Uma bananeira que exige menos água e pouca quantidade de defensivos químicos
É a banana-maçã com duas cultivares mais resistentes. A BRS Princesa e a BRS Tropical. As duas cultivares foram desenvolvidas pelos pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA). Durante o processo de desenvolvimento, os técnicos puderam acompanhar no trabalha produtivo em um sistema on-line específico para essas cultivares onde puderam observar que as plantas favoreciam uma economia significativa no consumo de água. O desempenho as torna ideais para cultivos em regiões como o Semiárido. Desenvolvidos pela Embrapa, ambos os materiais são resistentes às principais doenças que atacam a cultura, como as sigatokas negra e amarela, o que também reduz o consumo de defensivos agrícolas.
O consumo de água das cultivares atingiu patamares 25% menores em comparação às variedades de banana-prata, as mais cultivadas no País. A BRS Princesa e a BRS Tropical são resultado do programa de melhoramento genético da Embrapa Mandioca e Fruticultura, voltado à busca de novas variedades resistentes a doenças e mais produtivas.
No caso da BRS Princesa, a cultivar é considerada um material superior pela qualidade do fruto e resistência à murcha de fusarium, também conhecida como mal-do-Panamá, outra doença importante da cultura. “A BRS Princesa começa a ocupar o seu nicho de mercado no segmento de bananas do tipo Maçã, que praticamente não se consegue produzir mais e estão fadadas à extinção por sua alta susceptibilidade ao fungo causador da murcha de fusarium,” conta o pesquisador Edson Perito Amorim, líder do programa de melhoramento genético de bananas e plátanos da Embrapa.
O pesquisador da Embrapa Eugênio Coelho explica que a banana-maçã Princesa alcança sua produtividade máxima com 80% da lâmina de água aplicada para outras cultivares, como a Grande Naine (banana d’água), do tipo Cavendish, e a Prata Anã. “Enquanto que com essas cultivares, as mais consumidas no País, você precisa de 30 a 35 litros de água por planta ao dia, na BRS Princesa você vai precisar de 24 a 25 litros para chegar ao seu máximo de produção. Ou seja, se o produtor colocar mais do que isso, vai desperdiçar água, pois não há necessidade,” declara Coelho, ressaltando que com o mesmo volume de água que o produtor utiliza em um hectare de banana-prata, ele pode usar em 1,2 hectare da BRS Princesa. “Com isso, ele ganha dois mil metros quadrados de área”, frisa o cientista.
As duas bananeiras do tipo Maçã demonstram ser possível boa produtividade com lâminas de 800 a 1.200 mm de água no ciclo. Enquanto a Prata Anã, por exemplo, requer pelo menos 1.100 mm, dependendo das condições climáticas. “Se o clima é mais seco e quente, como no Semiárido, pode requerer bem mais que 1.100 mm”, afirma Coelho. Em sua avaliação, a BRS Princesa é excelente alternativa para os produtores em áreas com escassez hídrica, já que, em geral, os rios que suprem os projetos de irrigação dessas regiões, como o São Francisco, têm tido suas vazões reduzidas a ponto de comprometer o abastecimento para os projetos de irrigação.
Resistentes às principais doenças da cultura, as BRS Princesa e BRS Tropical são ideais para o cultivo orgânico, pois dispensam o uso de fungicidas e outros defensivos. Isso no caso das sigatokas, já que em relação ao fusarium não há nem a possibilidade de controle químico, físico ou biológico. Ser resistente a essa doença, então, é uma das grandes vantagens responsáveis pelo sucesso que a banana-maçã Princesa vem alcançando com os produtores.
O único controle necessário é o voltado à praga conhecida como broca-do-rizoma ou moleque da bananeira, que pode ser biológico. Haddad anuncia que até agosto a empresa Brasnica Frutas Tropicais, parceira da Embrapa nos experimentos em Minas, deve realizar a primeira colheita em cultivo orgânico de frutos da BRS Princesa.
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