sábado, 2 de fevereiro de 2013

O sim à Cabra & Ovelha



O ano de 2012 foi cheio de peripécias: houve eleições, houve turbulência econômica, houve tremores políticos, houve julgamento do “mensalão” e aconteceram duas secas, uma na região dos lanados e outra no Semiárido dos deslanados.
Novamente flagelos climáticos compareceram para evidenciar que tudo que havia sido projetado, discursado e aprovado, não conseguiu resolver os problemas das pequenas e médias propriedades. O motivo é um só: erro de enfoque. Atirou-se no passarinho que estava no espelho!
Resultado: enfraquecimento generalizado da atividade nas duas regiões tradicionais. Mesmo assim, 2012 foi um ano muito bom!
A raça Dorper brilhou como nunca! O Santa Inês marcou presença, mostrando crescimento novamente! A raça Saanen mostrou valentia, colocando 100 animais num recinto! O Boer chegou a 200 animais! O Texel manteve a reta ascendente. Outras raças lanadas começam a acelerar: Romney Marsh, Ile-de-France, Suffolk.
Do Nordeste, vem a grata notícia da raça Soinga: mostrando um caminho inovador para todos, colocando 250 animais à venda, todos os anos, na Expo Natal.
No setor de divulgação da caprino-ovinocultura, a revista O Berro uniu-se à GMBC para lançar novos produtos, já trabalhando no livro “A moderna criação de Cabra & Ovelha”, solicitado pelo BNB e também no livro oficial da ABCZ: “Zebu”. São os dois principais produtos editoriais brasileiros da pecuária de caprinos e ovinos e também de gado.
A Expointer manteve sua aura; a Feinco brilhou em São Paulo; a Expo Natal também obteve sucesso em plena época de seca; aconteceu o Dia-D, promovendo um leilão para 500 pessoas em pleno Cariri Paraibano fustigado pelo flagelo - justamente para deixar claro que o melhor é tirar proveito quando tudo fenece ao redor.
Enfim, o ano de 2012 mostrou que a solução está em assumir o chão (clima) como ele é!

Caprinos & ovinos - As medidas tão proclamadas de inclusão social mostraram ser frágeis, pois estão focadas no indivíduo e não na geração de renda. Uma coisa é “dar renda (esmola)”, outra coisa é promover a geração de renda. O foco correto - e sempre evitado pelos governos sucessivos - deveria ser inclusão do produtor rural como gerador de renda. Isso significa extirpar o caráter eleitoreiro, o caráter salvacionista, para começar a “pensar na Nação” e não apenas “pensar no voto”.
“Pensar na Nação” significa implantar as pequenas ferramentas produtivas que irão gerar milagrosos resultados em caráter permanente. Obviamente, iniciativas como “Bolsas” jamais deveriam ser encaradas como “redentoras”, pois nada mais são que a distribuição de uma fração do “superávit” das contas nacionais. Essa distribuição é feita em muitos países sem nenhuma conotação eleitoreira! É uma obrigação tentar melhorar a situação dos consumidores fracos para transformá-los em consumidores fortes. Melhorando o status do consumidor, melhora-se a economia em geral. Não há milagre nisso e o endeusamento de personagens políticas chega a ser enfadonha e picaresca. Ora, doar “Bolsas” é obrigação de empresa que vai bem, de país que vai bem! Deveria estar escrito na Constituição, para não se transformar em feudo eleitoral de alguns espertalhões num país de espertalhões.
Outro exemplo de solução é a Cisterna na região seca. Sem dúvida, no momento presente, é uma solução, devido à inoperância atávica dos governos regionais do Nordeste. O problema essencial é a falta de água - que pode ser resolvido por várias maneiras - e o governo escolheu a pior de todas (a transposição), e outra menos ruim, mas também censurável (as cisternas). No primeiro caso, o governo passou a dinamitar as caatingas, sem risco de ser preso pelo Ibama, pela Funai e pelos órgãos ambientais - para não levar água a torneira nenhuma! Apenas um crime de lesa pátria, contra os cidadãos nordestinos. O futuro dirá! Já a cisterna, solução provisória, pode se transformar num genocídio, via hepatite (e outras doenças), tanto quanto os pequenos açudes. A questão da água é fácil de ser resolvida, por outras vias, mas os governos perderiam o “feudo eleitoreiro”; perderiam a algema que mantém o “curral nordestino” dócil no momento das eleições. Tem que se aplaudir a cisterna, pois é da iniciativa privada, mas não é solução definitiva.
Um bom exemplo é a criação de cabra & ovelha! Essa, sim, é uma solução eficaz. Tanto serve para o extremo Sul (pampas) como para o Nordeste. Estes dois polos geradores de genética apurada abasteceriam o desenvolvimento no restante do país, produzindo carne e leite para o mercado interno e externo. Tarefa fácil de ser implementada, desde que o governo queira - de verdade - investir no sucesso das pequenas e médias propriedades.
O fato é que o setor rural continua alavancando a economia urbana, mas as televisões e os noticiários governamentais somente têm voz para tratar de automobilismo, indústria, comércio, etc. Pouco se fala em setor rural nas televisões e, quando o fazem, é para mostrar um produtor frágil, inculto, parasita das benesses urbanas. Pouco se mostra das vitórias rurais, num país que, ainda, depende dos produtos do campo. País dos paradoxos: tem o maior rebanho comercial do planeta, tem terra sobrando, tem um povo que ainda é mal nutrido e tem 83% das propriedades rurais em regime de precariedade!
Focar em cabra & ovelha seria uma boa política no rumo de gerar renda sustentável nas pequenas e médias propriedades. Basta querer!

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