Tecnologias da Embrapa são destaque entre produtores do Vale do São Francisco
O
trabalho de pesquisa da Embrapa vem contribuindo para o desenvolvimento
da fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, com disponibilização
de tecnologias e novas cultivares adaptadas ao semiárido. Este cenário
tem sido destacado pelo setor produtivo local, que vivencia a
consolidação do Vale em um terreno fértil para a produção de frutas no
Brasil.
A
região é hoje responsável por 98% das exportações nacionais de uvas de
mesa, produzindo 250 mil toneladas por ano. Desse número, 35 mil
toneladas vão só para os mercados europeus, segundo dados da Associação
dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do
São Francisco (Valeexport).
O
lançamento das variedades de uva BRS Vitória, BRS Isis e BRS Núbia é um
exemplo dos avanços tecnológicos que a Embrapa vem trazendo para a
região. Das três, a BRS Vitória é a preferida. Disponibilizada em 2012, a
cultivar de mesa sem sementes é bem adaptada ao plantio em áreas
tropicais. Seu sabor diferenciado abriu portas para a exportação, sendo
bastante requisitada no mercado internacional. A ‘BRS Núbia’, uva de
mesa preta com sementes, e a ‘BRS Isis’, uva vermelha sem sementes,
também vem crescendo em área plantada.
Para
o produtor Edson Nakahara, da empresa Frutecer (Petrolina, PE), a
utilização da Isis e da Vitória trouxe um salto econômico para o Vale do
São Francisco. “Imagine pequenos produtores que não podiam pagar
royalties de outras cultivares e a Embrapa dá essa tecnologia de graça,
com materiais que são um sucesso tanto no mercado doméstico quanto no
internacional”, diz.
Outro
apaixonado pelas variedades da Embrapa é o produtor Suemi Koshiyama,
dono da Special Fruit (Juazeiro, BA). “São uvas muito boas, com
excelente aceitação no Brasil e lá fora. A BRS Vitória, por exemplo, é
bastante procurada. Já estamos, inclusive, fechando com uma grande rede
de supermercados para fornecer a variedade”, revela. Seu Suemi também
produz manga para exportação e aplica um método desenvolvido pela
Embrapa para o controle de doenças pós-colheita: o tratamento
hidrotérmico da manga.
Além
das uvas de mesa, as cultivares para suco ‘BRS Magna’ e ‘Isabel
Precoce’ também vem se destacando, é o que diz o empresário Gilberto
Secchi, da Fazenda Grand Valle (Casa Nova, PE). “Produzo suco com a
variedade Isabel, que é um espetáculo. Faço duas safras ao ano, 35
toneladas por hectare em cada safra. Estou muito satisfeito”, conta.
Diversificação
Além
dos carros-chefes da uva e da manga, a Embrapa vem apostando em outras
culturas de clima temperado, como a pera e o caqui, para trazer
diversificação à fruticultura irrigada no Semiárido. Com experimentos já
em campo e parceria junto aos produtores locais, os materiais
analisados têm apresentado boa produtividade, qualidade dos frutos e
possibilidade de colheita em diversas épocas do ano.
Outra
fruta promissora para a região é a goiaba, para qual a Embrapa lançou
recentemente a primeira tecnologia eficiente no controle do
nematoide-das-galhas, um dos principais problemas da cultura.
A
tecnologia é a cultivar BRS Guaraçá, uma planta híbrida, utilizada como
porta-enxerto, que mistura características de goiabeira e de
araçazeiro. A cultivar tem demonstrado resistência ao patógeno e alta
compatibilidade com as mais importantes variedades comerciais, além de
custos acessíveis para a obtenção de mudas.
Impacto positivo
Toda
essa agenda positiva foi conferida de perto pelo secretário de
Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Camargo, que
visitou as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), nos dias 3 e 4 de
outubro.
Destacando
a importância da Embrapa, ele lembrou que no passado o Brasil era
dependente da produção externa de alimentos e hoje é exemplo de
produtividade no agro. “A visita foi uma agradável surpresa. Conhecemos
desde pequenos produtores familiares até grandes empresários
consolidados internacionalmente. O Vale do São Francisco já é um
destaque, e vamos trabalhar para que esse sucesso seja ainda maior”.
O
presidente interino da Embrapa, Celso Moretti, que acompanhou a
comitiva, se disse entusiasmado em ver o trabalho consolidado da Embrapa
na região, entregando para a sociedade tecnologias de valor e materiais
desenvolvidos em seus programas de melhoramento.
“É
impressionante o que vem acontecendo no Vale do São Francisco. Conhecer
esses produtores que estão alcançando mercados externos competitivos e
resultados surpreendentes com nossas variedades de uva, além de ouvir as
vantagens desses materiais é muito gratificante. Mostra que estamos no
caminho certo, atentos aos anseios do agro nacional e à disposição para a
construção de parcerias com o setor produtivo”, completou.
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