O que vai mover o agro em 2020?
Evento com a presença de lideranças do setor apresentou as possibilidades para o agronegócio brasileiro
O ano de 2019
começou com incertezas no agronegócio. O Brasil estava começando novas
gestões nos governos federal, estadual e com grande renovação na Câmara e
no Senado, além de seguir lutando contra a crise econômica. O setor que
responde por 25% do PIB nacional viu uma safra recorde de soja e
algodão de um lado e produtores de arroz e leite em crise do outro.
Neste ano nunca se falou tanto em sustentabilidade, desmatamento, terra.
De um lado o meio ambiente e de outro a exigência de maior
produtividade para suprir a demanda mundial, cada vez mais crescente.
Nunca se falou tanto em defensivos agrícolas. Com um novo comando no
Ministério da Agricultura o índice de liberação de novas moléculas
também foi recorde e polêmico, reacendendo o debate do uso
indiscriminado de agrotóxicos na agricultura. Nunca se falou tanto em
informar o agro para o urbano para tentar evitar as fake news.
2019 também foi o ano da agricultura 4.0, tecnologica e dinâmica com
seus drones, aplicativos, softwares que resultaram em produção de menor
custo. A sanidade também esteve no foco. Com o avanço da Peste Suína
Africana na Ásia, mercados de proteína e lácteos se abriram, com
habilitação de frigoríficos e estabelecimentos para exportar,
especialmente para a China. Esta potência, inclusive, também esteve em
foco na guerra comercial com os Estados Unidos.
Mas e de 2020 o que esperar? Foi esse o
tema que autoridades, especialistas de diversas áreas, entidades e
empresas do agronegócio discutiram no AgroCenário 2020 – “Cultivando o
progresso da agricultura brasileira”, em Brasília, no último dia 4 de
dezembro. A segunda edição, promovida em uma parceria da Aprosoja
Brasil e da Corteva Agriscience, abordou economia, política e
tecnologias para produção sustentável e, ao mesmo tempo, como esses
assuntos vão impactar o ano que vem.
No cenário político medidas importantes
como a Reforma Tributária, Lei Kandir, a ampliação do crédito rural, os
impactos do acordo Mercosul-União Européia, assinado este ano e medidas
que facilitem a logística. O deputado federal Alceu Moreira, presidente
da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), defendeu a assistência técnica
no campo, a extensão rural e a pesquisa como prioridades e citou a
necessidade de mais investimentos na Embrapa e na defesa sanitária
brasileira. “Hoje seriam necessários pelo menos 40 cães para inspeção
mas temos só dois. A Peste Suína pode entrar a qualquer momento. Como
fica isso? Outra agenda é a questão dos defensivos. Se tem uma
biotecnologia nova e ela pode substituir um defensivo e baratear custo
de produção tem que ser prioridade”, completou.
A tributação do setor também esteve em
discussão no painel sobre economia. Entidades defendam que o agro não
sofra com mais essa medida. Além disso foram discutidas possibilidades
para a volatilidade do câmbio que tem impacto em insumos e commodities
como a soja. O presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Pereira,
defendeu melhores condições para a competitividade. “Mesmo com
dificuldades econômicas, logísticas e críticas constantes produzimos com
eficiência em apenas 4% do território nacional. Essa é a capacidade de
agricultores empreendedores que buscaram tecnologia e pesquisa e
aplicaram na propriedade, com coragem para produzir preservando 66% do
total. Segurem-se, produtores, porque no mundo não há agro como o
nosso”, afirma.
A tecnologia também esteve em pauta
mostrando como as ferramentas avançam pela agricultura e pecuária
trazendo resultados de produtividade. Para o presidente da Corteva
Agriscience, Roberto Hun, este é um caminho sem volta. “À medida que a
tecnologia avança vamos atingindo novos patamares e estamos prontos para
fazer com que o produtor consiga tirar o máximo disso”, ressalta. Neste
aspecto o maior desafio ainda é fazer com que o pequeno produtor tenha
acesso da mesma forma como o grande. Para a ministra da Agricultura,
Tereza Cristina, esse é o grande gargalo. “Não adianta termos tecnologia
de primeira se grande parte dos produtores brasileiros é pequena. A
média é de 6 módulos. Esse produtor não tem acesso mas essa terra toda
poderia estar produzindo o triplo do que está produzindo. Para isso é
preciso renda”, enfatizou. O Diretor de Marketing da Corteva
Agriscience, Douglas Ribeiro, acredita que “o produtor não é pequeno
porque não consegue acessar. Ele também não está conseguindo aplicar
aquilo que tem acesso. Falta essa qualificação. O produtor tem na
essência a produtividade e o Brasil vai encontrar formas de superar as
barreiras”, diz.
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