A importância da suplementação alimentar para os animais
Temperaturas baixas e a falta de chuvas durante o inverno interferem significativamente no ritmo de crescimento das pastagens e na qualidade. De acordo com o pesquisador Felipe Tonato, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), além de diminuir a quantidade de forragem existente, a composição nutricional cai em função do envelhecimento dos tecidos vegetais. “Se não houver algum tipo de suplementação (volumosa ou concentrada), o desempenho, crescimento e desenvolvimento dos animais são reduzidos. Sem suplementação, a produtividade (produção por unidade de tempo) diminui, podendo ocorrer perda de peso e consequentemente aumento no intervalo de tempo para o abate em bovinos de corte” explica.A suplementação não é uma estratégia barata e demanda conhecimento técnico e investimentos em insumos, infraestrutura, instalações, máquinas e equipamentos. Dessa forma, a decisão de suplementar deve ser tomada de forma criteriosa. Tonato recomenda que o pecuarista leve em consideração todo o sistema de produção. “Essa opção não pode ser tomada de forma abrupta, considerando apenas os impactos imediatos. Deve-se pensar na continuidade do processo de produção. Não adianta gastar dinheiro para realizar a suplementação em determinada época, sem ter condições de capitalizar esses ganhos na fase seguinte do ciclo de produção dos animais. Para ser efetiva, o produtor precisa seguir as recomendações técnicas de cada estratégia. Caso contrário, a expectativa de lucro pode ser frustrada”, alerta.
A viabilidade depende de vários fatores específicos de cada propriedade, como infraestrutura, máquinas e disponibilidade de mão de obra. Também interferem fatores relacionados ao mercado, como valor dos insumos (adubos, defensivos agrícolas, ingredientes para elaboração das dietas) e da venda dos animais. Segundo ele, uma suplementação bem feita melhora o desempenho e a capacidade produtiva, com reflexos no ganho de peso e diminuição dos ciclos reprodutivos e produtivos (crescimento e engorda dos bovinos). Ainda, possibilita o aumento na eficiência do consumo e conversão (digestibilidade) das pastagens, resultando em ampliação na capacidade de suporte dos sistemas produtivos e gerando maiores níveis de produção por unidade de área (kg/ha/ano). Isso significa lucro para os produtores.
“A intensificação de forma técnica e criteriosa é fundamental para a obtenção de um sistema de produção lucrativo e sustentável. Cabe aos produtores e aos técnicos serem criteriosos no uso correto destas tecnologias”, ressalta o pesquisador.
As estratégias de suplementação são divididas em volumosa e concentrada. Na primeira, a deficiência em quantidade de alimento é corrigida fornecendo aos animais alimentos em grande quantidade (volume), mas com menor concentração de nutrientes. As principais alternativas são silagens (milho, sorgo, capins ou cana de açúcar, por exemplo), fenos (gramíneas ou leguminosas) e pré secados (misto de silagem e feno, normalmente feitos com gramíneas ou leguminosas). Para esse tipo de suplementação, o produtor precisará de instalações, máquinas e equipamentos para sua produção, colheita, conservação, transporte, fornecimento e consumo dos volumosos.
Na concentrada, o objetivo é corrigir a deficiência em qualidade do alimento consumido, fornecendo alimentos de maior concentração de nutrientes, mas em menor volume. São utilizados sal com ureia, proteinados e misturas múltiplas. O sal com ureia é uma alternativa de baixo investimento com objetivo de manter o peso dos animais durante o inverno. Já o uso de proteinados ou misturas múltiplas, com ingredientes mais nobres, como milho e farelo de soja por exemplo, exige do pecuarista um investimento maior. No entanto, o ganho de peso também é mais elevado, na faixa dos 200 a 400 gramas por cabeça ao dia, dependendo do consumo desejado. Esse tipo de suplementação também exige investimentos em insumos, infraestrutura, instalações, máquinas e equipamentos para fornecimento e consumo do concentrado.
No caso do semiconfinamento, alternativa usada na terminação dos animais, o produtor fornece maior quantidade de concentrado aos animais soltos na pastagem. “É uma alternativa mais cara, em função do maior consumo de concentrado, mas que permite melhores desempenhos. Podemos chegar perto de 1 quilo por cabeça ao dia”, destaca Tonato.
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