Venda do Polo Potiguar será fechada este mês
A Petrobras deve finalizar as tratativas para vender o Polo Potiguar ainda em janeiro. A petroleira deve firmar o negócio com a empresa 3R Petroleum, que apresentou a melhor proposta de compra em agosto do ano passado, cujo valor final será de US$ 1 bilhão.
Em 2021, a bacia potiguar produziu 460 mil de barris de petróleo, redução de 3,3% em relação ao ano de 2020, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP)
Em
comunicado, a Petrobras informou que a transação de venda ainda deve
passar pela apreciação de órgãos seus corporativos ainda em janeiro. O
negócio aguarda a deliberação da diretoria executiva da petroleira e
pelo conselho de administração.
Procurada
pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, em razão do sigilo contratual
imposto pelo negócio, a Petrobras não pode informar o planejamento para a
transferência da gestão do Polo Potiguar para a 3R Petroleum.
Também
procurada pela reportagem, a 3R Petroleum também evitou entrar em
detalhes sobre o processo de compra. "A 3R Petroleum não comenta
negociações em andamento", resumiu a empresa.
O
anúncio da venda do Polo Potiguar foi feito pela Petrobras em agosto de
2020. A empresa decidiu ofertar a totalidade das participações na
produção de petróleo, seja em áreas terrestres ou águas marítimas da
Bacia Potiguar.
Em
27 de agosto do ano passado, a 3R Petroleum divulgou que a celebração
da transação estava sujeita ao sucesso das negociações, além das
aprovações corporativas necessárias e da anuência dos órgãos reguladores
competentes.
O
Polo Potiguar contempla um conjunto concessões de campos de produção
terrestres e de águas rasas, incluindo a Refinaria Potiguar Clara
Camarão (RPCC). A estrutura oferta infraestrutura para processamento,
refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e
gás natural.
A
estrutura compreende três subpolos (Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e
Ubarana), totalizando 26 concessões de produção, 23 terrestres e 3
marítimas. As concessões do subpolo Ubarana estão localizadas em águas
rasas, entre 10 e 22 km da costa do município de Guamaré. As demais
concessões dos subpolos Canto do Amaro e Alto do Rodrigues são
terrestres.
A
Refinaria Potiguar Clara Camarão tem capacidade instalada de 39.600
barris por dia. Há, ainda, três Unidade de Processamento de Gás Natural
(UPGN) com capacidade para 1,8 milhão metros cúbicos por dia (m3/dia) de
gás natural. Vale lembrar que a Potiguar E&P venceu a chamada
pública para fornecimento de gás natural realizada pela Potigás,
distribuidora de gás que atende ao Rio Grande do Norte.
Para
o presidente da Redepetro, que congrega empresas que atuam na produção
de petróleo e gás no Rio Grande do Norte, comemora a proximidade do
acordo da Petrobras. "O Polo Potiguar tem uma perspectiva enorme de
aumento de produção, ou seja, a nova empresa vai colocar esses poços em
movimento. Isso tende a aumentar a produção", aponta.
Em
2021, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a bacia
potiguar — que também inclui as vendidas — produziu 460 mil de barris de
petróleo. O resultado representa uma redução de 3,3% em relação ao ano
de 2020, que registrou 475,9 mil barris.
Pré-sal alcança 1,95 milhão de barris em 2021
A
Petrobras registrou recorde anual de produção no pré-sal em 2021, ao
alcançar 1,95 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed). Esse
volume corresponde a 70% da produção total da companhia, que foi de 2,77
milhões de boed no ano passado. O recorde anterior era de 2020, quando
foi alcançada a marca de 1,86 milhão de boed, representando 66% da
produção total da Petrobras.
A
produção da Petrobras no pré-sal vem crescendo rapidamente, e o recorde
registrado em 2021 representa mais do que o dobro do volume que
produzimos nesta camada há 5 anos. Com a manutenção do foco de atuação
nas suas atividades em ativos em águas profundas e ultraprofundas.
Em
agosto de 2020, ao anunciar o desivestimento do Polo Potiguar,
Petrobras informou, em nota, que coloria a produção offshore à venda –
em sua maioria, campos maduros em águas rasas, além de alguns blocos
exploratórios –, para investir na produção em águas profundas. No
período do Plano Estratégico 2022-26, serão investidos US$ 57 bilhões no
segmento E&P, sendo 67% desse total no pré-sal, que receberá 12 das
15 novas plataformas previstas para entrar em operação neste período e
que deverá ser responsável por 79% da produção total da companhia em
2026.
bate papo
Gutemberg Dias / Presidente da RedePetro
“Só devemos ter um impacto da negociação depois de seis meses”
Com a venda do Polo Potiguar, em quanto tempo veremos o impacto da venda do Polo Potiguar?
A
transferência da Petrobras demora. Não é uma coisa de uma hora para
outra. Eles vão fechar o negócio nesse mês. Uma coisa é assinar o papel,
outra é quando vai começar a operar. A gente já viu que a transição
deve demorar no mínimo uns seis meses, de acordo com os outros. Não sei
se vai ser diferente nesse. Só vamos conseguir ter uma real noção da
negociação seis meses depois de os novos operadores assumirem.
Qual serão os benefícios para a geração de emprego?
Estamos
na perspectiva de uma parceria com o Sebrae para fazer um levantamento
dentro da cadeia do fornecimento, das empresas que fazem parte da rede;
fazer um levantamento para saber o que foi gerado de emprego, a partir
desse investimento da Petrobras. O que nós temos? Nós tivemos ao longo
desse período uma diminuição drástica. Essas empresas que adquiriram os
campos não tiveram a mesma pegada de contratação da Petrobras, por
vários motivos, o modelo de negócio é diferente da Petrobras, por
exemplo. O que indica a regra de geração de emprego é a produção. Se eu
aumento a produção, há uma perspectiva também de agente de empregos.
Então o que a gente espera é que com a retomada da produção, a geração
de empregos aumente. Hoje, a Redepetro não tem como dizer quantos por
cento vai aumentar de emprego. Não temos essa informação. Nós vamos
fazer esse levantamento com o Sebrae no próximo semestre. Pela
experiência que nós tivemos desses últimos 22 anos, as empresas da rede
que estão dentro da cadeia de produção tivemos uma melhoria de
contratação. Por exemplo, a empresa que eu aumentamos em torno de 30% a
nossa busca por trabalhadores
Em
dois anos, a produção de petróleo por pequenos operadores no Rio Grande
do Norte aumentou 300%, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Podemos esperar continuidade da tendência de crescimento para 2022?
O
aumento de 300% se configura, principalmente, na entrada de novos
operadores que compraram os ativos da Petrobras e conseguiram ampliar a
produção. Um exemplo claro disso é a Potiguar E&P que desde que
assumiu o polo Riacho da Forquilha conseguiu ampliar a produção do mesmo
em quase 80%. Para nós da RedpetroRN não nos resta dúvida que a
tendência será o aumento da produção, obviamente, a bacia Potiguar ano a
ano tem um decréscimo de produção em virtude de ser uma bacia madura,
mas com as novas intervenções que estão propostas e com o restante do
desinvestimento da Petrobras, acreditamos que teremos uma retomada da
produção.
O
mercado de gás natural tem oferecido atrativos diferenciados no Rio
Grande do Norte. Como esse contexto pode impactar em novos investimentos
e empregos para o Estado?
O
gás natural tem um papel de grande importância na produção do Rio
Grande do Norte. Primeiro, alguns campos que produzem gás e óleo, o gás
termina sendo um limitador da extração e caso haja um aumento da demanda
do gás no mercado, parte das reservas de óleo serão melhor exploradas
e, segundo, com a abertura da UPGN Guamaré para o tratamento do gás dos
operadores independentes, abre-se uma grande oportunidade para oferta de
gás, com perspectiva de redução do preço da molécula. Recentemente, a
Potigás assinou contrato com a Potiguar E&P onde o preço da
molécula ficou aproximadamente 30% abaixo do preço que era anteriormente
comercializado. Essa mudança favorece a atração de empresas para os
parques industriais do RN, já que esse combustível chegará ao consumidor
final com valores reduzidos. Em relação a geração de emprego, a cadeia é
bastante extensa e, obviamente, quanto maior for a produção mais
demanda teremos de mão-de-obra e contratação de empresas terceirizadas
para suprir a demanda de serviços e materiais.
Investidores
reclamam da demora e do custo para o licenciamento ambiental de campos
maduros no Rio Grande do Norte. Quais medidas poderiam tornar mais
eficiente a obtenção de licenças para o onshore?
O
licenciamento ambiental é um gargalo nessa indústria. Já tivemos
algumas reuniões com o Idema e com a Associação Brasileira dos
Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) para tratar desse
ponto. Entendo que é preciso seguir a legislação e que no momento não
existe possibilidades políticas para alterar a lei que regula a política
ambiental no âmbito do estado, mas acredito que é possível o Idema
simplificar os procedimentos, obedecendo a legislação maior, para
agilizar o processo de licenciamento. A maioria das áreas que são objeto
de novos licenciamentos estão inseridas em áreas anteriormente
licenciadas, dessa forma, sendo áreas bastante conhecidas e estudadas
pelo próprio órgão ambiental. Outra coisa importante é a padronização
dos procedimentos, não se pode ter procedimentos que mudam a todo
instante, ou seja, é preciso estabelecer uma regra duradoura e válida de
forma igual para todas as empresas que buscam o licenciamento na área
petrolífera. Existe um esforço do Ministério de Minas e Energia para se
buscar uma harmonização entre os estados que licenciam atividades de
petróleo em terra, mas acredito que isso só acontecerá a longo prazo,
haja vista que cada estado tem suas peculiaridades e leis próprias que
precisam ser revistas.
Postado por Aluizio Lacerda
Nenhum comentário:
Postar um comentário