segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Tecnologia de Infravermelho na Alimentação de Animais no Semiárido

 

Tecnologia de infravermelho será usada para reduzir custos com alimentação de animais no Semiárido


Maíra Vergne - Análise de amostras de fezes de animais em equipamento de NIRS

Análise de amostras de fezes de animais em equipamento de NIRS

Uma tecnologia para monitorar as deficiências de alimentação dos animais pode ajudar a reduzir os custos de alimentação de rebanhos no Semiárido brasileiro. Baseado em tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS), a Embrapa desenvolveu, ao longo de 12 anos de pesquisas, o Serviço de Assessoria Nutricional Remota para Pequenos Ruminantes (AssessoNutri) que permite indicações de rações balanceadas, a partir de uma análise das fezes dos animais e alimentos disponíveis, identificando necessidades nutricionais com precisão, de forma mais ágil e com menor custo que análises convencionais.

A partir de 2021, o Serviço estará à disposição de pequenos produtores de três regiões atendidas pelo programa AgroNordeste – Médio Canindé (PI), Cariri Paraibano e Sertão dos Inhamuns (CE) - em uma parceria da Embrapa, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e instituições de ensino, pesquisa e extensão nessas regiões, como a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), IFCE - campus Tauá, IFPI – campus Paulistana e Senar, capacitando jovens egressos dessas instituições para que possam operar o serviço.

Os técnicos e produtores contemplados pelo programa terão acesso a essas informações por meio de boletins de orientação nutricional, disponibilizados mensalmente, com recomendações de rações de menor custo a partir das necessidades dos animais. “Técnicos e produtores irão receber informações com orientação sobre o uso mais racional dos alimentos concentrados, aumentando a eficiência e reduzindo os custos”, comenta Marco Bomfim, pesquisador da área de Nutrição Animal e chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Com a tecnologia, a expectativa é dar respostas mais precisas sobre necessidades nutricionais: a alimentação é o item de maior custo na produção animal, especialmente crítica para rebanhos no Semiárido, onde as condições de clima limitam a disponibilidade de alimentos no pasto para os animais. Com isso, o uso de rações concentradas se torna comum, levando a dependência de insumos externos e aumento dos custos.

Marco Bomfim destaca que, no atual momento, a pressão sobre o custo de produção tem se tornado cada vez maior, dado o aumento da exportação e o câmbio, que tem onerado o preço do milho e do farelo de soja, principais alimentos das rações, mesmo no Semiárido. “Nos últimos 12 meses, houve um aumento de 23% no custo da alimentação, sendo que, somente neste ano, esse aumento foi de 18%, sem perspectivas de mudança nesse cenário. Portanto, mais que nunca, lançar mão de alternativas para baratear o custo de alimentação é fundamental”, frisa o pesquisador.

Vantagens da tecnologia

Ao usar tecnologia de infravermelho, o AssessoNutri garante análises mais rápidas e de menor custo que as realizadas com outras metodologias. A análise do Serviço leva certa de 48 horas para ser concluída, com custo de R$ 5,00, enquanto uma análise convencional leva pelo menos 10 dias, com custo de pelo menos R$ 100,00. 

O infravermelho também permite que se conheça, com maior precisão, a composição de dietas dos animais e a qualidade nutricional de pastagens e outras fontes alimentares, suprindo uma carência de informação no campo. “A maior parte das recomendações dos especialistas para reduzir o custo da alimentação envolve o conhecimento da qualidade do alimento e da necessidade dos animais para orientar seu uso correto, o que não tem sido feito, tanto pela falta de laboratórios, quanto pelo custo e tempo exigido para análise. Ou seja, na prática essas recomendações não têm sido efetivadas”, afirma Marco Bomfim

Outra vantagem é que a tecnologia tem características ambientalmente corretas, pois a análise das amostras não utiliza produtos químicos. Outras análises comuns em Nutrição Animal, como a de proteínas, geram resíduos poluentes e exigem descarte apropriado, o que não é o caso do NIRS.

Projeto AgroNordeste AgroIndústria

O projeto AgroNordeste é uma ação integrada da Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com financiamento do Ministério, do Projeto Dom Hélder Câmara e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Nos próximos dois anos, o projeto atuará em polos produtivos do Semiárido brasileiro, com meta de fazer a promoção da inovação por meio da disseminação de conhecimentos, capacitando, de forma direta, 550 técnicos e produtores multiplicadores, além da montagem de 20 unidades de referência tecnológica.

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