segunda-feira, 3 de junho de 2024

  CHÁ COM BOLACHA

Antônio Josino Tavares, ou "Caboré," como era mais chamado na cidade de Assu e região, era vaqueiro, negociante de gado, corredor de vaquejada, boêmio, glutão famoso. Tipo baixo, voz grave. Ele era primo de meu avô paterno chamado Fernando Tavares (Vemvem). Pois bem. Certa vez, Caboré viajando com destino à cidade do Natal, chegou num restaurante à beira da estrada onde costumava almoçar quando em viagem a capital potiguar, sentou-se numa das mesas daquele recinto e logo pediu ao garçom que lhe trouxesse comida para seis pessoas. Carne seca, feijão verde, bata doce, arroz, cuscuz, era o seu prato preferido. Comeu tudo sozinho, além de três pratos de coalhada com rapadura do brejo, inclusive a sobremesa (queijo de coalho com mel de engenho). Logo após o almoço, ainda sentado na cadeira, começou a dormir. Mergulhado num sono profundo, roncando muito alto, o dono do restaurante preocupou-se com aquela roncaria de Caboré e, ao se dirigir ao antigo cliente, acordou-o em voz alta dizendo: "Caboré. O senhor está passando mal! Quer que eu faça um chá pro senhor tomar?" Caboré, acordou ainda sonolento e com fastio, saiu-se com essa: “Meu amigo. Só se for com bolacha!"

Fernando Caldas 

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