sexta-feira, 4 de agosto de 2023

O Brasil já está produzindo azeite com padrão internacional de qualidade

   

O Brasil produz azeites de oliva com padrão internacional de qualidade. Essa é uma das constatações de pesquisadores que há sete anos analisam a composição química do produto brasileiro. Os cientistas caracterizaram os óleos e montaram um painel sensorial com um grupo de especialistas para avaliar o produto sensorialmente, considerando aparência, aroma e sabor, entre outros critérios. O conjunto de resultados demonstrou que a composição em bioativos e voláteis de azeites de oliva virgem de diferentes variedades de oliveira atende aos parâmetros da legislação nacional e internacional. “Geramos uma série histórica, com informações inéditas, que contribui para melhoria e formulação de políticas públicas voltadas para o estabelecimento de um marco regulatório para o produto, com objetivo de fortalecer a olivicultura no País”, conta a pesquisadora da Embrapa Adélia Machado.

Esse trabalho, feito em parceria entre a Embrapa e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ganhou reforço importante com a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Olivicultura e do Azeite Brasileiros (INCT OABras). A equipe é formada por 34 cientistas de 18 instituições de pesquisa nacionais e internacionais, sob a liderança da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com duração prevista de cinco anos e aporte orçamentário de aproximadamente seis milhões de reais, a iniciativa pretende solucionar gargalos tecnológicos, a fim de garantir alta produtividade das oliveiras e a qualidade do azeite de oliva brasileiro.

Integrante do Programa dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, o INCT OABras é composto por seis áreas de pesquisa e desenvolvimento: sistema de produção; fitopatologia; química e metabolômica; agroindustrialização e produção de azeite de oliva; análise sensorial e estudos do consumidor; coprodutos do aproveitamento do bagaço de oliva e de folhas provenientes da poda.

“Os pesquisadores irão atuar na cadeia produtiva da oliveira no Brasil, desde a perspectiva agronômica no campo, passando pela agroindustrialização até a qualidade química e sensorial dos azeites brasileiros, a fim de promover a expansão da olivicultura e melhorar a qualidade do azeite de oliva brasileiro”, explica a pesquisadora Rosires Deliza, coordenadora do projeto e responsável pelo Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental (Lasi) da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Também estão previstas ações de aproveitamento e valorização dos resíduos provenientes da produção de azeite para agregação de valor aos coprodutos gerados, com redução do impacto ambiental e incremento da renda dos agricultores, além de ações de popularização da ciência e de comunicação para o setor produtivo e para o consumidor. “A formação do painel sensorial de azeites terá um importante papel para alavancar a olivicultura brasileira ao promover o consumo e a valorização do azeite brasileiro de qualidade”, frisa Deliza.

Vinte e sete azeites brasileiros, sendo 15 produzidos no Rio Grande do Sul e 12 na Serra da Mantiqueira, tiveram seus voláteis amostrados por microextração em fase sólida e analisados por cromatografia gasosa multidimensional abrangente acoplada à espectrometria de massas. Os resultados preliminares indicam que a técnica de cromatografia multidimensional abrangente constitui uma importante ferramenta para a caracterização dos azeites brasileiros, cuja aplicação permitiu o estabelecimento de marcadores químicos para processos de indicação de origem e ocorrência de adulteração. A vantagem do uso dessa técnica é que possibilita a agregação de uma elevada quantidade de informações química sobre os voláteis das amostras.

 

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