DESENVOLVIMENTO >> Pesquisa realizada pela UFERSA comprova viabilidade da produção de sorgo em ambientes com alta salinidade
O sorgo, uma cultura voltada
principalmente para a alimentação de animais, pode ser cultivado em
ambientes com alta salinidade. Isso é o que aponta os dados preliminares
de uma pesquisa que vem sendo realizada na Universidade Federal Rural
do Semi-Árido ao comprovar a viabilidade de produção em grande escala no
semiárido, região que possui água salobra em abundância. O trabalho
denominado ‘Cultivo de sorgo submetido à irrigação deficitária e com
águas de elevada concentração salina durante período seco e chuvoso no
semiárido nordestino’ é coordenada pelo pesquisador da Ufersa, o
engenheiro agrônomo José Francismar de Medeiros, sendo parte do Projeto
Manejo do Sistema solo-água-planta em área do semiárido nordestino
brasileiro, aprovado pelo Edital Bolsa de Produtividade, do CNPq.
Segundo Francismar Medeiros o sorgo é
reconhecido por sua tolerância moderada ao estresse salino, se
tornando, portanto, uma alternativa para o cultivo em ambientes que
apresentam deficiência hídrica. “A pesquisa tem a sua importância no
sentido de trazer novas cultivares para a região ao constatarmos que
podemos cultivar a planta utilizando a água salobra e em menor
quantidade, ou seja, produzir sorgo com um manejo de irrigação usando
menos água sem haver perda significativa de produção” afirma o agrônomo.
O experimento ocupa uma área de 0,5
hectare no município de Upanema (RN) com as variedades Sudanense e
Sacarino Forrageiro (SF15), ambas,desenvolvidas pelo Instituto de
Pesquisa Agropecuária de Pernambuco. “O trabalho é voltado para trazer
soluções para os agricultores que ainda têm resistência para o plantio
do sorgo e que continuam insistindo na cultura do milho para forragem”
frisa. Francismar lembra que as condições climáticas do nordeste não
favorecem ao cultivo do milho, diferente do sorgo que é uma cultura
bastante adaptada as condições do semiárido.
Outras vantagens são apontadas pelo
pesquisador como, por exemplo, o sorgo sudão que tem precocidade elevada
podendo ser colhido para alimentar os animais com 45 dias e, o sorgo
sacarino forrageiro que apresenta alto teor de açúcar e de produtividade
de massa, alcançando entre 60 a 80 toneladas por hectares.
Os resultados preliminares mostram
que as plantas têm tolerado a ambientes de alta salinidade de até 4
gramas por litro de sais na irrigação, ou seja, o mesmo teor encontrado
na água de rejeito de salinizadores sem que ocorra perda na
produtividade da planta. A pesquisa avalia a produção, a qualidade, o
crescimento, a rebrota, bem como as variáveis fisiológicas e bioquímicas
das duas variedades de sorgo em diferentes lâminas de irrigação e de
concentrações de sais na água de irrigação. O trabalho envolve três
pesquisas de mestrado e uma de doutorado nos Programas de Pós-Graduação
em Manejo de Solo e Água e, Fitotecnia da Ufersa.
O pesquisador garante que o sorgo é
uma planta que para a forragem é a melhor entre as diversas espécies
disponíveis. “Com 300 milímetros de chuva o produtor consegue colher
entre 20 a 25 toneladas por hectares, enquanto que com o milho, na mesma
condição hídrica, não produziria nada” exemplificou. Ainda segundo
Francismar Medeiros plantado em grande escala o sorgo pode ser utilizado
para a produção de álcool e açúcar, como também para fazer silagem. “O
desafio da pesquisa é contribuir para a solução de escassez de água e
para o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção com água
salinas para a produção de forragem e outras culturas alimentares”
pontua o pesquisador.
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