Mapeamento do solo favorece e incentiva atividades do produtor rural
O solo é um recurso essencial à sobrevivência dos seres vivos, contribui para o desenvolvimento das plantas e para regulação do fluxo de água
Conhecer bem o solo é essencial para produtividade de qualquer cultivo porque dele vem todos os nutrientes que as plantas precisam para seu crescimento e desenvolvimento.
O mapeamento de todos os tipos solos, reunidos em uma plataforma única do PronaSolos, lançada nesta quinta-feira(03) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), será um grande incentivo para os produtores rurais.
O pesquisador da Embrapa Solos e coordenador-geral do PronaSolos, José Carlos Polidoro, ressalta que com o levantamento, feito até com imagens de satélites, o produtor rural conhecerá cada tipo de solo de sua propriedade, o que será fundamental para a exploração de sua terra de forma sustentável, sem degradá-la, garantindo o seu patrimônio e das futuras gerações.
O agricultor poderá planejar a cultura que irá plantar como, por exemplo, arroz, soja, milho, banana e algodão. O mapeamento também indicará se o solo não é adequado para um determinado tipo de cultura. “É um ganho para o produtor. A maior riqueza do agricultor é a sua terra e o conhecimento do solo é fundamental para o seu planejamento agrícola”, avalia.
Polidoro ressalta ainda que o conhecimento detalhado e aprofundado dos solos irá possibilitar à agricultura brasileira ganhar mais competitividade e contribuir para o desenvolvimento do país. O mapeamento também apoiará a formulação de políticas públicas sobre conservação do solo, preservação de ecossistemas, uso sustentável dos recursos naturais e segurança alimentar.
“As escalas de conhecimento do nosso solo estão muito defasadas. Nós precisamos de informações mais detalhadas para tomar decisões mais acertadas a respeito do uso, manejo e conservação. Em conhecendo os solos, você pode definir o que é melhor para a agricultura”, completa Polidoro.
Os produtores rurais poderão tomar decisões mais acertadas, uma vez que, em geral, uma propriedade tem solos bastante diferentes, uns mais profundos, outros mais rasos, mais arenosos ou argilosos, onde a água drena mais facilmente, outros que permanecem mais úmidos por longo período.
“Quando o agricultor consegue saber antecipadamente o que plantar, onde plantar, quando plantar e como plantar, ele está muito próximo de ter uma produção sustentável. O conhecimento dos recursos de solos e seu adequado manejo são essenciais à sustentabilidade”, explica o pesquisador da Embrapa Solos, Silvio Bhering.
Para o pesquisador, conhecer o solo traz diversos benefícios para o produtor. Ele cita, por exemplo, a situação de uma propriedade rural tradicional, onde existem áreas de baixas, encostas e o topo dos morros. “Em cada um desses ambientes existem solos distintos, na profundidade, fertilidade e na capacidade de armazenar água. Identificadas as particularidades de cada um desses ambientes, o produtor pode utilizar sua propriedade da melhor forma, através da seleção dos melhores cultivos e períodos de plantio”.
Plantio direto
Pelo sistema do plantio direto, o agricultor utiliza processos que não revolvem totalmente a terra no momento da semeadura para não degradar o solo nem atingir o lençol freático. São utilizadas palhas para manter o solo úmido, reter nutrientes e atrair a presença de minhocas, que contribuem para aumentar a fertilidade.
O sistema de plantio direto está associado à agricultura conservacionista de forma a contribuir para conservação do solo e da água, aumento da eficiência da adubação, incremento do conteúdo de matéria orgânica do solo, aumento na relação benefício/custo, redução do consumo de energia fóssil e do uso de agrotóxicos, mitigação da emissão dos gases de efeito estufa e contribuição para o aumento da resiliência do solo.
O pesquisador Silvio Bhering explica que “o fundamento do sistema é a ausência de revolvimento do solo em sua cobertura permanente e na rotação de culturas. O plantio direto pressupõe a incorporação de matéria orgânica no solo e, consequentemente, amplia a possibilidade de maiores teores de água no solo”.
A técnica, considerada a primeira revolução das práticas agrícolas no Brasil, também diminui o uso de máquinas e tratores reduzindo, assim, a emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. O plantio direto hoje é uma das principais tecnologias que integram o Plano da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC).
A fixação de carbono no solo é um dos resultados da técnica de plantio direto
Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, que se estende por pouco mais de 2 milhões de quilômetros quadrados e equivale a aproximadamente 22% território nacional. O Cerrado está presente em 11 estados brasileiros e no Distrito Federal. Isso sem contar os enclaves no Amapá, Roraima e Amazonas.
Um dos biomas mais ricos e antigos do planeta, com mais de 12 mil espécies de plantas catalogadas e mais de 2,5 mil espécies de animais, entre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, o Cerrado é também considerado o berço das águas no Brasil, abrigando as nascentes das maiores bacias hidrográficas do país.
O conhecimento dos recursos do solo, distribuição e características proporcionou a utilização de cultivares mais adaptados, de sistemas de produção ajustados a essas condições de solos e clima, a rotação de culturas, o sistema de plantio direto e, mais recentemente, a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. “Os conhecimentos e tecnologias tornou o Cerrado uma potência agrícola”, enfatizou o pesquisador Silvio Bhering.
Plataforma tecnológica
Nesta quinta-feira (3), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou a plataforma digital do Programa Nacional do Brasil (PronaSolos) que reúne informações do solo brasileiro. Os dados podem ser acessados por pesquisadores, produtores rurais e pela população em geral, de forma gratuita.
A plataforma permite carregar na mesma imagem mapas de diferentes instituições, como por exemplo o mapa de aptidão agrícola do Matopiba, importante fronteira agrícola que compreende as regiões do Cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, junto com o mapa de hidrogeologia da região, fornecendo indicações das áreas com maior impacto do uso de irrigação. O conhecimento dos recursos de solos e seu adequado manejo são essenciais para a sustentabilidade da região.
A plataforma integra o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos do Brasil (PronaSolos), que tem como objetivo mapear 8,2 milhões de quilômetros quadrados em escalas, como de 1:100.000, até 2048. Isso significa que cada um centímetro dos mapas, representa um quilômetro da área real. Atualmente, 5% do território nacional tem informações com este nível de detalhamento.
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