“A perda da capacidade de produzir água aumenta o estado de miséria”
Os
mananciais de água doce do Semiárido estão se extinguindo devido, entre
outras coisas, à derrubada da mata nativa e das matas ciliares
O tema da preservação dos biomas ganhou um forte apoio da Igreja Católica, cuja Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema “Fraternidade: Biomas brasileiros e a defesa da vida”, visando alertar sobre a necessidade de cuidar e proteger a natureza e comprometer autoridades públicas com a responsabilidade sobre o meio ambiente. A entrevista foi publicada pela Asa Brasil, no site www.asabrasil.org.br
Asacom – Dentre os biomas brasileiros mais ameaçados pelo desmatamento estão a Caatinga e o Cerrado, e são esses biomas que impactam diretamente no curso das águas que abastecem o Semiárido. De que modo essa devastação afeta a vida das famílias da região?
Genival Barros - Dados de 2008 do Ministério do Meio Ambiente dão conta de que na região semiárida do Brasil desmatava-se em média, por ano, 2.763 km2 de Mata de Caatinga! Este fato é preocupante e deve preocupar a todos e todas, pois a destruição contínua das matas nativas gera consequências que impactam diretamente sobre as nossas reservas de águas subterrâneas, as quais são dependentes da vegetação para captar e conseguir armazenar a água que cai das chuvas no interior do solo, água esta que vai manter “vivos” os poços tubulares e artesianos, os olhos d’água, as nascentes, os pequenos córregos e riachos que alimentam permanentemente.
Diante deste quadro progressivo e preocupante de devastação da cobertura vegetal das terras e, em época onde a mídia televisiva e de internet não se cansam de mencionar o efeito do aquecimento global provocado pela onda incontrolável de consumo de bens industrializados, dias ainda mais difíceis se anunciam com efeito devastador sobre a produção de alimentos, sejam eles de origem vegetal ou animal, o que torna ainda mais vulnerável a soberania alimentar de uma população carente e que, ao contrário do que se mostrava ao longo dos últimos anos, corre o risco de se tornar novamente refém de políticas assistencialistas para se manter viva.
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