Pesquisa indica rumos para sustentabilidade do couro
O
processo de curtimento do couro bovino ou ovino pode se tornar mais
sustentável a partir de uma pesquisa de doutorado desenvolvida na
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP). O estudante Carlos Eduardo
Mendes Braz, que faz sua pós-graduação no curso de química da UFScar
(Universidade Federal de São Carlos), vem avaliando formas de amenizar o
impacto ambiental do curtimento, bem como o aproveitamento dos resíduos
dessa atividade.
O trabalho começou a ser desenvolvido em 2015 e a defesa da tese está prevista para 2019. Carlos Eduardo comparou a qualidade do couro curtido com cromo e com tanino misto (vegetal e sintético). O cromo é um metal utilizado em forma de solução para curtir o couro pela maioria dos curtumes no mundo. “Tem vários problemas ambientais porque ele é tóxico”, afirma.
A proposta de utilizar o tanino vai ao encontro de uma produção sustentável, já que o produto é extraído de plantas. No caso dos estudos realizados na Embrapa, a substância foi extraída de uma árvore chamada Tara, originária do Peru.
De acordo com o doutorando, as características dos dois couros são bastante similares. O material curtido com tanino só apresentou maior fragilidade quando exposto a uma temperatura acima de 250 graus Celsius, ou seja, uma situação incomum no dia a dia.
O pesquisador Manuel Antonio Chagas Jacinto, também da Embrapa Pecuária Sudeste e que se dedica à ciência do couro, também realizou experimentos com os dois tipos de curtimento e confirma os resultados. “Não houve diferença significativa entre eles. Os ensaios físico-mecânicos e as análises estatísticas mostraram que o produto curtido a tanino é tão resistente ou mais que o curtido a cromo”, afirma.
De acordo com Jacinto, algumas indústrias de carros de luxo deixaram de adquirir couro curtido a cromo como um diferencial para esse nicho de mercado, que prefere um produto sustentável. “Já existe tecnologia para produzir o couro metal free”, comenta. No entanto, mais de 80% dos curtumes do mundo continuam utilizando o cromo no curtimento devido ao preço mais baixo.
O couro curtido a cromo é o mais barato, seguido do cromo free (que utiliza outros metais no processo). O mais caro é o metal free, que substitui os metais pelo tanino. Segundo Jacinto, a tendência é que, ao longo do tempo, as tecnologias para esses produtos de alta performance se desenvolvam e eles se tornem mais acessíveis para a indústria.
Método
Outra etapa da pesquisa de Carlos Eduardo está ligada à metodologia para o estudo do couro. Hoje em dia, para estudar o material é preciso cortar um pedaço para os testes, o que a ciência chama de análise destrutiva. Para evitar isso, a técnica proposta pelo estudante inclui o uso de um aparelho portátil chamado microNIRS, que permite ler as estruturas orgânicas da peça como se fossem uma fotografia.
“Hoje não se sabe se determinadas características são boas ou ruins. É preciso fazer análises clássicas, em laboratório, para definir um modelo que indique a qualidade”, explicou Carlos Eduardo. No futuro, segundo ele, com esse modelo pronto, o aparelho será usado diretamente na peça, sem a necessidade de destruí-la, para determinar a qualidade.
Por fim, a tese pretende apontar a destinação adequada ou o reaproveitamento dos resíduos do processamento do couro – curtido com cromo ou tanino. “Estamos avaliando a possibilidade de aproveitamento desses resíduos ou a forma mais eficiente de tratamento para que sejam descartados de forma segura. Já detectamos que não são indicados para fertilizantes, por exemplo”, acrescenta.
Algumas indústrias já utilizam tecnologias para o descarte. O produto deve ser retirado da água por meio de precipitação. Depois de seco, ele pode ser reaproveitado, tornando-se sulfato de cromo novamente e utilizado no curtimento de peças menos nobres.
Carlos Eduardo é bolsista Capes/Embrapa e, em 2017, fez um estágio em Pisa, na Itália, onde estudou a determinação de contaminantes em couro. Na Embrapa ele é orientado pela pesquisadora Ana Rita Nogueira.
O trabalho começou a ser desenvolvido em 2015 e a defesa da tese está prevista para 2019. Carlos Eduardo comparou a qualidade do couro curtido com cromo e com tanino misto (vegetal e sintético). O cromo é um metal utilizado em forma de solução para curtir o couro pela maioria dos curtumes no mundo. “Tem vários problemas ambientais porque ele é tóxico”, afirma.
A proposta de utilizar o tanino vai ao encontro de uma produção sustentável, já que o produto é extraído de plantas. No caso dos estudos realizados na Embrapa, a substância foi extraída de uma árvore chamada Tara, originária do Peru.
De acordo com o doutorando, as características dos dois couros são bastante similares. O material curtido com tanino só apresentou maior fragilidade quando exposto a uma temperatura acima de 250 graus Celsius, ou seja, uma situação incomum no dia a dia.
O pesquisador Manuel Antonio Chagas Jacinto, também da Embrapa Pecuária Sudeste e que se dedica à ciência do couro, também realizou experimentos com os dois tipos de curtimento e confirma os resultados. “Não houve diferença significativa entre eles. Os ensaios físico-mecânicos e as análises estatísticas mostraram que o produto curtido a tanino é tão resistente ou mais que o curtido a cromo”, afirma.
De acordo com Jacinto, algumas indústrias de carros de luxo deixaram de adquirir couro curtido a cromo como um diferencial para esse nicho de mercado, que prefere um produto sustentável. “Já existe tecnologia para produzir o couro metal free”, comenta. No entanto, mais de 80% dos curtumes do mundo continuam utilizando o cromo no curtimento devido ao preço mais baixo.
O couro curtido a cromo é o mais barato, seguido do cromo free (que utiliza outros metais no processo). O mais caro é o metal free, que substitui os metais pelo tanino. Segundo Jacinto, a tendência é que, ao longo do tempo, as tecnologias para esses produtos de alta performance se desenvolvam e eles se tornem mais acessíveis para a indústria.
Método
Outra etapa da pesquisa de Carlos Eduardo está ligada à metodologia para o estudo do couro. Hoje em dia, para estudar o material é preciso cortar um pedaço para os testes, o que a ciência chama de análise destrutiva. Para evitar isso, a técnica proposta pelo estudante inclui o uso de um aparelho portátil chamado microNIRS, que permite ler as estruturas orgânicas da peça como se fossem uma fotografia.
“Hoje não se sabe se determinadas características são boas ou ruins. É preciso fazer análises clássicas, em laboratório, para definir um modelo que indique a qualidade”, explicou Carlos Eduardo. No futuro, segundo ele, com esse modelo pronto, o aparelho será usado diretamente na peça, sem a necessidade de destruí-la, para determinar a qualidade.
Por fim, a tese pretende apontar a destinação adequada ou o reaproveitamento dos resíduos do processamento do couro – curtido com cromo ou tanino. “Estamos avaliando a possibilidade de aproveitamento desses resíduos ou a forma mais eficiente de tratamento para que sejam descartados de forma segura. Já detectamos que não são indicados para fertilizantes, por exemplo”, acrescenta.
Algumas indústrias já utilizam tecnologias para o descarte. O produto deve ser retirado da água por meio de precipitação. Depois de seco, ele pode ser reaproveitado, tornando-se sulfato de cromo novamente e utilizado no curtimento de peças menos nobres.
Carlos Eduardo é bolsista Capes/Embrapa e, em 2017, fez um estágio em Pisa, na Itália, onde estudou a determinação de contaminantes em couro. Na Embrapa ele é orientado pela pesquisadora Ana Rita Nogueira.
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