Superávit mundial de açúcar deve favorecer etanol no Brasil
A afirmação é de analistas do Cepea/USP, que preveem maior destinação da cana para a produção do biocombustível
Em relação ao mix de produção da região Centro-Sul, eles observam que a perspectiva é de que haja maior participação do etanol na destinação da cana-de-açúcar colhida em relação ao observado no ano safra 2017/2018.
Na avaliação dos analistas, além dos preços internacionais de açúcar pouco remuneradores, a maior produção de etanol nesta temporada deve ocorrer devido à retomada do crescimento da economia brasileira – e o consequente aumento de consumo de etanol (lembrando que 85% da frota de carros e comerciais leves é flex) – e à maior liquidez proporcionada pelo etanol às unidades produtoras.
Eles citam dados da OIA (Organização Internacional do Açúcar), segundo os quais a produção mundial na safra 2017/2018 deve crescer próximo a 6% gerando superávit de quase 5 milhões de toneladas e resultando em estoque superior a 1,5% em relação à temporada anterior. Para 2018/2019 a previsão de excedente de 3 milhões de toneladas. “O USDA (Departamento de Agricultura do Estados Unidos) é mais otimista, estimando superávit superior a 10 milhões de toneladas na safra 2017/2018. Dessa forma, não se espera no curto prazo que o preço do açúcar se torne atrativo”, dizem eles.
Os pesquisadores destacam que na safra atual do Nordeste (iniciado em setembro/17 e que deve ser finalizada em março/18), o volume de cana processada deverá ser de quase 45 milhões de toneladas, praticamente igual à do período anterior. “Caso o esperado aumento de consumo de combustíveis se concretize, essa estabilidade da produção nordestina deverá abrir uma janela maior de venda do etanol das usinas da região Centro-Sul, especialmente de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, para o mercado nordestino. Espera-se que a cobrança de 20% de imposto para o etanol importado que exceder 150 milhões de litros por trimestre possa em alguma medida ampliar a mencionada janela.”
Os analistas observam que para este ano espera-se avanço no que diz respeito à implementação do programa Renova Bio. “Tem-se pela frente um trabalho grande a ser feito na definição das regras, tais como definição de métodos de quantificação de unidades de mitigação; assegurar que as diferenças de cada planta em relação a um padrão sejam mais reais; periodicidade e validade dos certificados etc.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário