Onça também gosta de caprinos e ovinos.
Autor: Nathan Cruz,Onça tem seu cardápio próprio de animais do mato, mas pode se entusiasmar e até ficar viciada em cabras e ovelhas e, então, é preciso saber lidar com o problema, para reduzir o prejuízo
Os
felinos não apresentam o hábito natural de atacar animais domésticos,
desde que o ambiente ofereça área suficientemente grande com recursos
alimentares suficientes e nenhuma, ou até pouca interferência humana. Ou
seja, tendo suas presas naturais, eles não irão atacar caprinos e
ovinos.
Se,
porém, acontecer uma ausência ou diminuição das presas naturais, por
qualquer motivo, então os grandes felinos, antes de mudar de território,
tentarão mudar o cardápio!
Na
Natureza, os carnívoros predadores estão ligados ao controle dos
mamíferos herbívoros que, por sua vez, alimentam-se de espécies
vegetais. Já as comunidades vegetais influenciam a distribuição de
polinizadores, aves e insetos. Quando se afeta, portanto, a comunidade
de predadores, afeta-se o ecossistema como um todo. Qualquer
perturbação no ecossistema acaba prejudicando todos os viventes,
incluindo as onças. Elas, portanto, podem ser vítimas de algum erro e
passam a atacar ovelhas e cabras.
Assassinos
Sem
dúvida, existem onças-pintadas e onças-pardas que atacam o gado
doméstico, podendo representar a ruína de um pequeno ou médio criador.
Há, porém, outros assassinos talvez piores que a onça:
u a falta de aplicação de planos sanitários;
u a falta de tecnologia para aumentar o desfrute (atualmente é muito baixo: 40-50% de prenhez e 30-40 % de desmame);
u doenças como a aftosa, a brucelose e a leptospirose;
u a falta de seleção e manejo do próprio gado em território que pode ter onças;
u o efeito das enchentes que pode provocar prejuízos muito maiores.
u falta
de manejo ecológico da propriedade. Geralmente o manejo é rudimentar,
ficando o rebanho exposto aos riscos de seca, doenças epidêmicas,
parasitismo e desnutrição. Em muitas fazendas o gado torna-se
semisselvagem (Baguá), condição que favorece o ataque de onças;
u descaso ou ausência
dos proprietários, permitindo até roubos habituais. A falta de
controle das atividades de gerentes, peões e vizinhos é um convite para
as onças.
u o
desmatamento, além de constituir um fator de extermínio, predispõe ao
ataque do rebanho por felinos. De fato, o desmatamento empurra as presas
naturais para perto dos pastos e, então, a onça começa a ter contato
com ovinos, caprinos, bezerros, etc.
u a
facilidade de ataque. Uma vez que a onça descobre como é fácil caçar
animais já domesticados abandonará o hábito natural de somente procurar
presas selvagens.
Olho no olho
Animais grandes, que podem chegar a 500 kg,
como cavalos, burros e gado adulto são atacados exclusivamente por
onças-pintadas. A suçuarana por ter porte menor tamanho, ataca animais
mais jovens ou de menor, usualmente potros ou bezerros (geralmente
recém-nascidos, ou até um ano e meio de idade).
Muitas vezes, a onça abandona a vítima
A pesquisa recomenda o seguinte método para identificação da onça através do cadáver:
l Presas
- estabelecimento da causas e/ou do causador da morte. Primeiro,
assegurar-se de que o animal morreu pelo ataque ou se, no caso de ter
morrido por outros motivos, o predador se aproveitou do cadáver para
alimentar-se. Examinar os lados do pescoço da presa: devem ser
esfolados para a inspeção da garganta, nuca e base do crânio, onde se
procuram mordidas e lacerações (com perfurações causadas pela inserção
dos dentes caninos) que tenham causado a morte. Verificação do lugar da
mordida e as distâncias entre as perfurações dos caninos,
preferencialmente pelo lado interno da pele. A distância entre as
perfurações causadas por uma só mordida de onça-parda adulta é de 4,5 a 5,0 cm para os caninos superiores e 3 e 4 cm
para os caninos inferiores. Para a onça-pintada estas distâncias são
maiores, a menos que se trate de um indivíduo de menor porte.
l Cena do ataque
- Manchas de sangue no local da morte são evidências de que o animal
foi morto por um predador. Verificar se a vítima foi arrastada para um
lugar de repasto para ser consumida. Verificar se a vítima está
descoberta, ou se está coberta com folhas e vegetação.
l Respiração
- O aparelho respiratório (laringe, traqueia e pulmões) devem ser
aberto para a procura de evidência de espuma, cuja presença indica que o
animal estava vivo e respirando. Na ausência de espuma, o felino teria
apenas se aproveitado do cadáver, sem ter realizado ataque.
l Para jovens
- Buscar alimentos ou conteúdos regurgitados, pois indicam um ataque de
felinos. Também analisar os cascos; se estiverem sujos indicam
caminhada e um ataque. Se estiverem limpos indicam que o animal foi
apenas consumido.
l Estado físico
- Verificar o tamanho, idade e condição física da presa, para saber se a
presa estava em más condições, ou até com possível doença. Observar a
quantidade de gordura ao redor dos mesentérios (tecidos que cobrem os
intestinos) e da carne, assim como a cor e a consistência da medula
óssea. Se a medula é avermelhada e de baixa viscosidade a presa estava
em más condições de saúde. Examinar o esqueleto para determinar se a
presa tinha fraturas. Verificar a cor dos pulmões, que tem uma coloração
rosada em casos de animais saudáveis e mais escuros em casos de
indivíduos doentes.
l Ferida
- Observar o tamanho da presa e determinar se foi ferida ou não.
Quanto maior o dano, menor o tamanho do predador em relação à presa.
l As mordidas
- É muito importante diferenciar as presas dos felinos daquelas de
cães, os quais podem se reunir em bandos e causar graves danos em
regiões de atividade pecuária. Existem casos de bandos que vivem da
matança e consumo de bezerros, capivaras jovens, ovelhas e cabras. Os
cães provocam feridas nos membros posteriores com evidência de mordidas e
ataques antes da morte. Como constitui uma espécie doméstica, os cães
geralmente não são tão eficientes e ferem suas presas de forma
considerável e desnecessária. Às vezes as vítimas não são consumidas.
Existe uma grande variação no tamanho e formato das pegadas de cães
devido à grande diversidade de raças. A pegada de um canídeo é mais
alongada que a de um felino, com os dois dedos do meio estendendo-se
mais à frente, com a ponta dos dedos terminando em um pequeno ponto,
deixado pelas unhas que, no caso, não são retráteis.
l Mudanças nos vestígios
- Pegadas, pelos e fezes deixadas pelo predador no local do ataque e do
arrasto podem ser modificadas por variações específicas tais como:
idade, sexo, velocidade de locomoção e deformidades físicas. Observar
ainda fatores externos tais como: idade das pegadas, condições
atmosféricas (vento, chuva e sol) e a textura do solo no qual foram
feitas.
l O banquete da Pintada
- A Onça-pintada geralmente começa a consumir sua presa pela parte
dianteira, preferindo a carne da garganta, a parte baixa do pescoço, o
peito e a carne que cobre as costelas e as palhetas ou escápulas. A
parte posterior do animal (detrás das costelas) pode permanecer intacta.
O estômago e intestinos podem ou não ser habilmente extraídos sem
derramar seu conteúdo. Por outro lado, bezerros pequenos, ovelhas e
cabras podem ser consumidos em sua totalidade, incluindo a cabeça e as
patas. Em algumas ocasiões, a onça-pintada consome o nariz, as orelhas,
a língua, os testículos e o úbere, dependendo do sexo da presa. A
onça-pintada pode arrastar suas presas por longas distâncias, às vezes
superiores a um quilômetro, por florestas e outros terrenos difíceis.
Ela não cobre suas presas com folhas ou outros materiais.
l O banquete da Parda
- A onça-parda geralmente ataca e consome presas de tamanho médio e
menores, ovelhas, cabras e bezerros recém-nascidos a um ano de idade. A
mordida da onça-parda não é tão forte quanto a da onça-pintada (a
onça-pintada apresenta um desenvolvimento do crânio e do aparelho
mastigador notavelmente maior que o da onça-parda em relação ao seu
tamanho e peso). Os caninos da onça-parda são de menor tamanho. A
mordida ocorre geralmente na garganta e a morte ocorre por asfixia.
Raramente mordem a nuca (geralmente em presas pequenas). As presas
frequentemente apresentam hemorragias extensas no pescoço e na nuca,
com marcas da garras nos ombros e lados. Consome geralmente as costelas e
a área detrás destas. O estômago e intestinos são habilmente extraídos
sem derramar o conteúdo, permitindo o acesso ao fígado, coração e
pulmões. Segue então com o consumo da carne das patas posteriores pela
porção ventral dos músculos. A Onça-parda geralmente não consome o
nariz, as orelhas, a língua, os testículos e ao úbere. Uma
característica determinante é que as presas da onça-parda é que são
escondidas e cobertas por folhas e/ou outro material vegetal solto para
serem protegidas de outros predadores. O fato de não estar coberta,
porém, não exclui a possibilidade de se tratar de uma presa de
onça-parda. Se a onça-parda consome sua presa de grande tamanho durante
vários dias, pode haver diferentes lugares para onde a presa é
arrastada, consumida e coberta por folhas, com rastros que demonstram o
arrastamento da presa entre os locais. Geralmente, a barrigada e os
intestinos são enterrados no local onde a onça-parda comeu pela primeira
vez.
l As pegadas
- As pegadas da onça-pintada são grandes, de forma arredondada, sendo o
comprimento total um pouco maior que a largura, com dedos redondos,
almofadas grandes e delineadas, de forma arredondada. Ocasionalmente
ao caminhar, o animal pode deixar a pegada sobre a pisada anterior. As
patas dianteiras deixam uma pegada maior que as patas traseiras em ambas
espécies de felinos. É importante não se enganar acreditando que
pegadas diferentes podem ser provenientes de dois felinos diferentes.
Tanto na onça-pintada como na parda, os dedos das patas dianteiras e
traseiras apresentam uma forma geral ovalada, mas na onça-parda os dedos
tendem a ser pontudos no extremo superior. Também as almofadas
apresentam algumas diferenças; na onça-pintada a borda superior tende a
ser reta e a inferior pode ser reta com dois lóbulos, um em cada
extremo. Na onça-parda, a borda superior geralmente é côncava e a borda
inferior apresenta três lóbulos bem diferenciados, todos no mesmo nível.
A
onça-parda, ao contrário da onça-pintada, tem a habilidade de utilizar
áreas mais secas e abertas e se adapta e sobrevive em áreas alteradas
por atividades humanas. Os rastros associados à presa são diferentes (ver Fig. 1)
e se parecem mais com a pegada de um cão (porém sem as marcas das
unhas). Geralmente a pegada da onça-parda é menor que a da onça-pintada e
a largura de sua pegada é maior que o comprimento, os dedos são mais
finos e pontudos e a almofada na região do calcanhar apresenta entradas
na forma de três lóbulos característicos.
l As fezes
- Não é possível diferenciar as fezes da onça-parda das da onça-pintada
pelo tamanho, mas é possível diferenciá-las com alto grau de exatidão
pela análise bioquímica de seus ácidos biliares.
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