terça-feira, 7 de julho de 2020


“A solidariedade e a cooperação são as respostas”. Curso de capacitação em cooperativismo da PECSOL EAD estreia com aula magna transmitida online
O curso virtual deGestão e Governança do Cooperativismo Solidárioda plataforma PECSOL EAD começou com o pé direito na manhã deste sábado, 4, com uma grande aula magna, ministrada pelo professor Sérgio Schneider, titular da Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Schneider apresentou, para as mais de 200 pessoas que acompanharam a aula em tempo real via Youtube, um seminário com o tema “O Cooperativismo no contexto da transição nutricional – desafios e perspectivas”, onde trouxe reflexões e provocações sobre a importância da prática do cooperativismo para a agricultura familiar se posicionar estrategicamente diante das mudanças colocadas pelo atual contexto mundial e pelas novas formas de consumo.
O curso iniciado no Dia Internacional do Cooperativismo, foi possível a partir de uma parceria entre a Unicafes, CONTAG, COPROFAM e Universidade de Brasília (UnB), e contou com representantes de todas essas entidades nesta aula aberta, cada qual comentando aspectos importante sobre essa iniciativa para capacitar por meio do ensino à distância a lideranças, agricultores e agricultoras nas práticas cooperativistas. O PECSOL EAD ainda conta com o apoio do Sistema Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).
Quem abriu os trabalhos da manhã foi o presidente da Unicafes, Vanderley Ziger, que celebrou a oportunidade de unir o movimento cooperativista com o movimento sindical rural nesse diálogo de formação, e a capacidade do curso de levar os diálogos aprofundados sobre o cooperativismo para mais próximo das bases através dessa formação de dirigentes sindicais sobre o tema. “A Cooperativa é, acima de tudo, feita por pessoas, e é mais importante do que nunca construir uma relação de aproximação com a nossa base social. Não existe cooperativa fortalecida se os cooperados e cooperadas não compreendem o papel dessa dinâmica e também da luta sindical”, disse ele nas boas-vindas à aula.
O presidente da CONTAG, Aristides Santos, é um dos alunos do curso, e convidou os demais participantes a irem até o final da programação de aulas, devido à importância de se trabalhar esse tema do cooperativismo atualmente. “Nós fazemos este curso em um momento em que a economia mostra sua fragilidade e há uma crise política sem precedentes no país, e precisamos trabalhar forte na perspectiva de superação desses problemas. A cooperação é o caminho, senão o único, um dos mais importantes para contribuir nesse processo e dar mais força à agricultura familiar”, afirmou o líder. Mais membros da Diretoria da CONTAG se somam ao curso como alunos(as), como a secretária de Jovens, Mônica Bufon e o secretário de Política Agrícola, Antoninho Rovaris. Ambos também aportaram seus pontos de vista e expectativas em relação a essa formação neste primeiro momento da aula de abertura.
Além do Brasil, outros países do Mercosul Ampliado também estão passando por um processo de capacitação de lideranças semelhante a esse que está se iniciando, liderado pela Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (COPROFAM), como lembrou o presidente da organização, Alberto Broch, que também é vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG e vice-presidente do Fórum Rural Mundial. Broch resgatou a trajetória de construção do curso a nível local e regional a partir da cooperação de diversas entidades. E completou lembrando da importância desta ação para a campanha mundial que está acontecendo neste momento: “Além de todos os aspectos positivos deste curso, ele também é uma homenagem à Década da Agricultura Familiar das Nações Unidas, em que nossas organizações estão muito envolvidas. Não há forma melhor de fortalecer essa campanha e os sujeitos do campo do que com uma atividade qualificada como esse curso”, afirmou.
Pela Unicafes, além do comentário inicial do presidente, houve intervenções da diretora da Secretaria de Mulheres, Fátima Torres, que falou da importância da participação ativa das mulheres nessa capacitação - 45% de seu quórum de estudantes inscritos é formado por mulheres - e do diretor de Formação, Antônio Filho, que explicou a programação do curso, a partir dos temas que serão abordados, os módulos e outras informações técnicas. Também se somou a esse momento de abertura o representante do setor acadêmico, que é fundamental para a realização do curso, o professor Mário Ávila, do Centro de Gestão e Inovação da Agricultura Familiar (CEGAFI) da Universidade de Brasília (UNB), academia que vai fornecer o certificado de formação aos alunos que concluírem a capacitação. O coordenador da PECSOL, Alcidir Mazutti, foi quem moderou a apresentação e as perguntas que se apresentaram na segunda parte da aula.
O papel do cooperativismo nas atuais transformações econômicas e sociais
Na vez de Sergio Schneider, o professou colocou todos e todas para pensar sobre como o cooperativismo pode acompanhar as transformações pela qual o mundo está passando atualmente, e se colocar de forma estratégica para atender as demandas que se colocam frente a desafios como as mudanças climáticas, e as novas formas de consumo pela sociedade.
Para essa reflexão ele trouxe elementos históricos de como o cooperativismo surgiu no mundo e no Brasil, dados quantitativos que demonstram as transformações que já estão acontecendo no cenário econômico e social e análises complementares de maneiras como a agricultura familiar pode se adaptar, usando principalmente o cooperativismo como ferramenta para se qualificar melhor no posicionamento frente a essas perspectivas.
“O cooperativismo precisa ser inovador, não adianta fazer o que os outros já fazem e continuar seguindo apenas o que tem sido feito até agora.A função da agricultura no século 21 não é só aumentar a produção de excedentes e comprar produtos da indústria, como ela vem fazendo tradicionalmente. Se a agricultura não comprar a ideia de que tem contribuição importante com as mudanças climáticas, com a nutrição e as populações urbanas, vai carecer de legitimidade”, explicou.
Schneider também apontou o que ele acredita serem os desejos e necessidades dos agricultores e agricultoras na base. “Querem ter mais autonomia para lidar com as adversidades e mudanças, mas para isso é preciso poder, e para tê-lo tem que inovar, produzir e se organizar coletivamente através da cooperação. A solidariedade e a cooperação são a resposta, e não o individualismo e a competição”, concluiu ele.
A exposição do professor foi muito elogiada pelas pessoas que acompanhavam a live e mandavam mensagens pelo chat da plataforma. Entre as interações também houve muitas perguntas. Algumas delas foram respondidas por ele após a apresentação e outras ficaram para serem debatidas nos fóruns do curso, que já está oficialmente iniciado.

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