Escolas do campo precisam resistir ao modelo capitalista de ensino |
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A estratégia do capital sobre a
educação no campo foi amplamente debatida no segundo dia do Encontro
Nacional de 20 anos da Educação do Campo e Pronera. Palestrantes e
plenária fizeram diagnósticos do que ocorre sistematicamente em suas
regiões e buscaram encontrar soluções para recuperar o espaço
democrático usurpado pela elite política, jurídica e midiática
brasileiras.
Foi consenso entre os debatedores que a
grande estratégia de mudança está no poder do voto. “Nós já conhecemos a
tática da direita, do agronegócio, dos conglomerados econômicos. A
nossa deve ser as eleições. Vamos eleger pessoas que tenham compromisso
com a pedagogia que valoriza o conhecimento do homem e da mulher do
campo, das águas e das florestas. Vamos lutar contra a forma de ensino
capitalista, a que é violenta. Agro é tóxico”, afirma Gaudêncio
Frigotto, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e um dos
palestrantes.
Formação sindical
Participantes
da plenária também expuseram suas opiniões sobre quais alternativas
tomar para fortalecer o ideal da agricultura familiar nas escolas
campesinas. Antônio Pinheiro, presidente do STTR de Tianguá, no Ceará,
disse que é preciso que haja uma maior discussão sobre o modelo
educacional vigente em algumas escolas rurais. “Temos que levar para as
nossas comunidades tudo o que foi dito aqui. É nossa responsabilidade
mobilizar nossa gente na base e mostrar que há alternativas condizentes
com a nossa proposta”, acredita o dirigente.
A Secretária de Juventude da CUT
Nacional, Cristiana Paiva, alertou para a reflexão sobre a formação
sindical. “Precisamos formar para mobilizar, e mobilizando temos mais
chances de vencer nossas lutas, que são muitas e importantes para a
manutenção da nossa gente no campo”, discursou.
Oscar dos Santos, coordenador de
educação do campo da Secretaria municipal de Pão de Açúcar, em Alagoas,
concordou com as soluções apresentadas e acrescentou que a formação
sindical nos ambientes de aprendizados seria importante para reforçar o
sentimento de pertencimento dos jovens rurais. A secretária de Políticas
Sociais e Terceira Idade da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadores
Rurais do Estado do Pará (Fetagri-PA), Maria Rosa de Almeida, concordou
com os colegas e acrescentou que o conhecimento é a chave para a
mudança.
Escola do campo como lugar de pensamento crítico
Os representantes da Articulação
Paranaense por uma Educação do Campo apresentaram alguns informes
preocupantes. “É brutal o avanço do capital nas escolas do campo. Existe
no Paraná uma cartilha escolar chamada Agrinho que se apodera de
expressões usadas por nós para poder influenciar professores e alunos,
com o intuito de maquiar a perversidade característica do agronegócio”,
revela Ricardo Callegari, assessor da entidade sediada em Curitiba.
Embora seja reconhecido o progresso do
agronegócio e de forças capitalistas nas escolas do campo, Ricardo
Callegari mantém atitude positiva diante do atual cenário. De acordo com
ele, as análises devem ser pessimistas, mas as ações sempre otimistas.
“Temos feito atividades nas nossas escolas importantes para mudar essa
lógica do capital. Uma delas foi criar a Festa das Sementes, em que os
camponeses distribuem suas sementes na comunidade para preservá-las e
impedir a fixação de monoculturas”, aponta o assessor.
Um ponto relevante para encorpar a
educação do campo é a priorização do ensino e aprendizado da
agroecologia. “Uma escola do campo que não questiona o modelo do
agronegócio tende a fracassar”, diz Ricardo Callegari.
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FONTE: Comunicação da CONTAG |
quinta-feira, 14 de junho de 2018
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