Técnicas para preparar plantas da caatinga na ração animal
São as chamadas técnicas de manipulação da caatinga, desenvolvidas pelas Pesquisas da Embrapa que apresentam um melhor manejo que pode aumentar a oferta de forragem para os animais que vivem no semiárido nordestino. As principais técnicas utilizadas são o raleamento, rebaixamento e enriquecimento da caatinga, sendo possíveis combinações entre elas. O raleamento consiste em realizar cortes seletivos em espécies de pouco valor forrageiro e madeireiro, reduzindo a densidade destas plantas na área, permitindo assim, que outras espécies possam se desenvolver e servir de fonte de alimentação para os animais.O rebaixamento é o corte da parte mais alta de árvores e arbustos, para aumentar a oferta de forragem para animais em pastejo. Essa prática torna acessível a forragem que está no pasto, mas não está facilmente disponível porque se encontra acima de dois metros de altura, sendo indicada para uso em sistemas de produção de caprinos ou que combinem caprinos e bovinos.
Já o enriquecimento é uma técnica que visa a melhorar as condições de produção de forragem, pela introdução de espécies perenes. Além dos benefícios para rebanhos, essas técnicas de manejo colaboram para a regeneração da vegetação nativa e otimização do uso dos recursos forrageiros.
O desafio de preservar o bioma caatinga e esta diversidade tem incentivado instituições a trabalhar, junto a comunidades rurais no semiárido, na disseminação de conhecimentos sobre as variedades de espécies e as formas mais adequadas de manejos. É o caso do Projeto Dom Hélder Câmara, que tem trabalhado, no semiárido brasileiro, na orientação para manejos adequados que permitam a produção animal, incluindo consórcios agroecológicos com a produção de algodão, gergelim, milho e amendoim.
Segundo o médico veterinário Felipe Jalfim, integrante do Projeto, o conhecimento sobre os potenciais dessa biodiversidade pode expandir as atividades econômicas no semiárido brasileiro, mas um aspecto é fundamental para preservar esses recursos naturais: o manejo correto de roçados, pastagens e de espécies para a reserva alimentar. “Isso pode garantir que haja produtividade por mais tempo e que o produtor rural não avance para áreas que ainda estejam em recuperação. Não se pode perder a fertilidade das terras em curto prazo”, destaca ele.
Para Jalfim, a garantia de um manejo sustentável e evitar os riscos do superpastejo, que é a alta concentração de animais se alimentando em área cujos recursos não suportam essa capacidade. Nesse caso, um dos principais desafios para que a biodiversidade da caatinga possa ser preservada. “O semiárido vem sofrendo há muitos anos com herança do sistema extensivo, quando o agricultor não se preocupava com o superpastejo, pois nem sabia que área disponível tinha. As estratégias de manejo não funcionam se houver uma carga animal acima da capacidade de suporte do ecossistema”, alerta ele.
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