Desafios e perspectivas para as colheitas brasileiras em 2019
Por Fabrício Drumond
Que a agricultura é uma atividade
prioritária para o Brasil e que o setor é um grande gerador de receitas e
de postos de trabalho, não há dúvida. Atualmente, uma grande fatia do
PIB brasileiro é proveniente do agronegócio.
No entanto, os desafios dos nossos
produtores rurais são inúmeros e a atividade é extremamente sensível às
influências externas, principalmente às incertezas políticas e
econômicas. Nesse sentido, tanto o cenário doméstico quanto o
internacional são fatores a serem considerados, com destaque à questão
da volatilidade do câmbio.
Uma política cambial responsável, sem
grandes sobressaltos, estimula as exportações, reduz custos de produção,
e, consequentemente, mantém os preços dos produtos estáveis nas
gôndolas dos supermercados. Porém, nem sempre é assim. 2018 foi um ano
de câmbio nas alturas. E, mesmo assim, o agronegócio no País performou
muito bem. Para 2019, acredita-se em maior estabilidade do câmbio,
principalmente devido à euforia do mercado com a equipe econômica do
presidente eleito Jair Bolsonaro. Se tudo seguir bem, com as promessas
de campanha concretizadas, o agronegócio terá mais um ponto ao seu
favor.
Além dos aspectos já elencados, o
agricultor brasileiro sofre, sobretudo, com problemas de infraestrutura.
Sei que esta colocação pode ser considerada um “clichê”, porém ainda é
absolutamente necessária. Há anos se fala sobre isso e nenhuma solução
definitiva foi adotada para minimizar esta que é uma das principais
dores do produtor rural nacional. A logística para escoamento das
produções é bastante complexa, pois há privilégio da malha rodoviária
(também precária) em detrimento a outros modais. A histórica greve dos
caminhoneiros, deflagrada em maio de 2018, é uma prova de o quanto a
falta de investimento nesse setor é um gargalo eterno para o
agronegócio, sobretudo, para os pequenos produtores.
No entanto, mesmo com tantos percalços, a
agricultura do País é realmente resiliente, e os números são cada vez
mais surpreendentes. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, em 2018,
o Brasil bateu recorde de exportação de soja em grão. Foram cerca de 84
milhões de toneladas, um crescimento de 23,1% em relação aos dígitos de
2017. O resultado exuberante também teve um empurrão externo: a guerra
comercial entre China e Estados Unidos gerou ainda mais procura pelo
nosso produto.
Para 2019, as projeções são ainda mais
promissoras. A perspectiva é que a cultura de grãos, por exemplo, supere
ainda mais os excelentes números alcançados no ano passado. Segundo
quarto levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a
produção de grãos (safra 2018/19) deve chegar a 237,3 milhões de
toneladas, um crescimento de 4,2% em relação à safra anterior. Soja,
milho, arroz e algodão serão as culturas mais representativas, com 95%
de participação no total.
Para atender a esse cenário de expansão e
aumento permanente da demanda, tanto para consumo interno quanto para
exportações, o produtor rural brasileiro tem como principal parceira a
tecnologia. Nosso agronegócio é rico e emprega inovações comparáveis às
utilizadas nos países mais desenvolvidos no mundo.
Cabe ressaltar que o sucesso das nossas
colheitas se deve também ao uso crescente de fertilizantes de qualidade,
que fornecem nutrientes e estimulam o desenvolvimento saudável das
plantas. Os chamados fertilizantes de alta performance chegaram para
ficar. Estes produtos ajudam a aumentar a produtividade e a
rentabilidade das safras e a melhorar a qualidade do solo com muito mais
potência. Plantios de algodão, arroz, café, cana, feijão, milho, soja e
trigo já vêm se beneficiando desta inovação com muito sucesso. O ganho
de produtividade por hectare, além da proteção do solo e do respeito ao
ecossistema, são benefícios que vêm auxiliando o Brasil a atingir tantas
marcas importantes em suas colheitas.
Portanto, as perspectivas otimistas
também seguem amparadas na competência de todos os atores do nosso
agronegócio. Produtores, fornecedores, associações, cooperativas e
revendas são alguns dos responsáveis pelo sucesso deste ramo de
atividade que, certamente, ainda tem muito para contribuir com a
retomada econômica do nosso Brasil.
(*) Fabrício Drumond é
Vice-presidente da SuperBAC. Antes de integrar a equipe SuperBAC,
Drumond foi diretor de desenvolvimento de negócios do Grupo Opersan e
diretor executivo da Ecopolo, empresa especializada em soluções de
tratamento de águas e efluentes. Em três anos, liderou o crescimento e
expansão da companhia, dobrando o seu portfólio de estações de 18 para
36 operações. Drumond também trabalhou durante seis anos nos Estados
Unidos, como Partner, na Gallup Consulting, nos escritórios de
Washington e Nova Iorque, liderando projetos nas áreas de gestão e
estratégia em empresas Fortune 500. Também atuou na área de logística da
Unilever e na área de desenvolvimento corporativo da Elektro. Drumond é
graduado em Administração de Empresas pela FACAMP e possui MBA pela
University of Nebraska.
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