ASA compartilha experiência de convivência com o Semiárido na América Central e África
Conversa com uma das comunidades visitadas no Senegal pelos representantes da ASA em dezembro passado.
Em
2018, a ASA estará envolvida em duas missões internacionais a convite
da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Uma será na África, na região do Sahel, e outra na América Central, no
Corredor Seco. Ambos são territórios que se estendem por vários países e
possuem características ambientais semelhantes às do Semiárido
brasileiro. A ASA vai compartilhar sua experiência enquanto rede de
organizações da sociedade civil que desenvolve programas para estocagem
de água e de sementes crioulas nas comunidades rurais, que têm
influenciado a construção de políticas públicas para a convivência com o
Semiárido.
A região de Sahel é uma faixa do continente africano entre o deserto do Saara e as florestas tropicais e savanas, onde estão o Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade. E o Corredor Seco na América Central é uma zona onde vivem cerca de 10,5 milhões de pessoas, principalmente em Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala, sendo 60% desta população em situação de pobreza e sob risco constante de insegurança alimentar.
Segundo Antônio Barbosa, coordenador de dois programas da ASA que promovem o acesso à água para produção de alimentos e criação animal e a preservação e multiplicação das sementes crioulas, a FAO quer consolidar, na região do Sahel, a ideia de implementar um milhão de cisternas assim como aconteceu no Brasil no fim dos anos 1990, quando a ASA foi criada. A intenção é capitaneada pelo diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano que foi ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro governo Lula. Na época, Graziano e sua equipe foram responsáveis pela implementação do Programa Fome Zero no Brasil, que financiou com recursos públicos as primeiras etapas das cisternas de água para consumo humano.
Apesar do mote das 1 milhão de cisternas, a grande contribuição da ASA nestas regiões do planeta é compartilhar o método de sistematização das experiências já existentes no local que possibilitam às populações viver na região. Ao sistematizá-las, estas estratégias podem ser aperfeiçoadas e influenciar a construção de políticas públicas, ganhando maior escala de execução a partir do investimento de recursos públicos. No Brasil, uma das primeiras tecnologias sociais sistematizadas pela ASA foi a cisterna de placa de cimento, que foi desenvolvida por um agricultor e aperfeiçoada pelas organizações da sociedade civil que atuam na região.
“As cisternas são uma tecnologia social que deu certo aqui no Brasil e pode dar certo em outros lugares desde que sejam observadas e respeitadas as culturas locais. Assim como, podemos ter outras estratégias que já existem lá e devem ser sistematizadas e aperfeiçoadas e, com as quais nós, da ASA, também podemos aprender”, comenta Rafael Neves, que esteve com Antônio Brabosa por nove dias em dezembro passado no Senegal para conhecer a organização comunitária e o contexto social e cultural dos povos de Sahel. Ambos são coordenadores dos programas da ASA que ampliam a capacidade das famílias e comunidades estocarem água e sementes crioulas, recursos essenciais para a agricultura e a segurança alimentar.
“Você não tira, nem compra. A água cai do céu e você bebe” – A frase é de um poema escrito pelas mulheres da comunidade Diougel Bouly, localizada na região de Tambacounda, visitada pelos representantes da ASA, da FAO e de organizações da sociedade civil locais, e já anuncia a consciência que as famílias locais têm com relação à água da chuva. Lá, em anos de chuvas regulares, a precipitação é de 300 mm. E a comunidade a estoca em pequenos recipientes. “Nos seus depoimentos durante a visita, as mulheres externaram seu cansaço com o trabalho árduo de prover a água da família, assim como fazem as mulheres do Semiárido brasileiro. Lá, tem água, tem vegetação, mas não tem política pública que garanta o direito à água”, comenta Barbosa.
Intercâmbios - Para promover a troca de conhecimento entre os povos do Semiárido brasileiro e as outras regiões, os intercâmbios são a principal estratégia. Em março de 2018, um grupo de 13 agricultores/as – pelo menos, um de cada estado do Semiárido - e mais quatro técnicos vão passar oito dias no Senegal e Burkina Faso. Ainda no primeiro semestre de 2018, entre maio e junho, uma delegação de 20 pessoas de vários países do Sahel passam de quatro a cinco dias conhecendo o Semiárido brasileiro, sendo acompanhadas pelos brasileiros que meses antes foram à África.
No segundo semestre, estão previstas oficinas de sistematização de experiências de quatro dias nos dois países africanos. Desta oficina, sairão textos que serão publicados num catálogo de experiências pela FAO. Ainda haverá oficinas para capacitação de pedreiros-cisterneiros no outro lado do oceano Atlântico e a ASA também deve participar de um Seminário que a sociedade civil do Senegal está organizando para debater a solução para o acesso à água pelas populações rurais do país.
Já na América Central, estão previstos dois intercâmbios e dois no Brasil, assim como duas oficinas de pedreiros para a construção das cisternas de 16 mil litros para 20 pessoas de Nicaragua, Honduras e El Salvador.
Publicações – Várias cartilhas da ASA serão editadas no francês e espanhol para ajudar a sedimentar ainda mais os conhecimentos que serão trocados nos intercâmbios. Além disto, a FAO está apoiando a elaboração e publicação de uma sistematização sobre a história da ASA.
A região de Sahel é uma faixa do continente africano entre o deserto do Saara e as florestas tropicais e savanas, onde estão o Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade. E o Corredor Seco na América Central é uma zona onde vivem cerca de 10,5 milhões de pessoas, principalmente em Honduras, Nicarágua, El Salvador e Guatemala, sendo 60% desta população em situação de pobreza e sob risco constante de insegurança alimentar.
Segundo Antônio Barbosa, coordenador de dois programas da ASA que promovem o acesso à água para produção de alimentos e criação animal e a preservação e multiplicação das sementes crioulas, a FAO quer consolidar, na região do Sahel, a ideia de implementar um milhão de cisternas assim como aconteceu no Brasil no fim dos anos 1990, quando a ASA foi criada. A intenção é capitaneada pelo diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano que foi ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro governo Lula. Na época, Graziano e sua equipe foram responsáveis pela implementação do Programa Fome Zero no Brasil, que financiou com recursos públicos as primeiras etapas das cisternas de água para consumo humano.
Apesar do mote das 1 milhão de cisternas, a grande contribuição da ASA nestas regiões do planeta é compartilhar o método de sistematização das experiências já existentes no local que possibilitam às populações viver na região. Ao sistematizá-las, estas estratégias podem ser aperfeiçoadas e influenciar a construção de políticas públicas, ganhando maior escala de execução a partir do investimento de recursos públicos. No Brasil, uma das primeiras tecnologias sociais sistematizadas pela ASA foi a cisterna de placa de cimento, que foi desenvolvida por um agricultor e aperfeiçoada pelas organizações da sociedade civil que atuam na região.
“As cisternas são uma tecnologia social que deu certo aqui no Brasil e pode dar certo em outros lugares desde que sejam observadas e respeitadas as culturas locais. Assim como, podemos ter outras estratégias que já existem lá e devem ser sistematizadas e aperfeiçoadas e, com as quais nós, da ASA, também podemos aprender”, comenta Rafael Neves, que esteve com Antônio Brabosa por nove dias em dezembro passado no Senegal para conhecer a organização comunitária e o contexto social e cultural dos povos de Sahel. Ambos são coordenadores dos programas da ASA que ampliam a capacidade das famílias e comunidades estocarem água e sementes crioulas, recursos essenciais para a agricultura e a segurança alimentar.
“Você não tira, nem compra. A água cai do céu e você bebe” – A frase é de um poema escrito pelas mulheres da comunidade Diougel Bouly, localizada na região de Tambacounda, visitada pelos representantes da ASA, da FAO e de organizações da sociedade civil locais, e já anuncia a consciência que as famílias locais têm com relação à água da chuva. Lá, em anos de chuvas regulares, a precipitação é de 300 mm. E a comunidade a estoca em pequenos recipientes. “Nos seus depoimentos durante a visita, as mulheres externaram seu cansaço com o trabalho árduo de prover a água da família, assim como fazem as mulheres do Semiárido brasileiro. Lá, tem água, tem vegetação, mas não tem política pública que garanta o direito à água”, comenta Barbosa.
Intercâmbios - Para promover a troca de conhecimento entre os povos do Semiárido brasileiro e as outras regiões, os intercâmbios são a principal estratégia. Em março de 2018, um grupo de 13 agricultores/as – pelo menos, um de cada estado do Semiárido - e mais quatro técnicos vão passar oito dias no Senegal e Burkina Faso. Ainda no primeiro semestre de 2018, entre maio e junho, uma delegação de 20 pessoas de vários países do Sahel passam de quatro a cinco dias conhecendo o Semiárido brasileiro, sendo acompanhadas pelos brasileiros que meses antes foram à África.
No segundo semestre, estão previstas oficinas de sistematização de experiências de quatro dias nos dois países africanos. Desta oficina, sairão textos que serão publicados num catálogo de experiências pela FAO. Ainda haverá oficinas para capacitação de pedreiros-cisterneiros no outro lado do oceano Atlântico e a ASA também deve participar de um Seminário que a sociedade civil do Senegal está organizando para debater a solução para o acesso à água pelas populações rurais do país.
Já na América Central, estão previstos dois intercâmbios e dois no Brasil, assim como duas oficinas de pedreiros para a construção das cisternas de 16 mil litros para 20 pessoas de Nicaragua, Honduras e El Salvador.
Publicações – Várias cartilhas da ASA serão editadas no francês e espanhol para ajudar a sedimentar ainda mais os conhecimentos que serão trocados nos intercâmbios. Além disto, a FAO está apoiando a elaboração e publicação de uma sistematização sobre a história da ASA.
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