18 anos depois como está trabalhando a maioria dos produtores rurais no Brasil?
Por:
Fernando Lopa
Planejamento,
controle de custos e a análise do mercado são ferramentas
indispensáveis para o sucesso do produtor rural na sua atividade.
Muitos produtores rurais são
entusiastas, ávidos por conhecimento, frequentam diversos encontros
técnicos, têm a mente aberta e são corajosos para adotar novas
tecnologias. Porém até estes, *frequentemente, cometem
um erro que os levam a se sentir frustrados, eles esquecem de definir
onde querem chegar, desperdiçam recursos e energias na direção errada,
porém fazendo o que acham mais certo. Balizam suas atitudes e ações
conforme vão surgindo às necessidades, gastam 100 % do seu tempo na
solução dos problemas do hoje, não tendo tempo para planejar o futuro.
Todo empresário rural deve definir
primeiro aonde ele que chegar e como fazer para alcançar seus
objetivos. Por isso o planejamento das atividades é a pedra fundamental
para nortear as ações do produtor. Planejamento não é só pensar o que
vai se fazer amanhã ou nos próximos meses, ele engloba desde os
objetivos a serem alcançados, como fazer para alcançá-los, quanto de
recursos financeiros será utilizado, quanto de recursos deverá ser
obtido, como vamos fazer para obtê-los, que ferramentas de controle
vamos utilizar para medir se tudo está andando como planejado e como
implementar as necessidades de alteração no planejado a fim de atingir
os objetivos almejados.
Sabemos, também, que o produtor está
mais preocupado em acompanhar os indicadores de produtividade, em
incorporar novas tecnologias, do que em realizar um acompanhamento de
rentabilidade, até porque geralmente seu dia a dia é mais ligado aos
aspectos da produção. Isso faz com que grande parte dos empresários
rurais acabe controlando apenas o fluxo de caixa, na sua forma básica, o
extrato da sua conta corrente no banco, efetuando, corriqueiramente,
operações “mata-mata”, isto é, vai vendendo seu produto conforme sua
necessidade bancária. Neste caso, muitas vezes ocorre o empobrecimento
do produtor, que gradualmente, vai perdendo a capacidade de investir,
sucateando seus bens de produção, sem ter como descobrir as causas do
seu lento fracasso na atividade.
Entre os que controlam os dados
financeiros, índices e os investimentos, é comum os que acabam não
sabendo tomar decisões a partir dos dados, especialmente pelo fato de
não estarem preparados para elaborar e avaliar um relatório financeiro.
De nada adianta coletar os dados se não serão tomadas decisões a partir
dos mesmos, como dizem: “O papel aceita tudo”.
As finanças devem ser vistas como o
alimento da empresa. Elas devem ser aplicadas nos lugares onde a empresa
quer crescer, não podem ser desperdiçadas em atividades onde o
“achismo”, e não o planejamento, é a mola percursora da atividade. Se as
finanças forem usadas apenas como um instrumento de controle, a empresa
nunca poderá florescer.
O controle financeiro da empresa
rural, portanto, não deve ser usado apenas como relato histórico da
saúde financeira da empresa, dever ser essencialmente aplicado nas
tomadas de decisão, porém, a complexidade dos cálculos (dos custos de
produção) recomenda forte interação entre o técnico que está
determinando os custos, com o produtor, na busca de uma interpretação
dos resultados que mais se aproxima da realidade. Sem este cuidado, é
bem provável que o técnico encontre um elevado custo de produção,
enquanto para o produtor a atividade vai muito bem, ou vice-versa.
O produtor que não procurar seguir
um planejamento das suas atividades, não controlar os custos e não tomar
decisões fundamentadas nos dados levantados, provavelmente não
sobreviverá na atividade.
Mas como definir os objetivos da
empresa, qual o fator mais importante para a tomada de decisão? A
resposta é simples: O Mercado.
De que adianta um excelente
planejamento e um eficiente controle financeiro se não soubermos para
onde encaminharmos nossos esforços. O produtor tem que aprender a
produzir o que ele será competitivo para comercializar, às vezes até,
diminuindo a sua produção, porém diminuindo ainda mais os seus custos
pelo aumento da produtividade. Deve saber manejar os estoques,
principalmente porque, tanto o consumo, como os preços dos produtos são
influenciados pelas épocas de safra e entressafra e pelo clima. Tem que
ficar atento ao que acontece no mundo. Há poucos anos atrás o produtor
competia com seu vizinho, agora compete com outros países.
Claro que isso tudo que foi dito
requer conhecimento técnico, dedicação e habilidade em administrar.
Poucas pessoas conseguem fazer tudo isso, por mais que achem que
conseguem, surge daí a necessidade do produtor de se assessorar de
profissionais que possam participar de uma ou mais etapas produtivas da
sua atividade. Ele tem que descobrir onde está sua dificuldade, o que
ele ainda não consegue fazer, ou até mesmo deixar que, profissionais
preparados para isso, apontem suas necessidades.
Nos últimos anos o trabalho para um
gerenciamento da empresa rural triplicou silenciosamente, tanto em
quantidade como em qualidade, e o produtor continuou sozinho ou com
mesmo número de pessoas participantes da administração da empresa.
Por isso a utilização de
empresas ou profissionais de consultoria não deve ser encarada como uma
intromissão ou como pessoas querendo ensinar “a roda” para o produtor,
deve sim, ser encarada, com essencial para bom andamento das atividades
da empresa e em última análise como mais uma opinião para ajudar o
produtor na tomada de decisão.
E o que tem esse artigo a ver com o
título, está me perguntando o leitor? Antes de eu responder gostaria de
perguntar se você conhece algum produtor que se encontra na situação
que está em negrito (com asterisco) lá no primeiro parágrafo? Conhece?
Muitos, poucos, nenhum?
Ao resolver reproduzir esse artigo aqui o
fiz com a intenção de trazer o leitor e ao agropecuarista a refletirem
no seu negócio, já que esse artigo foi escrito por mim no ano de 2000,
isso não escrevi errado, há 18 anos atrás. E, se sua resposta foi
muitos, o convido a refletir o que está errado na atividade, postando
seu comentário. Sintam-se a vontade.
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