sábado, 8 de agosto de 2020

Pasto sobre Pasto é uma técnica de sucesso para garantir estabilidade na produção de forragem

 
Novo conceito para alimentação animal, o Pasto Sobre Pasto baseia-se no aumento da diversidade de plantas forrageiras de ciclos de produção diferentes, mas com características que se complementam. A ideia é ter, ao mesmo tempo, mais de uma forrageira na mesma área. O resultado é a disponibilidade de pastejo durante todo o ano, reduzindo ou eliminando os vazios forrageiros.
Além de estabilizar e intensificar a oferta de forragem aos animais, proporciona maior oferta de biomassa para a microbiota do solo, melhorando sua fertilidade e contribuindo para o controle de plantas invasoras. O uso de mais de uma espécie ou cultivar na mesma área, na lógica do Pasto sobre Pasto, contribui para estabilizar também os ganhos de peso individuais dos animais ao longo de todo o ano.
Mesclar plantas forrageiras na mesma área, iniciando um novo ciclo de crescimento do pasto sobre outro ciclo, sem remover as diferentes forrageiras em produção. Essa é a lógica do Pasto sobre Pasto, um conceito de produção para alimentação animal que começa a ser difundido por pesquisadores da Embrapa no sul do Brasil. A novidade possibilita maior estabilidade na oferta de forragem ao longo do ano, principalmente nos críticos períodos de transição entre as estações frias e quentes do ano, quando ocorrem os conhecidos vazios forrageiros.
Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS) Danilo Sant’Anna, as condições ambientais de cada lugar podem proporcionar produção de forragem em excesso em alguns momentos, e escassez em outros. “O clima, a escolha das cultivares, a forma e o momento do plantio são alguns dos fatores que influenciam na maior ou menor estabilidade da oferta de pasto ao longo do ano. Isto é, na existência ou não e na duração dos conhecidos vazios forrageiros”, comenta.
O Pasto sobre Pasto não é um modelo pronto, e deve ser pensado e trabalhado como um conceito, respeitando as especificidades de cada propriedade e região. Cabe ao produtor, assessorado por um técnico, decidir quais as melhores opções para suprir as necessidades de forragem do rebanho no seu sistema de produção. Os testes realizados na região sul, segundo o pesquisador da Embrapa tem significados especiais.  “Principalmente nas áreas de integração lavoura-pecuária em terras baixas, nos experimentos realizados na Embrapa, usamos essas três plantas (azevém, trevo-branco e capim-sudão), mas o produtor deve buscar entender quais mesclas são possíveis para a sua propriedade”, reforça Danilo Sant’Anna. Dentro dessa lógica, esse é um conceito que pode ser adaptado e aplicado em propriedades de todo o Brasil.
Diversas são as mesclas forrageiras possíveis dentro desse conceito. Nos trabalhos conduzidos na Embrapa Pecuária Sul, um dos consórcios mais usados foi com três cultivares lançadas pela Embrapa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Associação Sul-brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto): azevém BRS Ponteio, trevo-branco BRS URS Entrevero e capim-sudão BRS Estribo. Esses materiais vinham sendo utilizados de forma isolada ou dentro dos consórcios convencionais (azevém + trevo). “O ponto inicial para o uso dessas cultivares no Pasto sobre Pasto foi, a partir do conhecimento das características de cada material, vislumbrar oportunidade de complementariedade entre eles e então iniciar a condução de trabalhos com as mesclas nos ciclos de inverno e verão da região, em sucessão e sem o uso de dessecação”, conta Márcia.

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