terça-feira, 29 de agosto de 2023

 

Produtores brasileiros de tomate precisam se preocupar com a proximidade de uma praga que ataca as plantações.

   

Aqui no Brasil, não há registro oficial da presença do ToBRFV em tomateiros nacionais, mas sua detecção na região próxima ao Brasil exige atenção dos produtores e autoridades. Recentemente, autoridades da Argentina registraram a ocorrência do vírus rugoso do tomateiro em lavouras do norte do país. Identificado pela sigla ToBRFV (abreviatura do inglês tomato brown rugose fruit virus ), o agente patogênico é uma grande ameaça e sua detecção na Argentina coloca o Brasil em alerta para proteger a sua tomaticultura.

Esse vírus foi descrito pela primeira vez em 2014, na região sul de Israel, no Oriente Médio. Desde então, ele já foi relatado na Ásia, na Europa, nas Américas do Norte e Central e, agora, no continente sul-americano. O Ministério da Agricultura e Pecuária ( Mapa ) informa que ainda não há registro oficial da presença do ToBRFV em solo brasileiro, porém, a sua detecção na região próxima ao Brasil demanda atenção dos produtores e autoridades.

A pesquisadora Alice Nagata , fitopatologista da Embrapa Hortaliças (DF), defende ações de coleta e discussão para informar produtores, técnicos e autoridades a fim de reduzir os riscos da entrada do ToBRFV no País. Uma situação que, segundo ela, não deve ser relativizada. “O Brasil é um grande importador de sementes de tomateiro, condição que o torna vulnerável à entrada do vírus; assim, é extremamente importante assegurar a sanidade das sementes que importamos, isto é, que elas sejam produzidas em regiões sem a presença do ToBRFV”, enfatiza Nagata.

A pesquisadora, cuja área de atuação é centrada em doenças causadas por vírus em tomateiro e pimenteira, destaca a importância de se investir em parcerias com as companhias de distribuição de sementes para que os esforços sejam compartilhados entre governo e iniciativa privada. Nesse contexto, ela chama atenção para o protocolo de iniciativas como a interdição do transporte de frutos do tomateiro da Argentina para o Brasil, e recomenda que, caso surjam casos suspeitos, é mantida uma notificação dirigida às autoridades sanitárias, com vistas à prestação de serviços testes para confirmar ou descartar a presença do patógeno.

Os principais sintomas observados da infecção pelo vírus são manchas irregulares nas folhas, que ficam amareladas, com deformações e textura mais fina. Conforme ocorrências já registradas, esses sintomas podem variar de intensidade entre leve a muito grave. Nos frutos aparecem manchas de cor amarelada a marrom, podendo apresentar rugosidade. Lesões amarronzadas podem incidir também no caule e demais partes da planta, ocorrências que correm o risco de ser confundidas com as causadas por outras espécies de vírus, principalmente o do mosaico-do-tomateiro (tomato mosaic virus – ToMV). A principal diferença entre os dois patógenos, de acordo com a pesquisadora, está na capacidade do ToBRFV afetar plantas com resistência ao ToMV e nos sintomas de deformação e necrose em frutos, menos frequentes na infecção por ToMV.

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