Livro de bolso traz informações sobre a mangaba
Uma fruta nativa de sabor marcante, cuja árvore é símbolo de Sergipe,
estado maior produtor. É cantada em verso e prosa e apreciada por muitos
no Norte, Centro-oeste e Nordeste, e encanta pelas delícias que se pode
obter com sua polpa – geleia, licor, sorvete e suco, que nos deixa com
um memorável visgo nos lábios após bebermos.
Essa é a mangaba (Hancornia speciosa),
que acaba de integrar a galeria da Coleção Plantar, série de livros de
bolso editada pela Embrapa com linguagem didática, simples e objetiva,
tendo como alvo produtores rurais, proprietários de sítios e chácaras,
estudantes, donas de casa e demais interessados em resultados de
pesquisa testados e validados pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária.
Em 88 páginas, a publicação
traça um perfil completo da fruta, desde suas características e
variedades botânicas, clima e solos apropriados, formas de plantio e
multiplicação, tratos culturais, irrigação, adubação pragas e doenças,
colheita e pós-colheita, até a fase de comercialização.
O toque especial final fica por conta das receitas de doce, compota,
geleia e sorvete de mangaba, iguarias que encantam moradores e turistas
em diversos cantos dos país.
A coordenação editorial ficou a cargo da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), com os pesquisadores Ana da Silva Lédo, Ana Veruska da Silva e Josué Francisco da Silva Júnior, este último curador do banco de conservação dos recursos genéticos da mangaba mantido pela Embrapa em Sergipe.
Participam, ainda, como autores da obra, os pesquisadores Ailton Pereira, da Embrapa Produtos e Mercado (Goiânia, GO), Miguel Mechereff Filho, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), e Nilton Junqueira,
da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF). O projeto editorial e a impressão
são de responsabilidade da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília,
DF).
Contribuições de parceiros externos
vieram da pesquisadora Elainy Pereira, da Emater de Goiás, e em caráter
póstumo do pesquisador Raul Dantas Vieira Neto, da Empresa de
Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), falecido em 2011.
Coleção Plantar
Desenvolvida em formato de bolso, ilustrada e escrita em linguagem
objetiva, a Coleção Plantar – atualmente com mais de 50 títulos
diferentes - foi concebida especialmente para produtores rurais,
estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa e demais segmentos
interessados nos resultados da pesquisa realizada nas Unidades da
Embrapa.
Coleção Plantar - Mangaba está
disponível para venda na Livraria Embrapa, e pode ser adquirido por R$
3,50, bastando, para isso, que o interessado acesse diretamente a página
eletrônica www.embrapa.br/liv, ligue para +55 (61) 3448-4236, ou contate o serviço de atendimento online pelo e-mail livraria@embrapa.br.
Na página eletrônica da Livraria Embrapa, também é possível conferir os
demais títulos da coleção. Atualmente, mais de cinquenta assuntos estão
disponíveis, entre eles criação de animais, técnicas de plantio,
práticas de controle de pragas e doenças, adubação alternativa e
fabricação de frutas.
O atendimento da
Livraria Embrapa é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no
seguinte endereço: Embrapa Informação Tecnológica – Parque Estação
Biológica – Av. W3 Norte (final) – Caixa Postal 040315 – Brasília/DF –
CEP 70 770-901.
As novidades editoriais também podem ser acompanhadas pelo perfil da Livraria Embrapa no Twitter: www.twitter.com/livrariaembrapa
A fruta
A mangabeira tem ocorrência nos estados do Cerrado, Caatinga e litoral
nordestino, podendo alcançar até 10 metros de altura, com tronco áspero,
ramos lisos, avermelhados, com látex branco abundante. Suas folhas são
opostas e simples. Suas belas flores alvas e saborosos frutos conferem
valor ornamental à espécie, ideal para a arborização urbana e rural.
O fato de apresentar propriedades nutritivas mais elevadas e sabor mais
marcante apenas quando cai do pé (chama-se popularmente como "mangaba
de caída"), madura, confere-lhe um grande simbolismo e um status de
iguaria pelos seus apreciadores.
Mas o outro
lado dessa história não é tão belo e poético assim. Para a mangaba
chegar aos consumidores, precisa ser colhida, e a realidade de quem
colhe não é tão passível de celebração. As comunidades tradicionais
extrativistas, na sua maioria formadas por mulheres de baixa renda e
pouca escolaridade – autodenominadas catadoras, enfrentam grandes
barreiras ao modo de vida que garante o seu sustento.
Uma situação crescente de destruição dos recursos naturais,
intensificação das indústrias imobiliária e do turismo, avanço de
monoculturas, como a cana, privatização das áreas e impedimento do
acesso às plantas em locais anteriormente de entrada livre são os
maiores obstáculos.
Pesquisas
A Embrapa conduz projetos de pesquisa e desenvolvimento de conservação
da mangabeira envolvendo populações tradicionais de mulheres catadoras
de mangaba em diversas regiões do país.
Para
conhecer com profundidade toda a problemática em torno da Mangaba em
Sergipe e no Brasil, a Embrapa Tabuleiros Costeiros lidera, desde 2003,
pesquisas com abordagens metodológicas que combinam as ciências sociais e
naturais.
Em 2003 ocorreu no Brasil a
primeira pesquisa sobre o extrativismo da mangaba e as catadoras no
Povoado Pontal, em Indiaroba, litoral sergipano. Os pesquisadores Dalva Mota, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e Josué Júnior fizeram parte do projeto pioneiro.
Desde então, estudos têm sido promovidos para entender e diagnosticar
profundamente a situação das catadoras em Sergipe e outros estados, como
o Pará, além de gerar conhecimentos sobre a fruta e suas
potencialidades, e a conservação dos seus recursos genéticos. O
desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de garantir boas
condições de vida e trabalho às catadoras, com apoio à mobilização do
grupo, é também foco das pesquisas da Embrapa. Os resultados de pesquisa
têm ajudado os órgãos públicos na elaboração de políticas sobre que têm
beneficiado a espécie e as pessoas que dela sobrevivem há gerações.
Os pesquisadores investiram fortemente no mapeamento de áreas e na
tipologia da conservação. Paralelamente, intensificaram o diálogo com os
grupos diretamente atingidos. O resultado são pesquisas concluídas e em
andamento, publicações importantes, como o ‘Mapa do Extrativismo da
Mangaba em Sergipe', lançado em 2010 e com nova edição prevista para o
primeiro semestre deste ano (que servirá de base georreferenciada para a
criação de uma Reserva Extrativista – Resex – no estado), a ‘Árvore do
Conhecimento da Mangaba' (organização das informações e documentos sobre
a espécie para navegação e acesso em forma de teia hierarquizada, com
visual semelhante ao da copa de uma árvore), o livro ‘A Mangabeira. As
Catadoras. O Extrativismo.' e até a primeira dissertação do Norte do
Brasil sobre as mulheres extrativistas de mangaba.
A ex-presidente do Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM), uma das
entidades associativas dessa população tradicional em Sergipe, Patrícia
de Jesus, reconhece a importância do trabalho dos pesquisadores para o
fortalecimento da sua luta. "A atuação de todos tem sido fundamental
para fortalecer o nosso movimento, subsidiar políticas e promover a
conservação da mangabeira", afirmou.
Banco genético
Com 253 acessos (amostras de plantas em número suficiente para
representar a variação genética de uma população) provenientes de oito
estado brasileiros, o BAG da Mangaba foi implementado em 2006, e possui
grande variabilidade genética e conserva amostras de algumas populações
com enorme vulnerabilidade, por estarem situadas em áreas de intensa
especulação imobiliária.
"Esse material
guardado permite a sua conservação e uso em futuros trabalhos de
melhoramento genético. Tendo em vista que a mangabeira vem apresentando
intensa erosão genética, a conservação no banco permite que genes de
importância não sejam perdidos.", afirma Josué.
O banco está situado numa área de restinga do campo da Embrapa. Além da
área do banco, é de responsabilidade da curadoria a conservação in situ
(no local de origem da planta) de uma área natural de mangabeira com
cerca de 4,5 hectares, localizada dentro da Reserva do Caju, a primeira
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de âmbito federal da
Embrapa.
No Brasil, há outras coleções de
mangaba, sendo algumas em Unidades da Embrapa – Embrapa Cerrados
(Planaltina, DF), Embrapa Amapá (Macapá, AP) e Embrapa Meio Norte
(Teresina, PI) – e outras em universidades e organizações estaduais de
pesquisa agropecuária.
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