quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Uso de Agroquímicos

 

Pesquisadores usam organismos aquáticos para testar os níveis de contaminação com uso de agroquímicos

 

Um projeto coordenado pela pesquisadora Vera Castro, do Laboratório de Ecotoxicologia e Biossegurança da Embrapa Meio Ambiente, foi avaliada a toxicidade dos fungicidas piraclostrobin, epoxiconazole e da mistura de ambos sobre três organismos de diferentes níveis tróficos do sistema aquático. Com base no efeito da espécie mais sensível e aplicando fatores de segurança, conseguiu-se estimar concentrações protetivas para a biota desse sistema para os compostos testados, respectivamente.

A pesquisa realizada na Embrapa Meio Ambiente (SP) utilizou organismos aquáticos para determinar níveis de segurança para a concentração na água de defensivos químicos utilizados na lavoura. Foram analisados níveis de toxidade para o inseticida diflubenzuron, para os fungicidas piraclostrobin e epoxiconazole e para a mistura dos dois últimos. Os três são insumos usados na agricultura e o diflubenzuron chegou a ser empregado também na piscicultura, apesar de sua aplicação não ser permitida nessa atividade.

“As espécies analisadas foram uma microalga, dois microcrustáceos, um inseto aquático e uma espécie de peixe, no caso do diflubenzuron. No caso dos fungicidas, uma microalga, um microcrustáceo e um peixe,” conta o pesquisador da Embrapa Claudio Jonsson. Ele ressalta que a utilização dessas espécies como bioindicadores traz vantagens. Por serem relativamente fáceis de cultivar e manter em laboratório, elas apresentam boa disponibilidade e menor custo.

O cientista explica que essas espécies são mais sensíveis aos efeitos da toxidade dos produtos e permitem uma avaliação relativamente rápida dos efeitos desses agentes e a estimativa dos impactos causados sobre outros organismos.

“Uma molécula pode ser extremamente tóxica para um organismo, mas não para outro. Os herbicidas, por exemplo, em sua maioria são altamente tóxicos para algas e plantas aquáticas, mas não tanto para vertebrados e invertebrados,” relata Jonsson, frisando que o emprego dessas espécies consegue estimar níveis seguros para diferentes organismos e também para a saúde humana.

A pesquisadora Mariana Moura e Silva, do Laboratório de Ecossistemas Aquáticos da Embrapa Meio Ambiente, explica que os testes com organismos aquáticos, além de servir para delimitar níveis máximos permissíveis nos ecossistemas aquáticos, podem servir também para avaliar a eficiência de remoção de um contaminante.

“Por exemplo, se passamos um efluente tóxico por meio de um sistema de filtragem (como materiais relativamente de baixo custo como a brita e argila expandida), podemos avaliar a toxicidade na ausência do material filtrante e na presença dele. Assim, é possível calcular a percentagem de diminuição da toxicidade associada à remoção do agente tóxico”, detalha

O pesquisador conta que órgãos internacionais recomendam o uso de organismos bioindicadores que sejam de cultivo e manutenção relativamente fáceis e que pertençam a diferentes níveis tróficos. Esses indicadores biológicos também fornecem a base para o desenho dos testes de toxicidade crônica, importantes para estimar os efeitos de quantidades residuais dos agentes por um período prolongado.

Os resultados obtidos com o uso desses bioindicadores podem contribuir para políticas públicas no Brasil relacionadas ao estabelecimento de limites máximos permissíveis de xenobióticos (compostos estranhos) no compartimento aquático. Eles também vão auxiliar em pesquisas de matérias inertes e de baixo custo capazes de remover xenobióticos presentes em efluentes da aquicultura ou da agricultura.

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