Experiências da ASA são apresentadas em fórum internacional sobre alimentação e agricultura na Alemanha
Manifestações marcaram a programação da Semana Verde, em Berlim. | Foto: Leninha Alves
O
Fórum Global para Alimentação e Agricultura (The Global Forum For food
and Agriculture), que foi realizado entre os dias 19 e 21 de janeiro, em
Berlim, teve a presença de Marilene Alves de Souza (Leninha), da
coordenação executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais e da
coordenação de Articulação Política do CAA/NM. O Fórum é organizado na
programação da Semana Verde Internacional (IGW), na Alemanha, e é uma
conferência que se concentra em questões sobre o futuro da produção
agroalimentar global.
Leninha participou do painel de abertura do evento junto com um
representante da Coca-Cola e uma pesquisadora norte-americana sobre
água. Ela observa que há uma ideia disseminada na Europa de que o Brasil
tem uma grande quantidade de água e terra e que o grande negócio pode
se instalar já que o nosso país teria recursos naturais para o mundo
inteiro. No entanto, “a água pra gente é um bem comum; os nossos povos e
as nossas comunidades trabalham primeiro com água para o consumo humano
e depois para produção de alimentos. Já pros grandes negócios, a água,
além de ser mercadoria, tem se tornado um componente de conflitos entre
eles e as comunidades.” Ainda segundo Leninha, “é atribuído ao grande
negócio, às empresas e às indústrias como a Coca-cola, a destruição
ambiental, o fim dos recursos naturais (como a água no Brasil) e a
responsabilidade pelo total desequilíbrio do ciclo hidrológico no
planeta.” Leninha
Alves esteve na abertura do Global Forum For food and Agriculture, em
Berlim, durante a Semana Verde.
Nesse sentido, é importante que a Agricultura seja pensada para além
do agronegócio. Na oportunidade, havia ministros de Agricultura de mais
de oitenta países. “Recomendei aos ministros que nas visitas oficiais a
outros países, também procurem fazer agendas para conhecer o que a
sociedade civil vem fazendo pelo mundo nas iniciativas de agroecologia e
de convivência com regiões áridas e semiáridas”, disse Leninha.
Num outro painel, junto com a Agência Pão para o Mundo, foram
debatidos e aprofundados os temas da água e da produção agroecológica,
no qual foi apresentada a experiência da ASA para captar e estocar água
para a produção de alimentos. “Nesse espaço, mostramos os trabalhos da
Articulação. Foi importante para falar sobre o que estamos fazendo, não
só o trabalho com captação, mas também com o de sementes. E colocar isso
foi importante, pois neste momento em que a Bayer e a Monsanto estão
pensando em fusão nós temos que cada vez mais denunciar esses monopólios
de sementes associados à produção de venenos e valorizar os guardiões e
guardiãs de sementes no Brasil e no mundo. Denunciamos durante o
evento, para mais de 18 mil pessoas presentes, que nós não precisamos da
Bayer nem da Monsanto para produzir nossa agricultura. Nós estamos
trabalhando com práticas de solo, de água, de sementes e de
biodiversidade pensando na sustentabilidade do planeta.”
O evento foi uma oportunidade para falar sobre como estão sendo
conduzidas as políticas públicas para o campo no Brasil. “Os interesses
do governo brasileiro são completamente diferentes dos nossos.
Denunciamos que o plano de produção orgânica e agroecológica que fizemos
ainda não saiu do papel. Denunciamos o fim do PAA e dos programas de
ATER.”
A última agenda na Alemanha foi um Seminário sobre o Cerrado, na
Universidade de Kassel, para os estudantes dos mestrados e das
graduações, com o intuito de aumentar o diálogo em relação aos outros
biomas menos conhecidos que a Amazônia brasileira e quais os impactos
que grandes projetos como o MATOPIBA, que prevê desmatar grandes áreas
do Cerrado, podem conduzir sobre as importantes bacias hidrográficas da
região, além do aumento dos conflitos com o avanço sobre os territórios
de povos tradicionais.
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