Pico do Cabugi-RN, o vulcão extinto que pode ter sido o ponto de descoberta do Brasil, defendido por vários historiadores
Pico
Cabuji, em Angicos (RN), vulcão extinto que é tido por alguns
historiadores como ponto de descoberta do Brasil pelos portugueses.
Foto: EFE/Ney Douglas. Veja também vídeo aqui com imagens de Ney Douglas
Vários historiadores e investigadores afirmam que o pico do Cabugi, o
único vulcão extinto no Brasil que conserva sua forma original, foi o
ponto que os primeiros portugueses que chegaram ao país avistaram em
1500,
um fato que por séculos é atribuído ao Monte Pascoal, na Bahia. Confira
reportagem do UOL, via Efe, de março do ano passado, em que volta a
discutir o que mudaria, significativamente, a origem da história do
Brasil.
Localizado perto do litoral de Rio Grande do Norte, no extremo
nordeste do país, o pico do Cabugi é o único dos vários vulcões inativos
que mantém sua forma intacta e seu nome se tornou mais conhecido no
país atualmente por conta dessa reivindicação histórica.
O primeiro a levantar essa hipótese foi o pesquisador Lenine Barros
Pinto, professor da Universidade Federal de Rio Grande do Norte, que
publicou em 2012 o livro “Reinvenção do Descobrimento”, no qual afirma
que Cabugi é o Monte Pascoal e que o município vizinho de Touros
corresponde à cidade de Porto Seguro.
Apesar das teorias que indicam que o português Duarte Pacheco Pereira
avistou, sem tocar terra, o que hoje é o Brasil em 1498, e o espanhol
Vicente Yáñez Pinzón teria chegado à costa de Pernambuco em 26 de
janeiro de 1500, o descobrimento é atribuído a Pedro Álvares Cabral em
22 de abril daquele mesmo ano.
Pedro Álvares Cabral era um dos comandantes da expedição portuguesa
de Vasco da Gama que buscava uma rota diferente para chegar à Índia,
circundando o continente africano, e, de acordo com os relatos
históricos, avistou primeiro o Monte Pascoal e depois desembarcou onde
hoje fica a cidade de Porto Seguro.
O engenheiro civil e investigador Manuel Oliveira Cavalcanti, que
acaba de publicar “1500: de Portugal ao saliente Potiguar”, um livro que
recolhe os estudos feitos pelo próprio autor em sua viagem ao país
europeu para conhecer mais detalhes da “Carta do Descobrimento”, o
documento oficial português sobre o Brasil.
“Há uma tese de um historiador de que o descobrimento do Brasil foi
no Rio Grande do Norte e essa tese foi meu ponto de partida”, disse à
Agência Efe Oliveira Cavalcanti, que recopilou o trabalho de Barros
Pinto e reforçou a teoria com mais dados baseados na interpretação dos
relatos dos portugueses.
De acordo com Oliveira Cavalcanti, “há novos fatos, novas evidências e
o livro mostra isso, que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do
Norte. Foram dois anos de pesquisa”, frisou.
“Estive em Portugal, na Torre do Tombo, e averiguei dezenas e dezenas
de livros, analisei as correntes marítimas, a plataforma continental,
as correntes aéreas, e por aí segue todo o trabalho para demonstrar essa
teoria”, indicou o engenheiro civil..
Pinto, Cavalcanti e outros pesquisadores também se basearam em uma
expedição conjunta realizada entre os governos de Brasil e Portugal para
a celebração dos 500 anos do descobrimento, no qual os navegantes
utilizaram a rota, condições e equipamentos similares aos empregados por
Pedro Álvares Cabral.
Imagem: EFE/Ney Douglas
Para chegar em 22 de abril de 2000 à Bahia, a expedição precisou de
um motor auxiliar mais potente, pois, nas mesmas condições de 1500, só
conseguiriam chegar a solo brasileiro, naquela data, na cidade de
Touros.
Com coordenadas de 5° 42′ 22″ S 36° 19′ 15″ O e uma altitude de 590
metros, o pico do Cabugi, cujo nome significa “peito de moça” em
tupi-guarani, também é chamado de Serrote da Itaretama, que nessa mesma
língua indígena se traduz como “serra de muitas pedras”.
O pico faz parte do Parque Ecológico Cabugi, uma extensa área de
preservação monitorada pelo governo estadual e que conta cada vez mais
com turistas, nacionais e estrangeiros, que buscam uma opção de aventura
diferente da oferecida pelas praias paradisíacas da região.
No dia 22 de abril, durante a celebração dos 518 anos do
descobrimento do Brasil por parte dos portugueses, a teoria voltou a
ganhar força e várias reportagens na mídia impressa e televisiva
dedicaram seu espaço a essa reivindicação histórica que está sendo
cogitada depois de cinco séculos.
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