Búfalo doméstico: O rústico precoce
No estudo do Melhoramento Genético animal (MGA) o conceito de rusticidade está relacionado à resistência a parasitas, tolerância ao calor, habilidade materna, entre outras. Muitas vezes pode ser um sinônimo de adaptação. Todo o indivíduo adaptado é rústico, resistente. A rusticidade é herdável e importante num sistema de produção em que as condições ambientais são limitantes. O bovino zebuíno é caracterizado por sua rusticidade e adaptabilidade, elevada longevidade reprodutiva, alta capacidade de aproveitar alimentos grosseiros, e resistência às variadas condições de pastagens e a parasitoses
Em outra direção, o conceito de precocidade está associado ao rápido ganho de peso, tanto em pasto como em confinamento, a melhor qualidade de carne sem excesso de gordura, superior habilidade materna e desempenho sexual, fertilidade, além de alta longevidade. Em outras palavras é a capacidade de um indivíduo alcançar um determinado ponto em uma característica de produção antes do que a média da espécie, raça ou rebanho. São características presentes em bovinos taurinos.
É muito comum, portanto, que num ambiente de produção ótimo a composição genética mais precoce seja a indicada por ser mais produtiva. No entanto, num ambiente limitado a composição mais rústica pode ser a mais eficiente. É nesse sentido que o búfalo me atenta! Por quê? Por que em condições limitadas de ambiente e manejo a espécie bubalina tem se mostrado superior. Porém, muitas vezes a espécie bubalina demonstra antagonismo na capacidade de resposta em condições excelentes, contrariando o conceito de rusticidade, apresentando desempenho semelhante a indivíduos precoces. Assim já falava na década de 40 do século passado o saudoso Professor Octavio Domingues: “vejo com que facilidade toda búfala produz 5 litros de leite/dia”. Ainda: “vejo o búfalo responder melhor do que o boi a alto manejo”.
É comum observar búfalas leiteiras mantidas em pastagem com produção de 1500 litros/lactação, o que pode levar ao questionamento se de fato devem ser consideradas como leiteiras. Por outro lado, em rebanhos com trabalhos de seleção, búfalas leiteiras apresentam média de produção de 10 litros de leite/dia ou acima. No entanto, é importante salientar que o rendimento do leite de búfala para fabricação de derivados lácteos chega a ser 100% superior quando comparado a espécie bovina, fato que permite a sua comercialização a preço condizente. Em Pernambuco o litro de leite de búfala chega a ser comercializado a R$ 2,50.
É surpreendente perceber que dentro dessa mesma composição genética novilhos bubalinos desmamados aos 240-270 dias chegam a atingir 15 arrobas. Não incomum é observar novilhos bubalinos finalizados aos 18 meses de idade pesando 450-480 kg em sistema de produção a pasto. Tudo isso é resultado de adaptações as quais a espécie foi submetida durante o processo de seleção natural, uma vez que o uso de ferramentas para o melhoramento genético na espécie bubalina ainda é bastante incipiente. Do ponto de vista nutricional pesquisas indicam que os bubalinos utilizam melhor o nitrogênio dietético (metabolismo de proteína). Os búfalos também conseguem aproveitar de maneira mais eficiente os carboidratos presentes em forragens tropicais.
Como nos tem sido relatado pelos produtores, níveis de produção bastante satisfatórios e maior adaptação se refletem em menor custo de produção em sistemas economicamente viáveis. Portanto, o animal que se adapta de maneira diferenciada a variados ambientes e ainda compartilha altos índices de produção quando comparado a espécies semelhantes pode sim ser chamado de o RÚSTICO PRECOCE. Esse é o Bubalus bubalis, o animal da sustentabilidade.
Bezerro 1776BV da Raça Jafarabadi desmamado aos 265 dias de idade pesando 434 kg. Alimentação durante todo o período de cria constituída apenas de pasto, sal mineralizado e todo o leite da mãe.
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