelhas.
Prevenção de acidentes com abelhas no campo
As principais regras são:
- Manejar colmeias nos melhores períodos (horários e com clima favorável);
- Utilizar fumaça clara, em que o material combustível não tenha sido integralmente consumido na fornalha do fumigador. A queima total da maravalha que se encontra na fornalha do fumigador propicia a saída de fumaça ‘quente’ e com fuligem;
- Realizar os trabalhos de campo em dupla, evitando uma única pessoa manejar as colmeias e controlar as abelhas com a fumaça;
- Realizar os manejos nas colmeias de forma rápida e objetiva, evitando demorar demais com as colmeias destampadas;
- Utilizar os equipamentos completos individuais de proteção (macacão, máscara, luvas e botas);
- Evitar os manejos no período de entressafra a pilhagem entre as colmeias. O saque generalizado entre colmeias aumenta rapidamente a agressividade das abelhas.
7 formas de se prevenir de acidentes com outros animais peçonhentos:
- Utilize equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas de raspa de couro e calçados fechados, durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades.
- Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer.
- Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nestes lugares, use um pedaço de madeira, enxada ou foice.
- No amanhecer e no entardecer, evite a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.
- Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estas estejam em áreas de risco de acidente, contate a autoridade local competente para a remoção.
- Inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los.
- Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.
Caso seja atacado por algum animal, mesmo que não seja peçonhento
- Procure uma unidade de atendimento médico o mais rápido possível.
- Deite-se e procure ficar calmo; e quem estiver com a vítima, evite que o mesmo fique se locomovendo com os próprios meios.
- Lave o local da picada com água e sabão.
- Se possível, leve foto ou até mesmo o animal para facilitar a identificação para o devido tratamento.
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