Ao completar 160 anos, Ministério da Agricultura prevê crescimento de 27% na produção de grãos do país na próxima década
Segundo
estudo do Mapa, o volume de produção de grãos chegará a 318 milhões de
toneladas em 2029/2030. A produção de proteínas terá um aumento de 23,8%
no período
Mapa
Em 28 de julho de 1860, o Imperador D. Pedro II assinou o decreto Nº 1.067,
criando a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas, hoje denominado Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, que completa nesta terça-feira (28) 160 anos.
Ao longo do Império, a Secretaria procurou regular as
questões relativas à agricultura através de diversas medidas de fomento e
modernização da produção. A lavoura no período monárquico dividiu-se em
duas produções: açucareira no Nordeste e a cafeeira no Centro-Sul. Além
disso, havia áreas menores dedicadas ao cultivo de outros produtos,
como o algodão no Nordeste, que constituía a base da economia
maranhense, o fumo na região de Cachoeira e Santo Amaro na Bahia e em
alguns municípios de Alagoas e Sergipe e também a cultura do cacau no
sul da Bahia e em algumas áreas do Pará.
Hoje, a agricultura se expandiu, se modernizou e o Brasil
se tornou uma potência agroambiental. O agronegócio é responsável por
21% do Produto Interno Bruto (PIB) e 20% dos empregos no país. O Brasil
exporta para mais de 200 países e 1,5 bilhão de pessoas têm algum
alimento no seu prato que vem da nossa agropecuária.
O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de produtos
agrícolas e o principal produtor e exportador de produtos importantes
como, açúcar, café, suco de laranja, soja em grãos e carnes. Tudo isso
aliado a práticas de sustentabilidade e preservação ambiental, seguindo a
exigência mundial para que a demanda por alimentos seja atendida com
impacto ambiental mínimo e baixo custo.
Neste dia em que o Mapa completa 160 anos, queremos
celebrar não apenas o passado e o presente, mas também projetar o
futuro. Na próxima década, a produção de grãos do Brasil deverá aumentar
27%; a de carne bovina, 16%; a de carne suína, 27%, e a de carne de
frango crescerá 28%. Os dados constam das Projeções do Agronegócio, Brasil 2019/20 a 2029/30,
atualizado anualmente com base nas informações que abrangem o período
de 1994 até maio deste ano. O estudo é realizado pela Secretaria de
Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo
Departamento de Estatística da Universidade de Brasília (UnB).
O relatório aponta que a agropecuária brasileira tem um
cenário promissor para os próximos dez anos, apesar da ocorrência da
pandemia do Covid-19, que afetou a trajetória da economia nacional ao
longo deste ano e atingiu algumas atividades agropecuárias, como as das
hortaliças, frutas e leite. “A pandemia, entretanto, não afetou a safra
de grãos e a produção e distribuição de carnes bovina, suína e de aves”,
ressalta José Garcia Gasques, coordenador-geral de Avaliação de
Política da Informação do ministério e um dos coordenadores das
projeções.
Na projeção para a próxima década, o Brasil vai saltar dos
atuais 250,9 milhões de toneladas em 2019/20 (de acordo com
levantamento da Conab de maio/2020) para 318,3 milhões de toneladas,
incremento de 27% à produção nacional. Algodão, milho de segunda safra e
soja devem continuar puxando o crescimento da produção de grãos.
Algumas lavouras, como mandioca, café, arroz, laranja e feijão devem perder área, mas a redução será compensada por ganhos de produtividade. As projeções também indicam tendência de redução de área de pastagem nos próximos anos.
O estudo aponta que o desenvolvimento da produção agrícola no Brasil deve continuar ocorrendo com base na produtividade. É projetado um crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF) de 2,93% ao ano, até 2030. Este valor é resultado da análise das tendências na redução de mão de obra ocupada, redução da área plantada devido aos ganhos de produtividade da terra e aumento do uso de capital.
"A área plantada de grãos vai aumentar 16,7% e a produção deve aumentar 27%. Isso significa que o crescimento vai se dar pelos ganhos de produtividade. Mesmo nas áreas de fronteira, a produtividade vai puxar o crescimento, não a área. Mesmo quando usamos um indicador mais completo para a produtividade, a taxa prevista é elevada", comenta Gasques.
A expansão da agropecuária exigirá investimentos em infraestrutura, pesquisa e financiamento, assinala o estudo. De acordo com Gasques, a pesquisa tem por objetivo indicar direções de crescimento da agropecuária e fornecer informações aos formuladores de políticas públicas para as tendências dos produtos do agronegócio.
Carnes
A produção brasileira de carnes (bovina, suína e aves),
entre 2019/20 e 2029/30, deverá aumentar em 6,7 milhões de toneladas. O
volume total das carnes passará dos atuais 28,2 milhões de toneladas
para quase 34,9 milhões de toneladas, o que significa um acréscimo de
23,8% na produção de proteína no Brasil, com destaques para as carnes
suína e de frango.
A tendência da pesquisa aponta um salto de 14,1 milhões de
toneladas para 18,1 milhões de toneladas de frango para a próxima
década. Já a carne suína, de 4,1 milhões de toneladas para 5,2 milhões
de toneladas, em 10 anos. A previsão da carne bovina é de sair de 9,8
milhões de toneladas para 11,4 milhões de toneladas.
Projeções regionais
O trabalho apresenta também projeções regionais para o
setor rural. Mato Grosso deve continuar liderando a expansão da produção
de milho e soja no país.
De acordo com o coordenador da pesquisa, o estudo indica
que os maiores aumentos de produção e de área da cana-de-açúcar devem
ocorrer nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais. “Mas São Paulo,
como maior produtor nacional, também, projeta expansão elevada de
produção e de área desse produto”, afirma Gasques.
Matopiba
A região denominada Matopiba, que compreende o bioma
Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, deverá
apresentar aumento da área e da produção de grãos. “É uma região com
grande potencial e que merece bastante atenção das políticas públicas
para se desenvolver”, prevê o coordenador. As projeções indicam que essa
região deve produzir 32,7 milhões de toneladas em uma área de quase 9
milhões de hectares ao final da década estudada.
De acordo com a pesquisa, o crescimento com base na
produtividade deverá ocorrer em quase todas as regiões do país,
especialmente nas regiões novas, como o Matopiba.
Tendências no comércio internacional
No contexto internacional, o Brasil deve continuar sendo,
junto com os Estados Unidos, um dos maiores produtores e exportadores de
alimentos. Considerado grande supridor de alimento com qualidade e com
sustentabilidade para o mundo.
Nas carnes, haverá forte pressão do mercado internacional,
especialmente de carne bovina e suína, embora o Brasil continue
liderando o mercado internacional do frango.
O Brasil deverá participar com quase 52% das exportações
mundiais de soja, 35,3% da carne de frango, 23,2% das exportações de
milho, 22,7% do algodão e 9,7% das exportações de carne suína.
Entre os produtos com destaque no aumento das exportações
na próxima década estão o açúcar, que passará de 15,98 milhões de
toneladas em 2019/20 para 25,23 milhões de toneladas em 2029/30 (alta de
57,9%) e o algodão, com aumento de 41,6%. A exportação de milho deve
passar de 34,5 milhões de toneladas para 44,5 milhões no período, alta
de 29,1%.
A carne de frango deverá ter um incremento de 34,3% nas
exportações e a carne suína 36,8%. As frutas também têm destaque, com
aumento nas exportações de manga (57,6%), melão (47,6%) e maçã (43,4%).
Agricultura Familiar nas projeções
Atividades como floricultura e horticultura têm grande
destaque na agricultura familiar. Também na produção de carnes,
especialmente, suína e de frango, são marcantes nesse segmento agrícola.
Outras atividades como o café, leite e frutas, também são atividades de
predominância familiar, além de lavouras como o fumo e a mandioca.
Algumas projeções da agricultura familiar na produção do
próximo decênio podem chegar a 11,4 milhões de toneladas de mandioca,
24,5 milhões de toneladas de café, 745,2 milhões de toneladas de fumo,
2,69 milhões de toneladas de carne suína, 8,36 milhões de carne de
frango, e 20,3 bilhões de litros de leite.
Soja, feijão e milho são as atividades onde a agricultura
familiar tem menor participação. Isso pode ocorrer devido à produção em
larga escala e ao uso de tecnologia.
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