CMN aprova medidas para agricultores prejudicados por ciclone e pela pandemia de Covid-19
Também
foram aprovadas resoluções sobre crédito para agroindústria familiar,
valor base para os preços do algodão e renegociação para agricultores
atingidos pela estiagem
Por solicitação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou ontem à
noite (30), em reunião ordinária, medidas que beneficiam o setor
agrícola, especialmente a agricultura familiar. As decisões foram
anunciadas pela ministra Tereza Cristina em suas redes sociais e serão
apresentadas a autoridades e representantes de entidades do Rio Grande
do Sul e de Santa Catarina em videoconferência, na manhã de hoje (31).
Entre as medidas está a
redução da taxa de juros para agricultores prejudicados pelo ciclone
bomba na Região Sul entre os dias 30 de junho e 1° de julho de 2020. O
CMN deu autorização aos agentes financeiros para que os agricultores
familiares enquadrados no Pronaf, cujas atividades foram prejudicadas
pelo ciclone, possam acessar o crédito de custeio e investimento com as
taxas de juros mais baixas aplicadas ao programa (2,75% a.a.), no
decorrer de todo o ano agrícola 2020/2021.
Logo após a passagem do
ciclone, o Mapa fez visitas às regiões atingidas no Rio Grande do Sul e
em Santa Catarina para ouvir as demandas e acompanhar de perto as
consequências do evento do ciclone bomba. O Ministério também editou uma
resolução incluindo a cultura da banana no projeto-piloto para
estimular a contratação de seguro rural entre os produtores enquadrados
no Pronaf. O objetivo é possibilitar a contratação de seguro rural com
uma subvenção maior para os agricultores familiares do Pronaf, muitos
deles atingidos pelas intempéries climáticas, principalmente do "ciclone
bomba".
Na videoconferência com
representantes dos governos, produtores e trabalhadores rurais dos dois
estados, a ministra Tereza Cristina destacou que as medidas aprovadas
estão alinhadas com os pedidos feitos pelas entidades e que, agora,
devem ser implementadas. "Espero que todos os produtores que sofreram
prejuízos sejam inseridos nessas medidas", disse. Com as medidas
adotadas pelo Mapa e aprovadas pelo CMN, estima-se que os
bananicultores, por exemplo, terão recursos e prazos suficientes para a
recuperação das plantações.
De acordo com o diretor de
Financiamento e Informação da Secretaria de Política Agrícola do Mapa,
Wilson Vaz de Araújo, as ações apoiam a concessão de crédito e o
Ministério irá conversar com os agentes financeiros para que não haja
qualquer trava na contratação dos recursos.
Os representantes da Região
Sul agradeceram o empenho e agilidade do Mapa no socorro aos produtores.
"Foi uma ação rápida e certeira e nos traz um alento", disse o
secretário de Agricultura de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa. "As
ações foram cumpridas na íntegra", reforçou o secretário de Agricultura
do Rio Grande do Sul, Covatti Filho. "Quero agradecer a rapidez com que o
Mapa atendeu os nossos pedidos", afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos
Joel Silva. "A pauta foi cumprida", ressaltou o presidente da Federação
da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão
Pereira.
Outras medidas
O Conselho Monetário Nacional
também decidiu prorrogar de 15 de agosto de 2020 para 15 de dezembro de
2020 o prazo de vencimento das parcelas de operações de crédito rural
de custeio e investimentos de mutuários cujas atividades foram
prejudicadas pelas medidas de distanciamento social ligadas à pandemia
de Covid-19.
Também foi aprovada a elevação dos
limites de crédito de industrialização para agroindústria familiar, no
âmbito do Pronaf. O objetivo é apoiar os agricultores familiares, por
meio do financiamento de suas atividades agroindustriais, especialmente
por causa das consequências da pandemia. "Essa é uma mudança muito
significativa e que vai impactar o setor cooperativista, que é uma das
prioridades do Ministério", disse o secretário de Agricultura Familiar e
Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke.
O Conselho aprovou também medidas sobre
o valor base para os preços do algodão em pluma e a renegociação de
parcelas para agricultores atingidos pela estiagem, ampliando o número
de municípios e de produtores beneficiados.
Estiagem
Sobre medidas para produtores afetados
pela estiagem (veja abaixo), principalmente no Sul do país, Schwanke
informou que as ações valem para produtores atingidos em todo o país,
não somente para os estados do Sul.
Na videoconferência, a ministra Tereza
Cristina defendeu ainda a intensificação das conversas entre governos e
entidades sobre planos de irrigação para minimizar os efeitos de
problemas climáticos, como a seca.
O diretor do Departamento de
Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola do Mapa, Pedro
Loyola, informou que o Proagro e o seguro rural irão desembolsar, no
primeiro semestre, R$ 2 bilhões para produtores rurais afetados por
estiagem. A ministra pediu que as entidades do setor trabalhem na
popularização da contratação do seguro agrícola.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o
órgão colegiado presidido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e
composto pelo presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos, e
pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery
Rodrigues.
Confira as medidas aprovadas pelo CMN:
1 - Prorrogar de 15 de agosto de 2020
para 15 de dezembro de 2020, o vencimento das parcelas vencidas ou
vincendas no período de 1º de janeiro de 2020 a 14 de dezembro de 2020,
das operações de crédito rural de custeio e investimento contratadas por
produtores rurais, inclusive agricultores familiares, e suas
cooperativas de produção agropecuária, cuja comercialização da produção
tenha sido prejudicada em decorrência das medidas de distanciamento
social adotadas para mitigar os impactos da pandemia provocada pelo
COVID-19, de que trata a Resolução Bacen nº 4.801/2020.
2 - Autorizar as instituições
financeiras a renegociar as parcelas e as operações de crédito rural de
custeio e de investimento, vencidas ou vincendas no ano de 2020,
inclusive aquelas que já foram objeto de prorrogações anteriores,
contratadas pelos produtores rurais e pelas cooperativas de produção
agropecuária que tiveram prejuízos em decorrência da seca ou estiagem em
municípios com decretação de situação de emergência ou estado de
calamidade pública no período de 20 de dezembro de 2019 a 30 de junho de
2020, reconhecida pelo Governo Estadual, de que trata a Resolução nº
4.802/2020. A medida amplia o número de municípios e de produtores
beneficiados, dado que, até então, a resolução somente alcançava os
municípios cujos decretos tenham sido emitidos entre 1º de janeiro e 9
de abril de 2020.
3 - Admitir que a instituição
financeira possa considerar o indicador de preços de algodão em pluma
CEPEA/ESALQ como valor base para o Financiamento Especial para Estocagem
de Produtos Agropecuários (FEE) aos produtores de algodão, em operações
contratadas até 15 de outubro de 2020, ao amparo de recursos
controlados do crédito rural. A possibilidade da adoção desses preços,
se reveste de significativa importância, quando os preços de mercado
estão substancialmente acima do Preço Mínimo, referência básica para
operações dessa natureza. Essa medida complementa o disposto na
Resolução Bacen nº 4.824/2020, que elevou de R$ 4,5 milhões para R$ 32,5
milhões o limite de financiamento para estocagem, devido as
dificuldades de fechamento de contratos e escoamento da produção
ocasionadas pela pandemia do novo corona vírus.
4 - A passagem do "Ciclone Bomba" pela
região Sul entre os dias 30 de junho e 1° de julho de 2020 provocou
danos em vários municípios dos estados dessa Região, sobretudo em Santa
Catarina, onde, segundo o governo do estado, ao menos 241 municípios
foram atingidos. O ciclone afetou a atividade de muitos produtores
rurais, especialmente os agricultores familiares. Diante desses
problemas e por solicitação da Senhora Ministra da Agricultura, o CMN
deu autorização aos agentes financeiros para que os agricultores
familiares enquadrados no Pronaf, cujas atividades foram prejudicadas
pelo “Ciclone Bomba”, possam acessar o crédito de custeio e investimento
com as taxas de juros mais baixas aplicadas ao programa (2,75% a.a.),
no decorrer de todo o anos agrícola 2020/2021, desde que os municípios
afetados tenham decretado situação de emergência ou estado de calamidade
pública em decorrência do “Ciclone Bomba”, com reconhecimento pelo
Governo Estadual.
5 - Foi aprovada a elevação dos limites
de crédito de Industrialização para Agroindústria Familiar, no âmbito
do Pronaf. A medida visa a apoiar os agricultores familiares,
empreendedores rurais familiares e as cooperativas de agricultores
familiares por meio do financiamento de suas atividades agroindustriais,
especialmente nesse momento de crise em função das medidas de
distanciamento social decorrentes da pandemia de Covid-19. Diante disso,
em caráter excepcional no ano agrícola 2020/2021, autorizou-se o
aumento dos seguintes limites, por beneficiário:
I - Pessoa física: de R$ 45.000,00 para R$ 60.000,00;
II - Empreendimento familiar rural - pessoa jurídica: de R$ 210.000,00 para R$ 300.000,00;
III - Cooperativa singular: de R$ 15.000.000,00 para R$ 20.000.000,00;
IV - Cooperativa central: de R$ 30.000.000,00 para R$ 40.000.000,00
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