segunda-feira, 28 de março de 2016

Livro de bolso traz informações sobre a mangaba

Saulo Coelho - Livro está disponível para venda no site da Livraria Embrapa
Livro está disponível para venda no site da Livraria Embrapa
Uma fruta nativa de sabor marcante, cuja árvore é símbolo de Sergipe, estado maior produtor. É cantada em verso e prosa e apreciada por muitos no Norte, Centro-oeste e Nordeste, e encanta pelas delícias que se pode obter com sua polpa – geleia, licor, sorvete e suco, que nos deixa com um memorável visgo nos lábios após bebermos.
 
Essa é a mangaba (Hancornia speciosa), que acaba de integrar a galeria da Coleção Plantar, série de livros de bolso editada pela Embrapa com linguagem didática, simples e objetiva, tendo como alvo produtores rurais, proprietários de sítios e chácaras, estudantes, donas de casa e demais interessados em resultados de pesquisa testados e validados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
 
Em 88 páginas, a publicação traça um perfil completo da fruta, desde suas características e variedades botânicas, clima e solos apropriados, formas de plantio e multiplicação, tratos culturais, irrigação, adubação pragas e doenças, colheita e pós-colheita, até a fase de comercialização. 
 
O toque especial final fica por conta das receitas de doce, compota, geleia e sorvete de mangaba, iguarias que encantam moradores e turistas em diversos cantos dos país.
 
A coordenação editorial ficou a cargo da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), com os pesquisadores Ana da Silva Lédo, Ana Veruska da Silva e Josué Francisco da Silva Júnior, este último curador do banco de conservação dos recursos genéticos da mangaba mantido pela Embrapa em Sergipe. 
 
Participam, ainda, como autores da obra, os pesquisadores Ailton Pereira, da Embrapa Produtos e Mercado (Goiânia, GO), Miguel Mechereff Filho, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), e Nilton Junqueira, da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF). O projeto editorial e a impressão são de responsabilidade da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília, DF).
 
Contribuições de parceiros externos vieram da pesquisadora Elainy Pereira, da Emater de Goiás, e em caráter póstumo do pesquisador Raul Dantas Vieira Neto, da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), falecido em 2011.
 
Coleção Plantar 
Desenvolvida em formato de bolso, ilustrada e escrita em linguagem objetiva, a Coleção Plantar – atualmente com mais de 50 títulos diferentes - foi concebida especialmente para produtores rurais, estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa e demais segmentos interessados nos resultados da pesquisa realizada nas Unidades da Embrapa.
 
Coleção Plantar - Mangaba está disponível para venda na Livraria Embrapa, e pode ser adquirido por R$ 3,50, bastando, para isso, que o interessado acesse diretamente a página eletrônica www.embrapa.br/liv, ligue para +55 (61) 3448-4236, ou contate o serviço de atendimento online pelo e-mail livraria@embrapa.br.
 
Na página eletrônica da Livraria Embrapa, também é possível conferir os demais títulos da coleção. Atualmente, mais de cinquenta assuntos estão disponíveis, entre eles criação de animais, técnicas de plantio, práticas de controle de pragas e doenças, adubação alternativa e fabricação de frutas.
 
O atendimento da Livraria Embrapa é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no seguinte endereço: Embrapa Informação Tecnológica – Parque Estação Biológica – Av. W3 Norte (final) – Caixa Postal 040315 – Brasília/DF – CEP 70 770-901. 
 
As novidades editoriais também podem ser acompanhadas pelo perfil da Livraria Embrapa no Twitter: www.twitter.com/livrariaembrapa
 
A fruta 
A mangabeira tem ocorrência nos estados do Cerrado, Caatinga e litoral nordestino, podendo alcançar até 10 metros de altura, com tronco áspero, ramos lisos, avermelhados, com látex branco abundante. Suas folhas são opostas e simples. Suas belas flores alvas e saborosos frutos conferem valor ornamental à espécie, ideal para a arborização urbana e rural.
 
O fato de apresentar propriedades nutritivas mais elevadas e sabor mais marcante apenas quando cai do pé (chama-se popularmente como "mangaba de caída"), madura, confere-lhe um grande simbolismo e um status de iguaria pelos seus apreciadores.
 
Mas o outro lado dessa história não é tão belo e poético assim. Para a mangaba chegar aos consumidores, precisa ser colhida, e a realidade de quem colhe não é tão passível de celebração. As comunidades tradicionais extrativistas, na sua maioria formadas por mulheres de baixa renda e pouca escolaridade – autodenominadas catadoras, enfrentam grandes barreiras ao modo de vida que garante o seu sustento. 
 
Uma situação crescente de destruição dos recursos naturais, intensificação das indústrias imobiliária e do turismo, avanço de monoculturas, como a cana, privatização das áreas e impedimento do acesso às plantas em locais anteriormente de entrada livre são os maiores obstáculos.
 
Pesquisas
A Embrapa conduz projetos de pesquisa e desenvolvimento de conservação da mangabeira envolvendo populações tradicionais de mulheres catadoras de mangaba em diversas regiões do país.
 
Para conhecer com profundidade toda a problemática em torno da Mangaba em Sergipe e no Brasil, a Embrapa Tabuleiros Costeiros lidera, desde 2003, pesquisas com abordagens metodológicas que combinam as ciências sociais e naturais. 
 
Em 2003 ocorreu no Brasil a primeira pesquisa sobre o extrativismo da mangaba e as catadoras no Povoado Pontal, em Indiaroba, litoral sergipano. Os pesquisadores Dalva Mota, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e Josué Júnior fizeram parte do projeto pioneiro.
 
Desde então, estudos têm sido promovidos para entender e diagnosticar profundamente a situação das catadoras em Sergipe e outros estados, como o Pará, além de gerar conhecimentos sobre a fruta e suas potencialidades, e a conservação dos seus recursos genéticos. O desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de garantir boas condições de vida e trabalho às catadoras, com apoio à mobilização do grupo, é também foco das pesquisas da Embrapa. Os resultados de pesquisa têm ajudado os órgãos públicos na elaboração de políticas sobre que têm beneficiado a espécie e as pessoas que dela sobrevivem há gerações.
 
Os pesquisadores investiram fortemente no mapeamento de áreas e na tipologia da conservação. Paralelamente, intensificaram o diálogo com os grupos diretamente atingidos. O resultado são pesquisas concluídas e em andamento, publicações importantes, como o ‘Mapa do Extrativismo da Mangaba em Sergipe', lançado em 2010 e com nova edição prevista para o primeiro semestre deste ano (que servirá de base georreferenciada para a criação de uma Reserva Extrativista – Resex – no estado), a ‘Árvore do Conhecimento da Mangaba' (organização das informações e documentos sobre a espécie para navegação e acesso em forma de teia hierarquizada, com visual semelhante ao da copa de uma árvore), o livro ‘A Mangabeira. As Catadoras. O Extrativismo.' e até a primeira dissertação do Norte do Brasil sobre as mulheres extrativistas de mangaba.
 
A ex-presidente do Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM), uma das entidades associativas dessa população tradicional em Sergipe, Patrícia de Jesus, reconhece a importância do trabalho dos pesquisadores para o fortalecimento da sua luta. "A atuação de todos tem sido fundamental para fortalecer o nosso movimento, subsidiar políticas e promover a conservação da mangabeira", afirmou.
 
Banco genético
Com 253 acessos (amostras de plantas em número suficiente para representar a variação genética de uma população) provenientes de oito estado brasileiros, o BAG da Mangaba foi implementado em 2006, e possui grande variabilidade genética e conserva amostras de algumas populações com enorme vulnerabilidade, por estarem situadas em áreas de intensa especulação imobiliária. 
 
"Esse material guardado permite a sua conservação e uso em futuros trabalhos de melhoramento genético. Tendo em vista que a mangabeira vem apresentando intensa erosão genética, a conservação no banco permite que genes de importância não sejam perdidos.", afirma Josué.
 
O banco está situado numa área de restinga do campo da Embrapa. Além da área do banco, é de responsabilidade da curadoria a conservação in situ (no local de origem da planta) de uma área natural de mangabeira com cerca de 4,5 hectares, localizada dentro da Reserva do Caju, a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de âmbito federal da Embrapa.
 
No Brasil, há outras coleções de mangaba, sendo algumas em Unidades da Embrapa – Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), Embrapa Amapá (Macapá, AP) e Embrapa Meio Norte (Teresina, PI) – e outras em universidades e organizações estaduais de pesquisa agropecuária.

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