

Com
 uma trajetória com grandes lutas e conquistas, a Confederação Nacional 
dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG)
 completa 55 anos de fundação no dia 22 de dezembro. A CONTAG representa
 cerca de 15 milhões de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras
 familiares distribuídos em mais de 4,3 mil estabelecimentos rurais por 
todo o País e tornou-se, ao longo desse período, uma das maiores 
organizações sindicais do planeta.
O seu Sistema Confederativo 
conta com 27 Federações Estaduais e mais de 4000 Sindicatos de 
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, bem como uma Escola Nacional de 
Formação (ENFOC), o Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR) e o Centro 
de Informação e Documentação (CID). É filiada à Confederação de 
Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam) e à
 União Internacional de Trabalhadores da Alimentação (Uita) e mantém uma
 relação próxima com duas centrais sindicais - CUT e CTB.
A 
CONTAG integra espaços importantes e estratégicos no Brasil e no 
exterior. Possui assento nos principais conselhos nacionais, a exemplo 
dos Conselhos Nacionais de Previdência Social, de Saúde, Meio Ambiente, 
de Desenvolvimento Rural Sustentável, dos Conselhos Deliberativos dos 
Fundos Constitucionais Regionais do Norte (FNO) e do Nordeste (FNE), do 
Conselho Deliberativo do Fórum Nacional pela Democratização da 
Comunicação (FNDC) e do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de 
Itararé.
No âmbito internacional participa da Reunião 
Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf Mercosul), da
 Aliança pela Soberania Alimentar dos Povos da América Latina e Caribe e
 compõe a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Foro 
Rural Mundial, o Comitê Mundial de Segurança Alimentar das Nações Unidas
 (CSA), entre outros espaços.
A CONTAG é a realização de um sonho
 do trabalhador e da trabalhadora rural pela sua organização. Desde as 
lutas libertárias de indígenas, negros e imigrantes, seja fugindo das 
secas, no combate à escravidão e na tentativa de construir uma nova vida
 que se formou a agricultura familiar brasileira e a classe 
trabalhadora. As contribuições das Associações de Lavradores, das Ligas 
Camponesas, da Igreja Católica (MEB, SAR e SORPE, Frentes Agrárias, 
Círculos Operários, AP, CEBs), do PCB e, principalmente, da ULTAB que 
criaram o caminho para a sua construção.
Como não se lembrar de 
figuras que marcaram nossa história, a exemplo de Wilson Pinheiro/AC, 
Chico Mendes/AC, Margarida Maria Alves/PB, Ezídio Pinheiro/RS, José 
Pureza/RJ, Bráulio Rodrigues/RJ, José Porfírio/GO, Zizinho/MA, Manoel da
 Conceição/MA e João Sem-Terra (RS); o debate da participação das 
mulheres trazido por Gedalva de Carvalho/SE, Margarida Maria Alves da 
Silva (Hilda)/PE, Tereza Silva/MG, Maria Helena Baumgarten/RS, Maria 
Pureza/RJ, entre outras companheiras. Além de João Canuto e de outros 
familiares de Rio Maria/PA que foram assassinados devido a luta pela 
terra. Como não reconhecer Lindolpho Silva, José Rotta, José Francisco, 
Aloísio Carneiro, Francisco Urbano e Manoel Santos, bem como a 
diversidade e riqueza social, política, econômica e cultural das nossas 
Regionais da CONTAG, que são espaços orgânicos de articulação da CONTAG e
 de suas Federações filiadas.
No ano seguinte a sua fundação, a 
CONTAG precisou enfrentar o golpe e fortalecer a luta em defesa da 
democracia, da anistia, das Diretas Já e participou ativamente da 
Constituinte, garantindo avanços significativos para a categoria 
trabalhadora rural.
Ao longo desses 55 anos, a CONTAG contribuiu 
para a ampliação e fortalecimento da organização e representação 
sindical no meio rural a partir de reivindicações, mobilizações, 
proposições e negociação de políticas agrícolas diferenciadas, direitos 
trabalhistas, reforma agrária e políticas sociais que resgatem a área 
rural enquanto espaço de vida, de luta, de trabalho e de construção de 
conhecimentos capazes de promover as transformações necessárias para um 
desenvolvimento sustentável em nosso País. Fruto desse debate e dessa 
necessidade que foi elaborado e está sendo implementado o Projeto 
Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS).
A
 CONTAG também sempre apoiou pautas importantes para a classe 
trabalhadora em geral. Em 1981 participou da 1ª Conferência Nacional da 
Classe Trabalhadora (1ª Conclat) e defendeu a criação de uma central 
sindical no País.
As principais formas de mobilização da CONTAG 
são as ações do Grito da Terra Brasil, da Marcha das Margaridas e do 
Festival da Juventude Rural. No entanto, a entidade também mantém 
articulação no Congresso Nacional para a aprovação de leis de interesse 
das populações do campo, da floresta e das águas e de orçamento 
suficiente para implementar as políticas diferenciadas para a 
agricultura familiar, responsável pela produção de mais de 70% dos 
alimentos que chegam diariamente à mesa dos brasileiros(as).
Portanto,
 ao completar 55 anos de lutas e conquistas, a Diretoria da CONTAG 
reafirma o seu compromisso com os trabalhadores rurais agricultores e 
agricultoras familiares de todo o País, sendo representante e 
interlocutora da categoria nos diversos espaços em busca de mais 
avanços, de mais conquistas para a promoção do desenvolvimento rural 
sustentável e solidário e por uma vida melhor para as populações do 
campo, da floresta e das águas. Nossa história está marcada na luta pela
 democracia, justiça social, liberdade e por um espaço rural com gente 
feliz.
Segundo dados do Banco Mundial e do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2018), a agricultura familiar 
brasileira, sozinha, representa o 8º maior produtor de alimentos do 
planeta, com faturamento anual de US$ 55,2 bilhões. Além disso, é também
 a principal responsável pela preservação da cultura rural, considerando
 suas diferentes formas de produzir e viver. A agricultura familiar 
produz cerca de 80% dos alimentos consumidos e preserva 75% dos recursos
 agrícolas do planeta segundo dados do Relatório da ONU (O Estado da 
Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo, 2018). Além de representar a
 base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil 
habitantes (IBGE, Censo Agropecuário 2006) e, pelas conquistas da 
Previdência Social Rural, é a principal fonte de circulação de recursos 
financeiros na grande maioria dos municípios brasileiros, pois em 71,8% o
 valor supera aquele do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) (MPS,
 ANFIP, 2016).
Portanto, é preciso reconhecer sua função social, 
econômica, ambiental e política. Investir na agricultura familiar é 
garantir mais qualidade de vida e desenvolvimento no campo e na cidade 
e, para tanto, é imprescindível ampliar, reestruturar e desburocratizar 
as políticas públicas para esse segmento. Qualquer projeto de 
desenvolvimento sustentável para o Brasil precisa considerar o 
fortalecimento, a valorização e o reconhecimento da agricultura familiar
 como um de seus pilares estratégicos, dada a sua importância social e 
econômica.
Vida longa à CONTAG! Viva os trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares!
FONTE: Direção da CONTAG