O produtor nacional de alho vai poder produzir sementes livres de vírus
Estimativas apontam que, por ano, cada brasileiro consome cerca de um quilo e meio de alho. A produção nacional vai responder por apenas quarenta por cento do volume comercializado, sendo a quantia restante importada da China (40%) e, em menor escala, da Argentina (20%). Nesse período, o País vai precisar de 300 mil toneladas de alho para o abastecimento nacional, ou seja, 2,5 milhões de caixas de dez quilos por mês.
Para começar a mudar esse quadro de dependência, a Embrapa desenvolveu uma tecnologia que permite ao produtor de alho manter bancos de multiplicação de sementes de alta qualidade em sua propriedade e, assim, garantir lavouras sadias e produtivas. É uma boa notícia para o agricultor porque as viroses acarretam grandes danos econômicos à cultura do alho e impedem a maior produtividade nacional.
A tecnologia gerada pela Embrapa inclui também um sistema que possibilita ao agricultor multiplicar o alho-semente livre de vírus (ALV) e, assim, gerar um fluxo contínuo de produção de sementes sadias. A utilização de alho-semente livre de vírus assegura a qualidade da lavoura e, com isso, o agricultor diminui as perdas no campo e consegue colher alhos com melhor classificação comercial, o que vai lhe garantir uma maior renda.
O alho é um alimento funcional, ou seja, possui substâncias que previnem problemas de saúde. Com propriedades antioxidantes e antibióticas, evita o envelhecimento celular e fortalece o sistema imunológico.
Viroses são doenças que acarretam grandes danos econômicos à cultura do alho porque, em virtude da reprodução vegetativa, que acontece por meio de bulbilhos, ocorre o acúmulo de vírus de um ciclo de produção para outro e, com isso, há redução no rendimento e na qualidade do produto.
O alho-semente livre de vírus (ALV) é uma tecnologia baseada em um processo de limpeza clonal, isto é, uma técnica de cultura de tecidos em laboratório para eliminação de vírus e outros microrganismos presentes na planta. Após essa etapa, ocorre a multiplicação in vitro e o processo de indexação, que são testes para comprovar a efetiva erradicação do vírus. “Por lidarmos com um patógeno intracelular, é preciso realizar um verdadeiro processo cirúrgico na planta de alho para assegurar a sanidade. O processo completo pode levar até três anos”, estima o pesquisador Francisco Vilela, ao informar que, em seguida, a planta livre de vírus é cultivada em telados para gerar toda uma população sadia de onde sairá o alho-semente para os agricultores.
O sistema que possibilita ao agricultor multiplicar o alho-semente livre de vírus consiste basicamente em produzir o alho-semente sob a proteção de um telado especial à prova de insetos transmissores de vírus. “Tendo esse cuidado, o produtor sempre terá bulbilhos sadios para gerar novas sementes e conduzir a lavoura comercial”, explica Vilela. O pesquisador também ressalta a importância de manter a área de produção de alho-semente separada da lavoura comercial para retardar a reinfecção por vírus do material plantado fora do telado.
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