sábado, 9 de janeiro de 2021

Plantar Caju Tem Garantia do Zoneamento Agrícola de Risco Climático

 

Plantar caju agora tem garantia do Zoneamento Agrícola de Risco Climático

 

A cultura do cajueiro é explorada por aproximadamente 170 mil produtores, em mais de 53 mil propriedades, dos quais 70% são pequenos agricultores com áreas inferiores a 20 hectares. Estima-se que a atividade gere em torno de 250 mil empregos diretos e indiretos. Na Região Nordeste, sua importância é ainda maior, pois a demanda por mão-de-obra para a colheita coincide com o período de entressafra das culturas anuais de subsistência, ou seja, o segundo semestre do ano.

Uma das culturas agrícolas mais tradicionais do Brasil, o cajueiro passou a contar com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). As portarias com o zoneamento da cultura em vários estados foram publicadas no Diário Oficial da União, no mês passado. A nova ferramenta indica, por município, datas e períodos mais adequados para o plantio . A análise leva em consideração características do clima, tipo de solo e o ciclo de desenvolvimento da cultivar. O objetivo é evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis da produção, assim minimizando as perdas agrícolas.

Como resultado desse trabalho, o Zarc identificou os municípios aptos para o cultivo do cajueiro no Brasil e os períodos de plantio das mudas no campo, em três níveis de risco (20%, 30% e 40%) e em conformidade com o tipo do solo (Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3) para o ano-safra 2021/2022.

De acordo com Marlos Bezerra, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia (TT) da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE) e coordenador do Zarc Caju, a metodologia usada foi a mesma para as demais culturas. Os parâmetros, contudo, mudaram. “Pela primeira vez, utilizamos uma metodologia padrão para identificar as regiões aptas para o cultivo do caju, demonstrando a possibilidade de cultivo em novas áreas, como nos estados de Mato Grosso e Tocantins. Já há gente produzindo nessas áreas, mas com o Zarc essa atividade passa a contar com uma validação técnico-científica”, explica.

Ele acrescenta: “O Zarc estabelece as datas ideais para se levar as mudas ao campo. Isso vale até mesmo para as áreas novas. Tudo isso é baseado em um registro de 35 anos de dados climáticos. Usamos, nesse processo, mais de 3,5 mil estações meteorológicas de todo o país”.

Elano Gomes, presidente da Câmara Técnica da Cajucultura do Rio Grande do Norte, destaca a importância do zoneamento para os agricultores do estado. “Tive a oportunidade de participar de uma reunião online. Muitos municípios estavam fora de programas de financiamento agrícolas por não estarem zoneados. O Zarc dá uma segurança ao cajucultor que ele não tinha, em especial no tocante ao preparo da terra e ao plantio”.

O viveirista Edmundo Alves da Silva comercializa mudas de cajueiro-anão do Ceará para produtores de toda a Região Nordeste. Saber quais são os períodos do ano mais adequados para o plantio, em cada estado produtor, é essencial em sua atividade. “O zoneamento é de extrema importância para a cultura do cajueiro, pois norteia ou fomenta o início da implantação da cultura e nos proporciona realizar um melhor planejamento no manejo, principalmente, no que diz respeito a perdas de insumos como mudas, sementes e adubo”.

Nos últimos dez anos, a produção brasileira anual de caju declinou a uma taxa de 4,96%. Entre 2012 e 2018, houve uma redução da área colhida de cerca de 20%, em função da deficiência hídrica causada por uma estiagem histórica no Nordeste.

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