NOTA DAS CENTRAIS SINDICAIS SOBRE MP 871/2019
O
presidente Jair Bolsonaro editou, em 18/1/2019, sem consulta ou
negociação prévia e desconhecendo os princípios de gestão democrática e
do papel do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social), a Medida
Provisória 871, instituindo um programa de revisão dos benefícios
previdenciários e modificações nas regras para acessar e requerer os
auxílios.
Chamada de “Pente Fino”, com o pretenso objetivo de combater
fraudes na concessão de benefícios, a MP é, antes de tudo, novo intento
de jogar nas costas dos mais humildes, dos trabalhadores e dos
beneficiários o peso e as responsabilidade dos ajustes, em claro sinal
de que as medidas da propalada “reforma” da Previdência Social serão, na
verdade, medidas de desmonte e corte de direitos.
As Centrais Sindicais reafirmam que não se deve acobertar ou deixar
impune qualquer tipo de dolo contra a Previdência, a começar pelas
fraudes nas receitas previdenciárias. Estima-se que o valor sonegado
pelas empresas chega a R$ 450 bilhões, questão ignorada pela MP 871, que
trata os milhões de aposentados e pensionistas e os trabalhadores que
têm direito à assistência previdenciária como potenciais fraudadores,
invertendo uma das premissas do Direito que é a presunção de boa-fé.
A MP 871 traz insegurança financeira aos beneficiários da
Previdência ao instituir a suspensão dos benefícios sem assegurar formas
adequadas de defesa e excluir milhares dos direitos previdenciários,
ignorando o papel da seguridade social de garantir renda para o
trabalhador em situações temporárias ou permanentes que o impeçam de
exercer as atividades laborais.
O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países com as piores
condições de saúde e segurança no trabalho: é um dos que mais mata,
mutila e adoece trabalhadores. Em vez de promover um ambiente de
trabalho saudável e fiscalizar o cumprimento das normas de saúde e
segurança a fim de reduzir o número de trabalhadores que buscam
benefícios, o governo propõe medidas para cancelar o auxílio dos
acidentados e adoentados, obrigando-os a retornar ao trabalho sem
condições físicas e emocionais para isso.
As novas regras de carência, comprovação documental e prazos de
requerimento dos benefícios têm como objetivo dificultar ou restringir o
acesso a pensão por morte, auxílio-reclusão, licença-maternidade,
Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria dos
trabalhadores rurais. Muitas dessas novas normas, inclusive, são ilegais
e inconstitucionais.
As Centrais Sindicais se colocam contra essa MP e reafirmam o
compromisso em defesa da Seguridade Social universal e pela garantia dos
direitos dos trabalhadores do campo e da cidade.
Chamamos a atenção do novo Congresso Nacional, deputados e
senadores que tomaram posse em 1º de fevereiro de 2019, para as medidas
que penalizam os milhões de cidadãos e eleitores aposentados,
pensionistas e demais beneficiários da Previdência Social, como a MP
871.
São determinações que aprofundam a crise social e de emprego em que
vivemos, tornam ainda mais vulneráveis os pequenos municípios, não
investem no efetivo saneamento das contas previdenciárias nem apontam um
caminho de negociação e entendimento, fundamental para se encontrar uma
solução equilibrada e sustentável para a situação.
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FONTE: Centrais Sindicais |
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
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