Regenerar o solo pode aumentar o potencial produtivo e dar mais renda ao agricultor
A utilização da prática da Agricultura Regenerativa pode trazer maior equilíbrio para o solo e aumentar o potencial produtivo das plantas, proporcionando maior rentabilidade no campo, com sustentabilidade. Para o pesquisador e consultor sênior do IAPAR, que trabalha desde 1977 com planos de cobertura de solos, Ademir Calegari “Agricultura regenerativa é você buscar a memória daquele solo, é você criar condições para aquele solo possa desempenhar todo o potencial que ele tem e aí as culturas terem o seu potencial genético obedecido e tendo condições de produzir mais. Ou seja, reequilibrar aquele solo. Então em termos de correção de acidez, ajuste de cálcio em profundidade, uso de gesso agrícola, de calcário, ajustes de macro e micronutrientes, e principalmente, incrementar a biodiversidade”.
O pesquisador sugere que para incrementar a biodiversidade do solo é preciso fazer um mix com várias espécies de plantas de cobertura, que são as plantas de serviço ou as chamadas multiespécies. O mix de cobertura é a mistura de espécies gramíneas, crucíferas e leguminosas, com cinco, oito, dez plantas como braquiária, crotalária, aveia, centeio, nabo forrageiro, guandu, milheto, trigo mourisco, várias espécies juntas, de acordo com o diagnóstico de cada área”.
O uso de ativos biológicos, como fungos e bactérias, vem crescendo no
campo como uma forma de fertilizar o solo e combater as pragas e
doenças que atacam as lavouras. Esses produtos são capazes de devolver
para a terra os microorganismos que foram se perdendo, ao longo dos
anos, com o uso intensivo de adubos químicos e agrotóxicos. Calegari diz
que junto com o mix de plantas de cobertura podem ser utilizados os
ativos biológicos que auxiliam na renovação do solo, permitindo o
aumento da produtividade das culturas em sucessão. “Temos ativos
biológicos como Bacillus, Trichoderma, Pochonia, e tantos outros
importantes para diminuir doenças, reequilibrar nematoides e
reequilibrar o potencial produtivo. Isso é buscar a memória do solo e
fazer a agricultura regenerativa”.
Segundo Calegari, é preciso saber onde está para saber onde quer chegar,
para isso, é fundamental conhecer as reais condições do solo, é
necessário que se faça um bom diagnóstico da área, para evitar custos
desnecessários e garantir a efetiva rentabilidade e produção nas
lavouras.
Muitos produtores da região do médio norte enfrentaram problemas de tombamento da haste e podridão da raiz e da semente da soja. O pesquisador explicou que isso se explica pela falta de biodiversidade no solo e que isso pode ser reequilibrado, buscando recuperar a memória do solo. “Grande parte de Macrophomina fusarium e outras doenças são frutos da monocultura, de uso excessivo de pesticidas, falta de cobertura e falta de biodiversidade no solo. No momento em que colocamos plantas diferentes, diferentes exsudatos, diferentes enzimas, diferentes microrganismos, como bactérias, fungos, actinobactérias, protozoários e outros, nós vamos aumentando o reequilíbrio, e utilizando ativos biológicos. Grande parte dessas doenças se manifestam em final de ciclo. Temos casos de milho tombando em várias partes do Brasil, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e outros estados, o que é isso? Está faltando uma maior biodiversidade, tá faltando utilizar mais ativos biológicos. E nós temos nematicidas biológicos, inseticidas, fungicidas e também tratamento de sementes temos que intensificar, para reequilibrar, buscar essa memória, quando esse solo no passado era uma floresta e era equilibrado. E com isso aumentamos a produtividade, a rentabilidade e a renda líquida, que é o mais importante”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário