sábado, 20 de agosto de 2022

 

O “Mela” é uma doença que vem atacando muitas plantações de sorgo no Brasil                                                                               

A mela é reconhecida na planta pela presença de gotas açucaradas de coloração rosa a castanha, espessas, que saem das inflorescências. A doença é conhecida como ergot, mela ou doença açucarada. Essa doença, que ocorre muito em condições mais frias, tem medidas de controle estabelecidas, conforme recomendam pesquisadores. “Vários relatos da ocorrência da mela têm sido feitos por agricultores que estão iniciando o cultivo de sorgo em áreas onde pouco se conhece a cultura. Em muitas delas, o sorgo tem entrado como opção ao milho safrinha, por causa das altas perdas por enfezamentos”, diz a pesquisadora Dagma Dionísia da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo.

Apesar de seu potencial de perdas, essa doença pode ser evitada pelos agricultores com o uso de práticas adequadas de manejo antes da semeadura e durante a fase de florescimento do sorgo. “Usar cultivares adaptadas à região e semear na época mais adequada são práticas que ajudam a evitar a doença açucarada do sorgo. Isso porque a severidade da doença é favorecida por temperaturas mínimas de ± 13 °C a 19 °C e umidade relativa de 76% a 84% e por condições desfavoráveis ao fornecimento de pólen”, explica a pesquisadora.

“É recomendado fazer a remoção das plantas remanescentes de sorgo e das plantas hospedeiras secundárias do patógeno. Além disso, deve-se adequar a proporção de linhagens macho-estéreis e restauradoras em campos de produção de sementes para garantir uma boa disponibilidade de pólen, uma vez que a infecção não ocorre em flores fertilizadas. E para uma rápida fertilização, o agricultor deve programar o plantio para que haja boa coincidência de florescimento entre as linhagens macho e fêmea”.

Outro detalhe a ser observado é se há nas sementes formação de estruturas de sobrevivência dos fungos, chamadas de escleródios. “Nesse caso, pode-se colocar as sementes de molho em solução de cloreto de sódio a 5%, para que os resíduos flutuem e sejam eliminados do lote”, ensina Silva. Para a aplicação de fungicidas precisam ser escolhidos os produtos registrados no Agrofit/Mapa. “As aplicações devem se iniciar já na emissão da folha bandeira e continuar de cinco em cinco dias até a finalização do florescimento. Atualmente, vinte produtos comerciais estão disponíveis no Mapa para controle da mela.

Vale ressaltar que sempre é importante realizar a rotação entre os princípios ativos/grupos químicos para evitar pressão de seleção sobre o fungo e perda desses princípios ativos”, pontua. A pesquisadora esclarece também que “não há riscos, apesar de haver uma grande preocupação dos produtores sobre a possibilidade de toxicidade da mela do sorgo para consumo de grãos ou silagem, por parte de humanos e de animais, diferentemente do que ocorre com outras espécies desse gênero de fungos”.

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