Automação na suinocultura brasileira apresenta um robô capaz de alimentar até 3 mil suínos Nordeste Rural
Um robô que distribui ração é um dos benefícios da automação na suinocultura brasileira, cujos impactos positivos já podem ser fortemente sentidos na realidade atual das propriedades rurais. Além de possibilitar uma economia superior a 37 toneladas de ração por ano, a novidade digital poupa tempo e esforço físico dos criadores, possibilitando que se dediquem à gestão das granjas. O robô é um dos resultados da parceria entre a Embrapa Suínos e Aves (SC) e a empresa Roboagro e comprova que a digitalização no campo não tira o lugar de pessoas, mas, pelo contrário, agrega conhecimento intelectual às suas rotinas, permitindo que dediquem mais tempo ao desenvolvimento da produção animal.
O robô é responsável pela distribuição de ração em instalações de suínos em terminação, tarefa que se repete de três a cinco vezes ao dia. Ele não substitui as pessoas que trabalham na criação, uma vez que o olhar humano é fundamental no acompanhamento do funcionamento da máquina. “A diferença é que agora temos tempo para observar, analisar e agir, quando é necessário. Sem o trabalho de colocar a ração nos comedouros, sobra tempo para ver o que está acontecendo em cada baia”, conta Bruna Brandão, que trabalha em uma granja de suínos em Missal, região oeste do Paraná.
O robô distribuidor de ração aumenta a eficácia de um dos pontos mais críticos da criação de suínos, permitindo que possa ser controlada e medida diariamente. “Nós sabemos que perder ou ganhar dinheiro com suínos está muito vinculado à forma como o produtor maneja a ração. O robô garante que essa tarefa seja feita da forma mais eficiente possível dia após dia, sem oscilações de manejo, desde que o produtor perceba que precisa trabalhar de forma complementar à máquina”, enfatiza o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Osmar Dalla Costa.
Trabalhar complementarmente à máquina significa, justamente, observar o que está acontecendo nas instalações, analisar se algo não está dentro do esperado e agir para corrigir o que está fora do padrão aplicado. É assim que produtor e máquina podem alcançar a precisão. “Nós temos em torno de mil robôs já atuando no campo. A partir dessa experiência, posso afirmar que estamos ajudando o produtor a alcançar um nível de precisão na gestão da granja que antes não era possível”, conta Giovani Molin, da Roboagro. Segundo ele, o robô faz com que o produtor deixe de ser um “tratador de animais” e se transforme em um real gestor de granjas de suínos.
Os estudos mostram também que os robôs ajustados para servirem a ração em comedouros lineares com trato na parte inferior das baias podem economizar até 37,6 toneladas de ração por ano em três lotes de mil suínos em terminação. “Apuramos que cada animal consome 12,5 kg a menos de ração para atingir o mesmo peso de abate quando o robô é configurado para servir a ração de forma controlada em comedouros lineares com trato na parte inferior, quando comparado com o sistema de alimentação à vontade nos comedouros tulha”, revela o pesquisador.
A economia, de acordo com Dalla Costa, está relacionada, principalmente, à redução do desperdício e à melhoria na conversão alimentar dos suínos. “Comparamos o sistema de fornecimento de ração com robô e comedouros lineares com trato na parte inferior e ração controlada com outros quatro sistemas de distribuição”, explica. Os outros quatros tipos de fornecimento de ração foram: sistema linear automatizado com comedouro tipo drop e ração controlada; tratamento com sistema linear tipo manual e ração controlada; comedouros lineares com trato na parte superior alimentados com robô e ração controlada; e sistema automatizado com comedouro tipo tulha e ração à vontade. “O robô distribui a ração por peso, diferentemente de outros sistemas automatizados, que fazem a distribuição por quantidade. Além disso, em comparação com a manual, o robô alcança maior homogeneidade na distribuição. Com isso, os suínos recebem somente a ração necessária em cada baia, o que reduz o desperdício e melhora a conversão alimentar”, pontua o pesquisador.
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