Tecnologia
Agricultor usa energia solar de forma criativa no campo
As células solares foram ligadas a uma bateria de veículo, que ajuda no bombeamento de água para a plantação
Morador do Sítio
Furnas, a cerca de cinco quilômetros de Taperuaba, distrito deste
Município no Norte do Estado, o agricultor Ernane Pinto Vasconcelos, 68,
aprendeu cedo a utilizar da criatividade para lidar com as dificuldades
impostas pela árdua vida no campo.
Acostumado, desde criança, com a lida
diária da roça, Ernane segue investindo no cultivo de arroz, milho,
feijão, hortaliças, frutas e verduras para seu sustento. Mas, sem
energia elétrica, o agricultor ficava impossibilitado de ampliar sua
produção, por meio da irrigação. Dessa forma, contava apenas com o
período das escassas chuvas para potencializar a plantação, que nunca
usou agrotóxicos.
Placas solares
Para ter um melhor aproveitamento das
precipitações da quadra chuvosa, que chegaram a 600 mm, neste ano, na
região, Ernane escavou um poço profundo; mas os motores mais comuns para
levar a água até o roçado trabalham com 220 Volts, impossível de se
instalar pela falta de energia no local. Numa oportunidade única, o
agricultor encontrou células de placas solares que tinham sido
descartadas, por uma escola na comunidade, por estarem danificadas e sem
utilização.
A ideia foi consertar o equipamento e
encontrar um meio de utilizá-lo no campo. Após alguns testes, Ernandes
comprou a fiação necessária e ligou as placas a uma bateria comum, de
veículo, com 12 Volts, recarregável. Outras pequenas peças de autos,
como coroas, piões e correntes, também foram necessárias para finalizar a
engenhoca.
Mesmo com
apenas o conhecimento básico sobre instalações elétricas, o resultado do
improviso do agricultor foi positivo, o que ampliou as possibilidades
de produção para o agricultor, que utiliza o equipamento, com sucesso,
há quatro anos. "Eu fiz um esquema para controlar a voltagem, que,
dependendo da intensidade dos raios solares, pode aumentar muito a
energia distribuída pela bateria até os motores, responsáveis pelo
bombeamento da água do poço até a plantação, sempre verdinha", explica o
agricultor, que viu na necessidade diária, a criatividade necessária ao
empreendimento.
Demanda
Além da busca pela melhoria das condições
de manutenção do sítio onde mora, Ernane revela que, por conta dos
custos, ainda não tem os recursos financeiros necessários para
incrementar as atividades no campo.
"Na época, eu fiz uma pesquisa, e pela
minha necessidade, para dar conta de toda a demanda por energia, aqui do
sítio, eu precisaria de umas 20 placas como as que utilizo. Mas elas
são caras, chegando a cerca de R$ 900 a R$ 1.000, cada célula de 250
Watts", revelou.
"Eu considero o seu Ernandes um agricultor
experimentador, aquele que está sempre em busca de novidades para
inovar. Esse sistema montado por ele ajuda na irrigação de uma forma
diferenciada. O mais incrível é que ele consegue plantar até arroz,
nessas condições, além de tudo por aqui ser orgânico. Quando ele não tem
Sol o suficiente para mover a engrenagem, conta, ainda, com a ajuda da
energia eólica por meio de um catavento, feito por ele mesmo, que é uma
segunda fonte de energia renovável para o ano inteiro. Duas saídas
criativas, ainda mais para quem mora distante. Ele, com certeza, é um
grande exemplo para a agricultura familiar aqui de Taperuaba",
parabenizou o engenheiro agrônomo Dário Leite Costa, que, vez ou outra,
tem trocado algumas informações e ideias sobre técnicas de cultivo com o
experiente agricultor.
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