Produtividade agropecuária cresce 4% ao ano desde 2000
Plantio direto na palha é uma das tecnologias adotadas que incrementaram a produtividade nas lavouras
O crescimento da agropecuária brasileira, nos últimos cinco anos
(2000 a 2014), foi impulsionado principalmente pela produtividade, que
cresceu à taxa de 4% ao ano. As inovações decorrentes da pesquisa e a
adoção de novas tecnologias agrícolas foram os fatores que contribuíram
para o resultado que colocou o país em posição de destaque diante de
competidores no mercado internacional de alimentos e fibras.
As
informações constam do estudo elaborado pelo Departamento de Estudos
Econômicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq/USP) e do Serviço de Pesquisa Econômica do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos (ERS/USDA), no período de 1975 a 2014.
O
crescimento da produtividade agropecuária brasileira, segundo o estudo,
é superior à média mundial, que tem crescido 1,84% ao ano, analisa o
coordenador-geral de Estudos e Análises da Secretaria de Política
Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
José Garcia Gasques. Já entre 1975 e 1998, a produtividade brasileira
crescia à taxa de 2,88% ao ano. A taxa anual de crescimento compreendido
de 1975 a 2014 foi de 3,53%.
Um fluxo
relativamente contínuo de recursos para a pesquisa, realizada no país
principalmente pela Embrapa, foi essencial para a descoberta de novas
tecnologias. “O efeito acumulado disso provocou um aumento significativo
sobre a produtividade total dos fatores”, assinala Gasques.
Entre
as tecnologias que viabilizaram o aumento da produtividade da
agricultura brasileira, o coordenador-geral de Estudos e Análises cita a
viabilização da segunda safra de verão, conhecida também como safrinha;
a resistência genética às principais doenças além de práticas
sustentáveis como o plantio direto na palha.
Plantio direto na palha Foto: Embrapa Solos
Segundo
Gasques, a pesquisa considerou itens que contribuíram para o
crescimento da agropecuária brasileira, entre eles, estão mudanças na
política agrícola e a estabilização econômica; gastos com pesquisa e a
descoberta de novas tecnologias; crescimento do mercado interno e a
demanda internacional; e finalmente, os preços dos insumos.
Ao
longo do período analisado, constatou-se acentuada mudança na
composição da produção agropecuária. Diversos produtos como café, arroz,
milho, carne bovina e suína, perderam participação no valor total da
produção. Outros ganharam participação como frutas, cana-de-açúcar,
soja, leite, ovos, carne de frango e laranja. Essa mudança trouxe
aumento do valor agregado com a maior incorporação de tecnologia. Mesmo
produtos considerados tradicionais, como soja e milho, quanto ao sistema
de produção passaram a incorporar novo conteúdo tecnológico.
Outra
mudança importante ocorrida no período da análise e que tem forte
repercussão sobre a produtividade é o deslocamento espacial das
atividades agrícolas. De acordo com o Gasques, os grandes municípios
produtores de grãos deslocaram-se do Sul e Sudeste para regiões como o
Centro-Oeste, parte do Norte e Nordeste, onde há possibilidade de
cultivos em amplas áreas.
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