quarta-feira, 9 de março de 2022

 

Um exame das fezes de ovinos pode identificar deficiência na nutrição do rebanho

   

Uma técnica de análise de composição de fezes de animais pode ajudar ovinocultores a aumentar a eficiência da nutrição dos rebanhos. A micro-histologia fecal é usada para comparar as amostras de fezes de ovinos com as de plantas da pastagem local, contribuindo para a identificação mais precisa das espécies selecionadas e consumidas por eles em sistemas extensivos. Além disso, orienta decisões dos criadores sobre manejo de pastagens para evitar problemas como deficiência de nutrientes e superpastejo, que é a concentração de animais em uma área acima da capacidade permitida pelo pasto. Tudo isso com a vantagem de não comprometer o bem-estar dos animais.

A técnica de micro-histologia fecal, que usa lâminas com as amostras para análise via microscópio, permite informações mais amplas sobre a identificação de espécies pastejadas. Pesquisa coordenada pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) em área experimental na Fazenda Lagoa Seca, em Cariré (CE), analisou amostras locais por três anos e conseguiu identificar as espécies que compõem cerca de 70% da dieta dos animais, em condições extensivas, onde saem para pastejar durante o dia e que espécies selecionam para se alimentar. A região observada integra a área da chamada Depressão Sertaneja, correspondente a 38,5% da Caatinga brasileira, servindo de referência a territórios de grande produção de ovinos no Semiárido brasileiro, como o Sertão dos Inhamuns (CE), também localizado nesse tipo de área.

“O trabalho desenvolvido no Ceará pode ser extrapolado para outros estados nordestinos. Conforme o zoneamento agroecológico do Nordeste brasileiro, esse tipo de região é similar no Semiárido brasileiro em termos de caracterização botânica. Pela identificação das espécies vegetais presentes em áreas caracterizadas como Depressão Sertaneja é possível utilizar os dados da pesquisa para prever a oferta de nutrientes aos ovinos”, afirma o pesquisador da Embrapa Marcos Cláudio Pinheiro Rogério, que liderou a equipe da pesquisa.

A pesquisa observou o consumo de 22 diferentes espécies de plantas forrageira e identificou nove “espécies-chave” que compõem 70% da dieta dos ovinos, em função do valor nutritivo e da palatabilidade pelos animais. Foram elas: estilosantes, barba de bode, grama-seda e grama-touceira, no período seco; ervanço, cabeça branca, sabiá e, novamente, a barba-de-bode, no período de transição; capim-panasco, marmeleiro e, novamente, sabiá, no período seco do ano. Como nos sistemas pecuários da Caatinga a principal base alimentar dos ovinos é a pastagem nativa ou natural, que pode compor até 90% do consumo dos animais, esse tipo de informação é importante para permitir o planejamento e uso das áreas de uma propriedade rural, conforme a oferta de nutrientes, e contribui para a sustentabilidade dos sistemas de produção.

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