Prestes a completar 50 anos, Embrapa gera lucros de R$ 1,2 tri
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária comemorou seus 49 anos na última quarta-feira (27.04)A Embrapa acaba de publicar uma edição especial de 25 anos de seu Balanço Social, que demonstra o resultado das contribuições da Empresa à sociedade nesse período, incluindo dados de 2021. De acordo com essa publicação, a Empresa, que no ano que vem completa 50 anos, gerou, praticamente, na segunda metade de sua existência, um lucro social de R$ 1,2 trilhão.
Esse número é resultante da consolidação dos indicadores sociais, laborais e de aproximadamente 3.000 estudos de avaliação de impactos econômicos e de estimativa de adoção das cultivares da Embrapa. Ele representa, majoritariamente, a renda adicional obtida pelo setor produtivo ao adotar as soluções tecnológicas da instituição. Os valores foram atualizados pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de dezembro de 2021.
Para o presidente Celso Moretti, da Embrapa, esses resultados demonstram o esforço conjunto e organizado de toda a Embrapa ao longo de sua existência. “O elevado nível de adoção e consequente geração de benefício econômico de suas tecnologias evidenciam que a Embrapa vem sendo capaz de identificar as demandas do setor produtivo agropecuário, de desenvolver soluções tecnológicas adequadas, assim como de transferir e comunicar os conhecimentos e os produtos por ela gerados. Em outras palavras, quando se demonstra uma entrega de valor superior a 1 trilhão de reais é possível inferir que as etapas previstas no macroprocesso de inovação vêm sendo cumpridas com êxito”.
Cada real aplicado na Embrapa em 25 anos gerou cerca de R$ 12 para a sociedade brasileira.
Ao se relacionar esse lucro social de R$ 1,2 trilhão ao orçamento da Embrapa, que corresponde a R$ 104 bilhões em 25 anos, o resultado demonstra que o retorno anual da Empresa para a sociedade nesse período foi cerca de 12 vezes o investimento feito pelo Governo na instituição. Esse resultado consolidado, quando conferido ano a ano, também um resultado positivo entre o que foi investido na instituição e o que foi por ela devolvido à sociedade, conforme gráfico apresentado a seguir.
Em uma cerimônia que reuniu governadores, parlamentares, embaixadores, instituições como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Sebrae, Apex, Confederação, da Agricultura, Pecuária do Brasil (CNA), universidades,lideranças do agro e de empresas públicas e privadas, nesta quarta-feira (27), a Embrapa reafirmou seu compromisso em desenvolver pesquisas e inovação em prol dos desafios da agricultura, entre eles alcançar, nos próximos anos, a autossuficiência na produção do trigo e a redução da dependência mundial por fertilizantes.
Durante o evento, também foram assinados Acordos de Cooperação Técnica com Senai Cimatec, Senar, Fundo JBS pela Amazônia, Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Bosch e CropLife Brasil. São contratos e convênios com o objetivo de fortalecer e ampliar parcerias para ações técnico-científicas nas áreas de pesquisa e inovação. No mesmo evento, foi anunciada a contagem regressiva para os 50 anos da Empresa, em 2023, que pode ser acompanhada a partir do novo Portal da Embrapa (disponível em www.embrapa.br). Antes da solenidade, às 14h, foi inaugurada a Galeria Embrapa com uma exposição permanente que retrata os principais marcos da história da Empresa.
Confira matéria sobre parcerias em :Embrapa fortalece parcerias com o setor produtivo
Em seu discurso, o presidente Celso Moretti explicou que a Embrapa está fazendo testes na Região Sul, no Triângulo Mineiro e no entorno do DF de novos materiais de trigo, com o propósito de lançá-los no ano que vem. Ele disse também que a produção de trigo no país deve crescer, este ano, na ordem de 13%, em área e produção, saindo de 2,7 milhões de hectares para 3,1 milhões e de 7,5 para 8,5 milhões de toneladas. “Essa notícia tem conexão com todo o nosso esforço de tornar o Brasil autossuficiente e um dos 10 maiores exportadores de trigo do mundo”, complementou o gestor.
Ele lembrou que a guerra na Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de trigo, fez a sociedade perceber que o país ainda é grande importador do cereal. No entanto, a ciência agropecuária já trabalha há décadas com este desafio e demonstrou que é possível plantar trigo nos cerrados. Atualmente, são 200 mil hectares, mas com possibilidade de alcançar 2 milhões de hectares em produção, somente no cerrado. Outra experiência que vem sendo realizada é a colheita de trigo em Roraima. A produtividade e o ciclo da cultura surpreenderam com 3 toneladas por hectare em 66 dias.
Um dos homenageados da cerimônia, Jonas Antonello, da Cooperativa Agrícola Mista General Osório, destacou o trabalho realizado pela Embrapa Trigo na busca pela autossuficiência do cereal no sul. “Eu quero dizer que no Rio Grande do Sul estamos levando o trigo para outros cultivos, no caso de Terras Baixas, e não só o trigo, mas o triticale, um insumo importante para a cadeia da produção animal, em substituição ao milho”, afirmou o produtor rural.
A produção de alimentos associada à preservação ambiental também foi tema abordado pela Embrapa. Foram citados dados de pesquisa da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), que diz que o país provê segurança alimentar para mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, aliando segurança alimentar e preservação ambiental.
“São dois terços do território preservados, o que corresponde a 564 milhões de hectares de área protegida ou preservada. Isso equivale a 9 vezes o território da França, 11 vezes o da Espanha, 15 o da Noruega, 16 o da Alemanha e 25 o do Reino Unido”, acrescentou o presidente da Embrapa.
“O mundo precisa do Brasil para a sua alimentação. E a Embrapa, que foi a grande protagonista ao elevar o Brasil ao patamar de importador para exportador de alimentos, volta a cena para nos ajudar a enfrentar o problema da crise dos fertilizantes. Já colocou em campo a Caravana FertBrasil e está abrindo frentes de pesquisa com os remineralizadores do solo. Por isso hoje a Embrapa é peça fundamental para oferecermos ao mundo a segurança alimentar que tanto precisamos”, afirmou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes.
A busca pela autossuficiência em fertilizantes
A Embrapa apresentou aos participantes um panorama sobre a situação dos fertilizantes no país. O Brasil importa 85% de todo fertilizante que utiliza. “É uma dependência preocupante para um setor da economia que responde por 27,4% do PIB. Somente Rússia e Belarus respondem por 50% da importação de potássio”, disse o presidente da Empresa. No entanto, para Moretti a solução está na incorporação cada vez maior no processo produtivo dos chamados biofertilizantes. “Muita gente só conheceu o problema agora, mas a Embrapa há décadas busca soluções para reduzir a dependência da importação de fertilizantes.”, afirmou.
Foi citado como exemplo a fixação biológica de nitrogênio, tecnologia que vem sendo desenvolvida desde os primeiros anos de vida da empresa: Uma bactéria que transforma o nitrogênio captado na atmosfera e o coloca à disposição de plantas como a soja. Por causa dessa solução, no ano passado o Brasil economizou 38 bilhões de reais em importações de adubos nitrogenados.
E mais recentemente, em 2019, a Embrapa colocou no mercado, em parceria com o setor privado, o BiomaPhos, um bioinsumo que reduz a necessidade de uso de adubo fosfatado. De 300 mil hectares na safra 2019/2020, o agronegócio chegou a 3,5 milhões de hectares na safra 2021/2022 com o uso deste biofertilizante. Isso corresponde a mais de 5% da área plantada com grãos no país, em 1ª e 2ª safras.
“O Biomaphos contribui para uma agricultura mais limpa, um produto que agrega valor ao fósforo e ao solo, sem poluir o meio ambiente. Uma tecnologia que durou 18 anos para ser desenvolvida e teve um co-desenvolvimento inovador com uma parceria público-privada. A união de duas empresas brasileiras que culminou neste primeiro produto nacional”, disse a pesquisadora Christiane Abreu de Oliveira Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo. Ela recebeu homenagens na categoria Mérito Científico.
“Esse sucesso não é só da ciência e da Embrapa, mas do produtor que abriu mão das suas resistências, usou em uma pequena área e no ano seguinte expandiu. E aqueles que viram o exemplo e foram, lado a lado, expandindo. É muito emocionante ver o selo Embrapa abrindo portas”, relatou a pesquisadora.
Balanço Social e entrega de tecnologias
Nos últimos 3 anos, 170 soluções tecnológicas da Embrapa foram incorporadas ao sistema produtivo, contribuindo para o resultado alcançado pelo Balanço Social, nesses últimos 25 anos.
Em uma edição especial, o Balanço Social que a Embrapa apresenta para celebrar o seu aniversário, reúne os resultados das contribuições da Empresa à sociedade nos últimos 25 anos, incluindo os dados de 2021. De acordo com esse estudo, a Embrapa gerou, nesses últimos 25 anos, ou seja, praticamente em metade de sua existência, um lucro social de R$ 1,2 trilhão, um retorno médio 12 vezes maior do que o que foi investido na Empresa, por meio do orçamento federal, que correspondeu a R$ 104 bilhões em 25 anos.
Homenagens institucionais
A Embrapa homenageou representantes de 8 categorias vinculados ao agronegócio: a pesquisadora Christiane Abreu de Oliveira Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo (Categoria Mérito Científico); Guilherme Scheffer, presidente do Grupo Scheffer, (categoria Produtor Rural); o produtor rural Luciano de Oliveira Souza (Categoria Agricultura Familiar); o produtor Jonas da Silva Antonello, da Cooperativa Agrícola Mista General Osório Cotribá, (Categoria Setor Produtivo); Augusto Souto Pestana, presidente da Apex Brasil, (Categoria Institucional); o deputado federal Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (Categoria Legislativo Federal); Ênio Mathias Ferreira, vice-presidente corporativo do Banco do Brasil, (Categoria Governo Federal) e o pesquisador Eliseu Alves, um dos fundadores da Embrapa (Categoria Especial).
Além dos ministros Marcos Montes (Mapa), Paulo Alvim (Ciência, Tecnologia e Inovações), Joaquim Leite (Meio Ambiente), participaram da mesa Fernando Camargo, presidente do Conselho de Administração da Embrapa (Consad); Candido Teles, secretário de agricultura do DF, representando o governador do Distrito Federal; os senadores da República Elmano Ferrer e Eliane Nogueira; os deputados federais Tereza Cristina (ex-ministra do Mapa) e Sérgio Souza (presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária); João Martins, presidente da CNA; Carlos Melles, o presidente do Sebrae Nacional; o presidente da Anater, José Ferreira da Costa Neto; e o pesquisador Eliseu Alves, um dos fundadores da Embrapa. Estiveram presentes os 43 chefes dos centros de pesquisa da Embrapa, além empregados das Unidads do Distrito Federal.
Ex-empregado da Embrapa e atual secretário de Agricultura do GDF, Candido Teles, encerrou a cerimônia afirmando: “O mundo precisa do Brasil e o Brasil precisa da Embrapa”.
informações Embrapa*
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