Em
 comemoração aos 45 anos da Embrapa, o Senado Federal realizou nesta 
quinta-feira (24) sessão especial no plenário. A cerimônia reuniu mais 
de 100 pessoas, entre parlamentares, embaixadores, representantes de 
organismos internacionais, lideranças do agronegócio e de instituições 
de pesquisa, empregados e diretores da Empresa.
 Os parlamentares 
ressaltaram as importantes contribuições da Embrapa para o agronegócio 
brasileiro nas últimas quatro décadas e reconheceram seu alinhamento com
 os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (
ODS).
 Os senadores defenderam ainda novos mecanismos, mais eficientes, de 
gestão e financiamento da pesquisa, como as parcerias público-privadas e
 o uso de recursos de fundos patrimoniais, bem como a manutenção do 
orçamento público para o investimento em pesquisa agropecuária e 
inovação.
 Presidida conjuntamente pelos senadores Ana Amélia 
(PP/RS), Waldemir Moka (MDB/MS) e Lasier Martins (PSD/RS), a sessão teve
 a participação do presidente da Embrapa em exercício, o 
diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento, Celso Moretti, do 
secretário substituto de Relações Internacionais do Agronegócio do 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre 
Pontes, do vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do 
Brasil (CNA), Roberto Simões, do presidente da Organização das 
Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, do presidente 
da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), 
Gedeão Silveira Pereira, e do representante da Organização das Nações 
Unidas para Agricultura e Alimentação no Brasil (FAO), Alan Bojanic.
 Além
 da mesa, também estiveram no plenário a diretora-executiva de Gestão 
Institucional, Lúcia Gatto, e o diretor de Inovação e Tecnologia, Cleber
 Soares.
 Ana Amélia, lembrou que, em 2017, na Comissão de 
Agricultura e Reforma Agrária do Senado, foi responsável pela elaboração
 do relatório do Plano de Avaliação de Política Púbica de Pesquisa 
Agropecuária. “Além de concluirmos que o investimento em pesquisa e 
inovação foi um dos principais fatores responsáveis pelos ganhos de 
produtividade alcançados pela agropecuária nacional nas últimas décadas,
 apontamos várias recomendações que atendem às demandas da Embrapa, 
entre elas, a criação de mecanismos mais eficientes de financiamento”, 
disse.
 Entre eles, a senadora destacou a obtenção de recursos por
 meio de parcerias público-privadas e, futuramente, por meio dos 
chamados fundos patrimoniais (
PL 8694/2017 e 
PLC 158/2017),
 que permitirão a universidades públicas e instituições de ciência e 
tecnologia ser beneficiárias dos recursos depositados nesses fundos pela
 iniciativa privada.
 Por sua vez, Waldemir Moka ressaltou que a 
Embrapa pode fazer muito mais no futuro com o fortalecimento de sua 
forma de atuação. Ele lembrou a necessidade de aprovação do 
PL 5243/2016,
 que autoriza a Embrapa a criar uma subsidiária integral, denominada 
Embrapa Tecnologias Sociedade Anônima – EmbrapaTec. “Ao avançar nas 
formas de captação de recursos, as tecnologias também avançarão”, 
afirmou.
 Já Celso Moretti ressaltou que o Brasil tornou-se uma 
grande potência agrícola graças a três grandes pilares: a transformação 
dos solos ácidos e pobres em terras férteis, especialmente os solos do 
Cerrado, a adaptação de animais e cultivos às condições tropicais e o 
desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável. “Um consórcio
 público de pesquisa agropecuária, constituído pela Embrapa, 
universidades, organizações estaduais de pesquisa e a extensão rural que
 abriu caminhos para um setor privado ágil e pujante”.
 Como 
exemplo das contribuições da Embrapa para o aumento da produtividade do 
setor, Moretti destacou o crescimento da produção de grãos, que nas 
últimas quatro décadas subiu mais de cinco vezes, enquanto a área 
plantada aumentou em apenas 60%. A produção de trigo e milho, no mesmo 
período, apresentou um crescimento de 240%, enquanto a de arroz foi de 
315%. A produtividade no setor florestal elevou-se, em média, entre 115%
 e 160% para pinus e eucalipto, respectivamente. E a cafeicultura passou
 de 8 sacas para quase 30 sacas por hectare nos últimos 20 anos. A 
produção de carne de frango cresceu 59 vezes em quatro décadas.
 Ainda
 segundo ele, apenas uma solução tecnológica desenvolvida pela Embrapa, a
 fixação biológica de nitrogênio (FBN), paga numa única safra o 
investimento feito pela sociedade na Empresa por um período de 14 anos. 
Com a tropicalização da soja, seu cultivo estendeu-se até próximo à 
linha do Equador. Seus mais de 35 milhões de hectares, graças à FBN, não
 empregam adubo nitrogenado. Isso gera uma economia anual de mais de 13 
bilhões de dólares, o equivalente a 14 vezes o orçamento anual da 
Embrapa.
 Além da agenda em apoio às cadeias produtivas, Moretti 
destacou as ações e projetos que a Empresa desenvolve com forte impacto 
na redução da pobreza e na inclusão social, em especial no Nordeste e no
 Norte, por meio da geração de conhecimentos e tecnologias como as 
barraginhas, a fossa séptica biodigestora, o controle da aflatoxina na 
castanha-do-Brasil e outras iniciativas.
 
Mais recursos para a pesquisa
 Por
 outro lado, o presidente em exercício reiterou que, apesar dos avanços,
 o Brasil ainda investe pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação: 
apenas 1,16% do PIB, sendo 0,61% originários do setor público, enquanto o
 setor privado aporta outros 0,55%. Os valores, segundo ele, colocaram o
 Brasil na 36ª posição do ranking de países que mais investem em 
PD&I, em 2016. “Precisamos de forma urgente encontrar novas formas 
de financiar a pesquisa agropecuária brasileira, preservando o papel do 
Estado, ator primordial para induzir a inovação que gera emprego e renda
 e garante avanços em áreas sensíveis e de menor interesse comercial”, 
concluiu.
 Na mesma direção, a senadora Simone Tebet (MDB/MS) enfatizou a importância do investimento público na Empresa, referindo-se ao 
Balanço Social 2017,
 que aponta que para cada real aplicado na Embrapa em 2017, foram 
devolvidos R$ 11,06 para a sociedade. “Portanto, não é gasto, mas 
investimento. Se depender de mim, não faltará recursos para a Embrapa”, 
anunciou.
 
Parcerias e gente
 Roberto 
Simões, da CNA, ressaltou a parceria corajosa dos produtores rurais no 
desenvolvimento e uso das tecnologias, sempre acreditando no futuro, 
renovando a esperança de plantar a cada safra. “Sem eles, realmente o 
que se produziu em pesquisa não teria o resultado que há hoje”, afirmou.
 Para Márcio Freitas, da OCB, mais do que pesquisa, centros e prédios, a
 Embrapa é uma instituição de gente, de pesquisadores. “É uma empresa 
que tem coração. É por isso que ela tem o sucesso que tem. O 
cooperativismo também é uma empresa de pessoas, talvez, por isso, a 
nossa identidade e o orgulho de andarmos juntos”.
 A sessão solene
 especial em comemoração aos 45 anos da Embrapa foi realizada por 
requisição de Ana Amélia, com apoio dos senadores Ivo Cassol (PP/RO), 
Ronaldo Caiado (DEM/GO), Waldemir Moka (MDB/MS), Kátia Abreu (PDT/TO), 
Cidinho Campos (PR/MT) e Jorge Viana (PT/AC).