quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Tecnologias da Embrapa são destaque entre produtores do Vale do São Francisco

RITSCHEL, Patrícia - Uva de mesa BRS ISIS
Uva de mesa BRS ISIS
O trabalho de pesquisa da Embrapa vem contribuindo para o desenvolvimento da fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, com disponibilização de tecnologias e novas cultivares adaptadas ao semiárido. Este cenário tem sido destacado pelo setor produtivo local, que vivencia a consolidação do Vale em um terreno fértil para a produção de frutas no Brasil.
A região é hoje responsável por 98% das exportações nacionais de uvas de mesa, produzindo 250 mil toneladas por ano. Desse número, 35 mil toneladas vão só para os mercados europeus, segundo dados da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valeexport).
O lançamento das variedades de uva BRS Vitória, BRS Isis e BRS Núbia é um exemplo dos avanços tecnológicos que a Embrapa vem trazendo para a região. Das três, a BRS Vitória é a preferida. Disponibilizada em 2012, a cultivar de mesa sem sementes é bem adaptada ao plantio em áreas tropicais. Seu sabor diferenciado abriu portas para a exportação, sendo bastante requisitada no mercado internacional.  A ‘BRS Núbia’, uva de mesa preta com sementes, e a ‘BRS Isis’, uva vermelha sem sementes, também vem crescendo em área plantada.
Para o produtor Edson Nakahara, da empresa Frutecer (Petrolina, PE), a utilização da Isis e da Vitória trouxe um salto econômico para o Vale do São Francisco. “Imagine pequenos produtores que não podiam pagar royalties de outras cultivares e a Embrapa dá essa tecnologia de graça, com materiais que são um sucesso tanto no mercado doméstico quanto no internacional”, diz.
Outro apaixonado pelas variedades da Embrapa é o produtor Suemi Koshiyama, dono da Special Fruit (Juazeiro, BA). “São uvas muito boas, com excelente aceitação no Brasil e lá fora. A BRS Vitória, por exemplo, é bastante procurada. Já estamos, inclusive, fechando com uma grande rede de supermercados para fornecer a variedade”, revela. Seu Suemi também produz manga para exportação e aplica um método desenvolvido pela Embrapa para o controle de doenças pós-colheita: o tratamento hidrotérmico da manga.
Além das uvas de mesa, as cultivares para suco ‘BRS Magna’ e ‘Isabel Precoce’ também vem se destacando, é o que diz o empresário Gilberto Secchi, da Fazenda Grand Valle (Casa Nova, PE). “Produzo suco com a variedade Isabel, que é um espetáculo. Faço duas safras ao ano, 35 toneladas por hectare em cada safra. Estou muito satisfeito”, conta.
Diversificação
Além dos carros-chefes da uva e da manga, a Embrapa vem apostando em outras culturas de clima temperado, como a pera e o caqui, para trazer diversificação à fruticultura irrigada no Semiárido. Com experimentos já em campo e parceria junto aos produtores locais, os materiais analisados têm apresentado boa produtividade, qualidade dos frutos e possibilidade de colheita em diversas épocas do ano.
Outra fruta promissora para a região é a goiaba, para qual a Embrapa lançou recentemente a primeira tecnologia eficiente no controle do nematoide-das-galhas, um dos principais problemas da cultura.
A tecnologia é a cultivar BRS Guaraçá, uma planta híbrida, utilizada como porta-enxerto, que mistura características de goiabeira e de araçazeiro. A cultivar tem demonstrado resistência ao patógeno e alta compatibilidade com as mais importantes variedades comerciais, além de custos acessíveis para a obtenção de mudas.
Impacto positivo
Toda essa agenda positiva foi conferida de perto pelo secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Camargo, que visitou as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), nos dias 3 e 4 de outubro.  
Destacando a importância da Embrapa, ele lembrou que no passado o Brasil era dependente da produção externa de alimentos e hoje é exemplo de produtividade no agro. “A visita foi uma agradável surpresa. Conhecemos desde pequenos produtores familiares até grandes empresários consolidados internacionalmente. O Vale do São Francisco já é um destaque, e vamos trabalhar para que esse sucesso seja ainda maior”.
O presidente interino da Embrapa, Celso Moretti, que acompanhou a comitiva, se disse entusiasmado em ver o trabalho consolidado da Embrapa na região, entregando para a sociedade tecnologias de valor e materiais desenvolvidos em seus programas de melhoramento.
“É impressionante o que vem acontecendo no Vale do São Francisco. Conhecer esses produtores que estão alcançando mercados externos competitivos e resultados surpreendentes com nossas variedades de uva, além de ouvir as vantagens desses materiais é muito gratificante. Mostra que estamos no caminho certo, atentos aos anseios do agro nacional e à disposição para a construção de parcerias com o setor produtivo”, completou.

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