Governo assina MP com medidas econômicas para ajudar produtores rurais
Medida Provisória
Presidente Jair Bolsonaro assinou o documento durante lançamento do Plano AgroNordeste
Uma
medida provisória assinada nesta terça-feira (1º) pelo presidente Jair
Bolsonaro traz novidades de interesse para o agronegócio. De acordo com o
subsecretário de Política Agrícola do Ministério da Economia, Rogério
Boueri, a MP vai possibilitar a alocação de R$ 5 bilhões a mais de
crédito rural para o setor. A MP complementa medidas previstas no Plano
Safra 2019/2020, anunciado em junho.
A chamada de MP do Agro tem ações
divididas em três grupos: o primeiro tem medidas voltadas para criação
de condições visando a redução das taxas de juros por meio da ampliação e
melhoria das garantias oferecidas em operações de créditos rural.
O segundo grupo expande o financiamento do agronegócio com recursos
livres por meio do mercado de capitais. Neste grupo estão medidas que
modernizam a CPR, os títulos do agronegócio e outros títulos bancários.
O terceiro grupo busca melhorar a competição no crédito rural . Estão
nesse grupo a equalização de taxas juros para todos os agentes
financeiros que operam crédito rural e a possibilidade de subvenção
econômica para construção de armazéns pelos cerealistas
Entre as ações estão a criação do
Fundo de Aval Fraterno (FAF), que dará aos produtores garantia
solidária para renegociação de dívidas rurais. A MP também trata do
patrimônio de afetação de propriedades rurais, da Cédula Imobiliária
Rural (CIR), de títulos de crédito do agronegócio e de subvenção
econômica para empresas cerealistas em operações de financiamento do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além da
equalização de taxas de juros para instituições financeiras privadas.
Segundo Boueri, o FAF, a constituição
do regime de afetação do imóvel rural e a instituição da CIR visam
"criar condições para reduzir taxa de juros por meio da ampliação das
garantias oferecidas em operações de crédito rural".
O Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura,
Eduardo Sampaio, considerou a medida provisória um passo muito
importante para incrementar o crédito privado para o agronegócio
brasileiro. “A possibilidade de emissão do título em moeda estrangeira,
associada a melhorias nas garantias e na transparência da CPR, devem
carrear mais recursos externos para financiar as atividades dos
agricultores e pecuaristas. Esperamos aumentar a oferta de financiamento
privado a custos compatíveis para a atividade rural”, disse.Segundo Sampaio, o crédito rural oficial "está ficando muito pequeno para a agricultura brasileira". "Precisamos do mercado de crédito privado para atender às necessidades do setor”, completou.
Fundo de Aval Fraterno
O principal objetivo do Fundo de Aval
Fraterno é ampliar o acesso ao crédito rural. Com a criação do FAF, os
produtores rurais terão acesso a garantias adicionais para quitar
dívidas do crédito agrícola e reestruturar seus negócios. Para
operacionalização do FAF, os produtores devem formar associações. O aval
coletivo será dado pelos produtores associados, por integrantes da
cadeia produtiva, como fornecedores de insumos e beneficiadores de
produtos agropecuários, e pelas instituições financeiras.
Patrimônio de Afetação
A medida provisória permite que o
produtor rural desmembre sua propriedade para dar como garantia em
operações de crédito. Atualmente, o produtor precisa oferecer todo o
imóvel como garantia, que, por vezes, vale mais que o valor do
financiamento. O chamado patrimônio de afetação dará maior segurança ao
sistema financeiro na concessão de crédito aos produtores rurais,
ampliando o acesso aos recursos financeiros e permitindo melhor
negociação do financiamento. São preservados os direitos de terceiros, a
pequena propriedade rural, as áreas inferiores ao módulo rural e os
bens de família.
Cédula Imobiliária Rural
Como desdobramento do patrimônio de
afetação, é criada a Cédula Imobiliária Rural (CIR), que será emitida
por proprietários de imóveis rurais e que poderá ser negociada no
mercado de títulos e valores mobiliários. A CIR será registrada em
entidade autorizada pelo Banco Central.
Cerealistas
A medida permite que empresas
cerealistas tenham acesso a financiamentos para construção ou expansão
de silos e armazéns por meio do Programa para Construção e Ampliação de
Armazéns (PCA). Os recursos podem ser usados para financiar obras e
comprar máquinas e equipamentos para construção. As operações serão
feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
até 30 de junho de 2020, com taxas de juros subvencionadas pelo Tesouro
Nacional. Até junho do ano que vem, serão disponibilizados R$ 200
milhões para financiamentos.
Equalização de taxas de juros
A MP abre a possibilidade de
equalização de taxas de juros por todas as instituições financeiras que
operam com crédito rural. Antes, era autorizada a bancos públicos
federais, bancos cooperativos e confederações de cooperativas de
crédito. A ideia é estimular a competitividade entre os agentes
financeiros, redução de custos e taxas mais acessíveis para o produtor
rural e melhor alocação dos recursos públicos.
CPR e títulos do agronegócio em moeda estrangeira
Por meio da medida provisória, a Cédula
do Produto Rural (CPR) e os títulos do agronegócio poderão ser emitidos
com cláusula prevendo que eles sejam referenciados em moeda
estrangeira, como o dólar. O objetivo da mudança é aprimorar o mercado
de crédito para melhor atender o produtor rural, dando mais
flexibilidade de contratação, transparência e segurança jurídica.
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