segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Produtores de Ovinos Apostam em Qualidade e Trcnologia

 

Produtores de ovinos da Bahia apostam em qualidade e tecnologia para alcançar novos mercados

Em função das limitações de oferta de carne na região, o setor tem investido em animais de alta qualidade para aumentar o retorno de investimentos

criação_ovinos (Foto: Pec Press)

Indústria sofre sem volume e escalas regulares 

 

O Nordeste é referência nacional quando o assunto é criação de ovinos.  A espécie responde por 32% de todo o rebanho da região e representam 56% do efetivo brasileiro de animais, segundo dados de 2010 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo assim, hoje, tem sido um problema na região aumentar a oferta de carne em larga escala para acompanhar a demanda da indústria. De olho em novos mercados, produtores investem na qualidade da carne para superar esse e outros obstáculos. 

De acordo com Anderson Pedreira, diretor da Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (ACCOBA),  “são necessários investimentos da ordem de R$ 5 milhões para que uma planta frigorífica de pequeno porte opere de forma regular, uma conta que só é paga com 2 a 3 mil abates por dia”, diz. Ele explica que a quantidade é incompatível com a oferta de qualquer Estado. Outro agravante é a concorrência do abate informal, que resulta em perda de matéria-prima para atravessadores. “Sem saber para quem fornecer a carne, muitos produtores acabam seduzidos por uma promessa de melhor remuneração.“ Segundo ele, esse mercado já remunera o produtor a uma média de R$ 14 o quilo de carcaça.

O interesse em negociar com frigoríficos esbarra também no fato de exigirem um padrão mínimo de qualidade. Entretanto, parcela considerável dos ovinos fornecidos apresenta manejo sanitário e acabamento de carcaça inadequados. Já não fossem esses problemas, um fator que impacta diretamente na qualidade de carcaça é a genética utilizada no plantel.“Muitos produtores elegem o macho mais ‘fortinho’ do grupo para ser o reprodutor do rebanho ou acredita que um mestiço será um bom pai, abrindo mão do ganho de peso, da precocidade e da qualidade de carcaça garantida a partir de reprodutores puros e avaliados”, lamenta Pereira.

O que a maioria desconhece é que a Bahia reúne um acervo genético excelente de raças especializadas na produção de carne. “E ao abrir mão dessa tecnologia, perdem-se ótimas oportunidades de fazer o melhoramento do plantel”, frisa Augusto Sérgio de Oliveira Barbosa, representante da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper (ABCDorper) na Bahia. Uma alternativa, segundo ele, é instruir os produtores sobre os benefícios financeiros de investir na genética do rebanho. “Cordeiros meio sangue Dorper ou White Dorper atingem peso de abate (35 a 50 quilos) aos 150 dias de vida.” Uma iniciativa importante nesse sentido tem sido o apoio de criadores que cedem a genética para pequenos produtores melhorarem a precocidade e o rendimento de seus cordeiros. Eles recebem também garantia de compra da produção e apoio técnico dependendo da parceria, revela Augusto.

 

Uma das apostas do setor é investir na qualidade da carne para superar os desafios da produção em larga escala  

 

Apesar dos obstáculos à consolidação da cadeia produtiva no Nordeste - o que aumenta a importação de carne do Uruguai, da Nova Zelândia e do Rio Grande do Sul - outras portas estão se abrindo para o segmento.  
 

Superando desafios


De olho no potencial da ovinocultura baiana, foi criado às margens do Rio São Francisco o The Royal Sheep Farm Of Xique Xique, na cidade baiana, que planeja chegar a 10 mil matrizes ovinas nos próximos anos. O foco é a alta gastronomia no Sudeste, onde o consumo de cordeiro é mais elitizado. “Um diferencial que buscamos, além da qualidade, é a padronização. De nada adianta entregar para a indústria carrés de formas e tamanhos diferentes”, explica Décio Ribeiro dos Santos, um dos parceiros do projeto.

Mesmo com dificuldade para produzir em escala, o Frigorífico Baby Bode, sediado em Feira de Santana (BA), atende grandes redes, distribuidoras e boutiques de carne pelo Brasil. Por mês, abate, em média, 2.500 animais, número que poderia crescer, mas deve se manter estável. O motivo é justamente a falta de cordeiros em quantidade e, principalmente, com a qualidade desejada. “Chegamos a ser marca exclusiva das maiores redes atacadistas do país, mas pela falta de matéria-prima, perdemos o posto em algumas. É difícil ver que enquanto operamos com menos de 50% de nossa capacidade física, mais de 90% dos abates pelo Brasil são clandestinos”, lamenta Yuri Brasileiro Lyra, diretor comercial do Baby

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