sexta-feira, 26 de janeiro de 2018


CORRIDA

Brasil quer criar mandioca com amido ceroso

Variedade pode aumentar rentabilidade
     
O Brasil entrou na disputa sobre quem vai desenvolver primeiro a mandioca com o amido ceroso, ou waxy, que é usada como insumo na composição de pratos congelados. Um avanço importante foi alcançado pelo Centro Internacional para Agricultura Tropical, com sede na Colômbia, que identificou o gene da mandioca responsável pelo amigo. A Embrapa foi a única instituição do Brasil a receber o material e agora tentar incorporar o waxy a uma variedade nacional, adaptando às condições locais. De acordo com a estatal, a intenção é produzir uma variedade com os mesmos custos da convencional e ajudar a aumentar a renda dos produtores.

A novidade reduz a quantidade de processos para a produção da mandioca com amido ceroso. “Amido diferenciado não significa que é que melhor que outros. São produtores diferentes que tem aplicações distintas. Um é mais viçoso, o outro congela melhor, por exemplo. Aquele que se usa na indústria de papel não é usado na indústria de iogurte”, conta Francisco Laranjeira, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

“O amido é composto basicamente por amilose e amilopectina [moléculas de glicose]. Na maioria das variedades, o teor de amilose varia de 17% a 25%, mas a indústria possui grande interesse por materiais diferenciados, sobretudo nos extremos dessa relação,” explica o engenheiro-agrônomo Eder Jorge Oliveira, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, ressaltando que a waxy apresenta pouca amilose. “Teores mínimos de amilose interessam à indústria alimentícia em função da menor retrogradação do amido, que é a perda de água após o resfriamento do produto pronto.”, esclarece Oliveira que compartilha o trabalho com os pesquisadores Rudiney Ringenberg, Marcelo Romano e Saulo Oliveira.

“Nos nossos trabalhos, não estamos restringindo as populações de melhoramento aos materiais que vieram do Ciat. Testamos outras frentes porque precisamos gerar novos recombinantes, além de encontrar novas variantes deste tipo. A procura pelo gene waxy sempre foi feita na Unidade e a ideia é que o programa seja sempre continuado, considerando os avanços positivos na descoberta de mutações pontuais associadas ao waxy”, afirma Eder.

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