Influência dos consumidores cresce e modifica a produção
Pesquisa
Estudo de pesquisadores da Embrapa traça o futuro da agricultura até 2030
Apesar
de o Brasil ainda ser um país de baixa escolaridade (51% concluiu
apenas o ensino fundamental e há elevado índice de analfabetismo
funcional), o ativismo dos consumidores deve crescer nas próximas
décadas em razão de seu maior acesso a informações por meio das mídias
sociais: 61% dos produtores já usam smartphones e o whatsapp já é o
principal meio de comunicação na zona rural, utilizado por 96% dos
produtores com acesso à internet. A avaliação faz parte do estudo da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Visão 2030 o Futuro da Agricultura Brasileira, que trata também dos riscos, desafios e temas como a sustentabilidade.
Em mercados com diferenças acentuadas
entre as classes sociais como o brasileiro, o protagonismo dos
consumidores tende a ser liderado pelas classes com maior poder de
compra. Ainda assim, análises mostram que consumidores brasileiros de
classe média baixa também valorizam características dos alimentos que
vão além do preço, tais como sabor e qualidade nutricional, diz o
estudo.
Pesquisadores destacam, que o avanço
das tecnologias da informação e de comunicação, a proliferação das
mídias sociais e de plataformas digitais, está modificando as relações
entre produtores de alimentos e consumidores. Maior acesso a
computadores e celulares, internet de baixo custo e Wi-Fi estão
propiciando acesso à informação e compartilhamento de experiências e
avaliações de produtos e marcas, o que amplia o poder na tomada de
decisão de compra.
E essa transformação nas relações entre
produtores e consumidores não só influi na qualidade e intensidade da
produção e dá origem a novos negócios e oportunidades, como também cria
desafios para empresas e governos.
O poder dos consumidores de influenciar as decisões da cadeia produtiva agroalimentar deriva de mudanças nos seus hábitos de consumo, que são resultantes de complexos movimentos econômicos, sociais, culturais e políticos.
O poder dos consumidores de influenciar as decisões da cadeia produtiva agroalimentar deriva de mudanças nos seus hábitos de consumo, que são resultantes de complexos movimentos econômicos, sociais, culturais e políticos.
Fatores como crescimento da população,
nível de urbanização, taxa de escolaridade e educação em geral, nível de
informação, estrutura etária, sobretudo grau de envelhecimento, e
familiar das comunidades e níveis de renda são determinantes para
mudanças nos padrões de consumo.
Mar de riscos
Um dado revelado pelo trabalho dos
pesquisadores relata levantamento feito em 48 países em desenvolvimento,
que indica que 25% dos danos provocados por desastres naturais entre
2003 e 2013 recaíram sobre a agropecuária, causando prejuízos de US$ 70
bilhões. Estima-se que 44% dessas perdas foram causadas por secas e 39%
por enchentes.
No Brasil, análises evidenciam perda anual próxima de R$ 11 bilhões (1% do PIB agrícola) devido a eventos extremos.
Atualmente, 75% dos alimentos do mundo
são gerados a partir de 12 espécies de plantas e cinco espécies de
animais. Isto torna o sistema alimentar global altamente suscetível aos
riscos inerentes à atividade agrícola, como pragas e doenças em animais e
plantas, problema agravado pelos efeitos da mudança do clima.
Fazendas Inteligentes
Produtores agrícolas poderão participar
da convergência possível pela integração de geotecnologias, agricultura
de precisão, da evolução exponencial da inteligência artificial e de
outros recursos computacionais para promover a transformação digital das
fazendas, viabilizando o chamado smart farming e as smart farms.
A produção agrícola já experimenta
maior acesso à energia elétrica, com o uso crescente de painéis solares,
o que permite vislumbrar a superação dos problemas de comunicação com
maior uso de computadores e a integração dos fazendeiros na rede 4G, sua
atualização para o padrão 5G e finalmente seu acesso à Internet das
coisas (Iot). No Brasil, os produtores serão ainda beneficiados com o
lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações
Estratégicas e a consequente ampliação do Programa Nacional de Banda
Larga.
O trabalho discorre ainda sobre
convergências tecnológicas, agregação de valor nas cadeias produtivas,
mudanças socioeconômicas e espaciais e do clima, além de um histórico
sobre a trajetória da agricultura brasileira. Tudo com muitos dados,
gráficos e detalhes sobre esses assuntos.
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