sexta-feira, 19 de maio de 2023

 

Produção de tambaqui em tanques-rede pode melhorar com algumas técnicas de manejo

   

O tambaqui é a segunda espécie mais produzida no Brasil. Entre as nativas, é a principal. O Anuário Brasileiro da Piscicultura, publicação editada pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), traz as espécies nativas como um dado agrupado. Os números de 2022 indicam que, das 860 mil toneladas produzidas no País, 267 mil toneladas foram de peixes nativos, sendo a maioria tambaqui. Houve pequeno avanço de 1,8% na produção de 2021 para o ano passado.

Os especialistas da Embrapa ressaltam o enorme potencial do Brasil nesse sistema, sobretudo por conta dos reservatórios de hidrelétricas construídas em rios da União. Para melhorar o desempenho produtivo da criação de tambaquis, um experimento foi conduzido em Palmas (TO). A Embrapa conseguiu dois importantes avanços para o sistema de criação de tambaqui (Colossoma macropomum) em tanques-rede. A pesquisa concluiu o ciclo de cultivo da espécie em 9 meses, contra um tempo médio de 12 meses. E a conversão alimentar (quantidade de quilos de ração que o animal consome para ganhar 1 kg de peso) foi de 1,74, quando normalmente é maior que 2. Esses números referem-se a tambaquis com peso final de 1 kg.

As melhoras em ambos os índices sinalizam para o aprimoramento da criação da espécie, que é a nativa mais produzida no País e a segunda de maneira geral (perdendo apenas para a tilápia, Oreochromis niloticus), em um sistema ainda pouco utilizado na aquicultura, o tanque-rede.

Além das melhorias nos índices chamados zootécnicos, que demostraram que o tambaqui cresceu de maneira mais eficiente e em menos tempo, a parte econômica mostrou-se favorável. Quando consegue vender sua produção diretamente ao consumidor, mesmo no cenário de menor valor pago, o piscicultor não tem prejuízo financeiro. Foi o que mostrou a pesquisa realizada em parceria com a Associação Bom Peixe, que agrega piscicultores em Palmas.

A pesquisadora Flávia Tavares de Matos, que atua na Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) com sistemas de produção aquícola, explica os ajustes no manejo que o produtor precisa fazer para também obter os resultados do experimento. “Primeiramente, ele tem que adotar a densidade de estocagem que a Embrapa recomenda nas três diferentes fases. Para isso, o piscicultor deve organizar um cultivo trifásico”, detalha.

O protocolo elaborado pela Embrapa detalha cada fase: a primeira corresponde aos alevinos (animais jovens) de 50 g a 200 g; a segunda fase engloba os alevinos com peso entre 200 g e 500 g; e a terceira com peixes de 500 g a 1 kg. A orientação quanto à estocagem é usar tanques de 48 m³ (com medidas de 4 m X 4 m X 3 m) sob densidades de, respectivamente, 24 kg/m³ na primeira fase, 32 kg/m³ na segunda e, na terceira fase, 40 kg/m³.

Tavares recomenda que a cada mudança de fase, o produtor faça a classificação dos peixes em pequenos, médios e grandes e adote a densidade de estocagem que a Embrapa preconiza para cada grupo. Essa separação por tamanho, e os resultados das biometrias mensais, é fundamental para que a densidade de estocagem seja ajustada e para que não ocorra competição entre os animais quando estiverem se alimentando. A consequência é que os lotes ficam mais homogêneos e, portanto, comercialmente mais atrativo

Em breve, a Embrapa vai lançar o sistema de criação de tambaqui em tanques-rede em pequena escala que poderá ser adotado por pequenos produtores.

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