Cultivares de trigo tropical são apresentadas para expansão da cultura no Oeste baiano
O pesquisador Jorge Chagas apresentou as principais características das cultivares de trigo tropical da Embrapa
No ultimo dia 4 de agosto, a Embrapa participou do III Encontro Técnico do Trigo, evento realizado pela Fundação Bahia no campo experimental da entidade, em Luís Eduardo Magalhães (BA), apresentando a mais de 500 produtores, consultores, gerentes de fazendas, técnicos e estudantes as cultivares de trigo adaptadas ao Cerrado. O evento reuniu interessados na cultura, que vem se expandindo no Oeste da Bahia como ferramenta de equilíbrio e sustentabilidade dos sistemas de produção da região. Segundo estimativas de consultores locais, cerca de 20 mil ha de trigo foram plantados na atual safra.
Zirlene Pinheiro, vice-presidente da Fundação Bahia, destacou que o trigo é uma alternativa para a entressafra no Oeste baiano, e que o rápido aumento da área plantada com a cultura na região tem gerado novas questões técnicas. “Os agricultores estão contando com mais alternativas. Imaginem se ficássemos dependendo da cultura do milho para a entressafra no sistema irrigado. E o trigo é mais uma alternativa, veio para ficar mesmo. Nossa maior demanda agora é conhecer o trigo dentro das nossas condições edafoclimáticas”, afirmou.
“O trigo aqui na região não será o carro-chefe da fazenda, mas uma ferramenta do sistema de produção para obter benefícios no controle de plantas daninhas, pragas e doenças e para melhorar esse sistema para produzir mais feijão, soja, algodão, hortaliças”, ressaltou o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (RS), ao falar sobre as principais características das cultivares de trigo tropical da Embrapa apresentadas no evento.
O pesquisador lembrou que as cultivares BRS 264, BRS 394 e BRS 404 foram desenvolvidas para a região do Cerrado e validadas pela indústria moageira. “São materiais que foram criados e selecionados aqui neste ambiente de calor e de pressão de doenças. E eles têm qualidade de farinha e peso do hectolitro (PH), que está relacionado à extração de farinha, por isso são muito bem aceitos pelos moinhos. Não há particularidades que impeçam a comercialização”, disse.
A cultivar de trigo sequeiro BRS 404, classificada com trigo pão, também pode atender ao sistema irrigado, sobretudo em propriedades onde possa ocorrer falta água para os pivôs centrais de irrigação durante o período seco do ano, dada a tolerância ao estresse hídrico e ao calor. “Ela vai produzir bem com um pouco menos de água. E mesmo se houver algum problema com o pivô de irrigação, o material vai responder”, afirmou, acrescentando que mesmo em condições adversas, o PH será alto (acima de 80 Kg/hL) se a lavoura for bem conduzida. “Mesmo em situação de sequeiro, produzindo 15 sc/ha, o PH chega a 80, 81 Kg/hL. Nesse quesito, o moinho nunca pagará menos por esse material. É importante o produtor ter isso em mente quando se decidir pela cultura”, completou.
Já a cultivar de trigo irrigado BRS 394 tem como diferencial a resistência moderada ao acamamento, facilitando o manejo com o redutor de crescimento, e o fornecimento de palhada de qualidade. Apresenta elevado rendimento de grãos – cerca de 130 sc/ha na região do Planalto Central. É classificada como trigo melhorador, sendo usado pelos moinhos na mistura com outras farinhas, tendo elevada força de glúten, alcançando cerca de 400 W.
Campeã mundial de produtividade média diária, tendo alcançado 160,5 sc/ha com 119 dias de ciclo em uma área do produtor Paulo Bonato, em Cristalina (GO) em 2021, a cultivar de trigo irrigado BRS 264 apresenta ciclo superprecoce, o que significa menos dias de irrigação, além de plantas moderadamente resistentes ao acamamento. A cultivar é classificada como trigo pão.
Mais informações sobre as cultivares estão disponíveis nesta publicação.
Além da Embrapa, participaram do III Encontro Técnico do Trigo outras empresas obtentoras de sementes e fabricantes de insumos agrícolas. O evento também contou com palestras sobre o manejo da cultura no campo experimental da Fundação Bahia; o manejo da brusone, principal doença que acomete o trigo no Bioma Cerrado; e recomendações para maximizar a produtividade em trigo na região, seguidas de discussões técnicas.
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